Publicações e Lançamentos
Ao longo do ano, a SP Escola de Teatro viu nascer uma série de publicações, sejam elas livros ou revistas, e sites.
Para começar a falar sobre isso, é necessário falar sobre uma pessoa em especial: Alberto Guzik.
Ele foi ator, dramaturgo, crítico teatral e jornalista. Alguém que viveu o teatro. Um câncer, no entanto, o impediu de seguir em sua mais nova missão: a de atuar como diretor pedagógico da SP Escola de Teatro. No dia 26 de junho de 2010, o mundo o perdeu, mas sua memória se tornou parte constituinte do caminho da Escola.
De 29 de julho de 2007 a 15 de fevereiro de 2010, Guzik manteve um blog chamado “Os dias e as horas”. Naquele espaço, ele registrou não só sua vida, mas os meios pelos quais circulava e as manifestações artísticas a que tinha acesso.
Em março de 2013, a Escola decidiu investir em uma iniciativa inédita: republicar seu blog, que ganhou curadoria e comentários do diretor, dramaturgo, ensaísta e tradutor Aimar Labaki, e o endereço: www.albertoguzik.org.br. “Mais que um crítico, Alberto sempre foi um pensador da arte. A crítica era apenas uma parte da interlocução permanente que ele mantinha com livros, discos, peças, exposições. Com o fim de sua trajetória como crítico em jornal, o blog passou a ser um escoadouro para sua reflexão por escrito. Sua relação com as obras de arte já havia sido a base de todo um conjunto de contos, publicados com o título ‘O que é ser rio e correr’”, escreveu Labaki, em seu texto de apresentação do blog.
O site foi ao ar no dia 25 de março, e continua a todo vapor, com atualizações diárias. A ideia é que os posts – que são publicados um a um, e não de uma só vez – mantenham seu frescor. Hiperlinks, biografias e notas servem como material de apoio para a compreensão dos textos.
“Essa foi a maneira de a Escola reverenciar um de seus mentores e, durante alguns meses, dar-nos a impressão, ainda que mera ilusão, infelizmente, de termos entre nós a presença pública do querido Alberto. Um jeito diferente de matar a sua saudade”, afirma Ivam Cabral, um dos melhores amigos de Guzik.
Além dessa, Guzik recebeu várias outras homenagens da Instituição. Uma leva até o seu nome: a A[L]BERTO, revista da SP Escola de Teatro, editada pela pesquisadora e escritora Silvana Garcia. Neste ano, três novas edições da publicação ganharam vida.
A primeira delas, de número 4, foi lançada em maio. O mote desta edição foi a sonoplastia. Já em julho, durante o pultimo Território Cultural do primeiro semestre, foi lançada a A[L]BERTO – Especial Dramaturgia #1, com quatro textos teatrais inéditos, todos assinados por aprendizes ou ex-aprendizes de Dramaturgia e selecionados por Marici Salomão, coordenadora do curso. E, finalmente, lançada em novembro, a A[L]BERTO #5, que volta sua atenção para a cenografia.
Essas novidades todas foram ações criadas e executadas pela própria Escola. No entanto, durante 2013, vários outros lançamentos aconteceram.
“O teatro de Victor Garcia – a vida sempre em jogo”, de Jefferson Del Rios, aclamado jornalista e crítico teatral, foi um deles. O de seu colega de profissão, Marcio Aquiles, também: “O esteticismo niilista do número imaginário e outras peças”. O lançamento do livro “A arte mágica”, de Amleto Sartori e Donato Sartori, dois dos mais importantes mascareiros do mundo, também aconteceu na Sede Roosevelt.
E não foi só. O psicanalista Sergio Zlotnic também contou com o apoio da Escola para lançar “Baleiazzzul”. Adriana Vaz Ramos, artista residente de Cenografia e Figurino, lançou o seu “O design de aparência de atores e a comunicação em cena”, o jornalista João Luiz Vieira lançou “Sexo”, e o diretor executivo, Ivam Cabral, seu “Terras de Cabral – crônicas de lá e cá”.
SP em números
Cursos Regulares
7 coordenadores;
8 formadores;
16 artistas residentes;
116 aprendizes que completaram o ciclo de quatro módulos;
156 artistas convidados;
5.268 horas/aulas com artistas convidados;
20 Territórios Culturais (encontros realizados aos sábados e abertos à comunidade);
50 atividades externas;
64 palestras;
15.488 horas/aula para os Cursos Regulares;
386 aprendizes no primeiro semestre e 385 no segundo;
4.005 candidatos inscritos no Processo Seletivo concorreram às 155 vagas disponíveis para 2013;
Extensão Cultural
12 Mesas de Discussão (debates abertos à comunidade);
34 convidados para as Mesas;
910 pessoas formaram o público das Mesas;
44 Bate-Papos Online para aproximadamente 2.000 participantes ativos;
50 orientadores;
990 vagas foram oferecidas nos 30 Cursos de Extensão Cultural;
4.355 candidatos inscritos;
1.920 horas/aula
Programa Kairós
2 Editais da Bolsa-Oportunidade foram publicados;
Até outubro de 2013, foram pagas 1.191 parcelas da Bolsa-Oportunidade no valor de R$ 622,00 cada uma; Total em reais = R$ 740.802,00
120 Oportunidades de trabalho/emprego divulgadas;
52 oportunidades de trabalho/emprego divulgadas;
28 estágios profissionais oficializados;
7 formalizações de convênios e parceiras com empresas ligadas às artes do espetáculo;
1654 ingressos foram doados aos aprendizes e colaboradores da SP Escola de Teatro para apresentações de companhias de teatro brasileiras e internacionais;
6 Transgêneros trabalham na Escola, graças a um programa de inserção social desenvolvido pela Instituição;
Intercâmbios
17 pessoas, entre aprendizes e colaboradores da SP Escola de Teatro, participaram dos intercâmbios oferecidos pelo Programa Kairós;
2 estudantes vieram de La Facultad de Arte Teatral del Instituto Superior de Arte de La Habana, de fevereiro a dezembro, para os Cursos Regulares de Dramaturgia e Direção;
1 artista portuguesa veio para o Curso Regular de Atuação, entre fevereiro e dezembro;
Recebemos no mês de março, por duas semanas, 5 profissionais da Escola de Teatro e Cinema de Estocolmo. Os profissionais desta instituição, ministraram aulas a aprendizes e formadores de nossa Escola, participando do “Palco SP – Encontro Internacional Sobre o Ensino de Cenografia”, bem como estabelecendo trocas pedagógicas com nosso quadro de formadores;
Ainda no mês de março, foram à Suécia 4 representantes da SP Escola de Teatro aprofundar os vínculos com a instituição receptora em diversas atividades; Enviamos no mês de setembro, 1 representante para discorrer sobre o sistema pedagógico da Escola no I Encontro Internacional de Programadores de Artes Cênicas, no âmbito do Festival Midelact, realizado na cidade de Mindelo, Cabo-Verde, África;
Enviamos, de outubro a dezembro, 2 aprendizes do Curso Regular de Iluminação para a Escuela Nacional de Teatro Santa Cruz de La Sierra;
Ida de 2 representantes da Escola, no final de outubro, para Londres e Glasgow, a convite da British Council (Organização Internacional do Reino Unido para oportunidades educacionais e relações culturais), para evento sobre arte e acessibilidade, intitulado “Pontos de Contato: Arte e Deficiência”, organizado pela People’s Palace Projects.
Comunicação
1.100 horas de imagens captadas;
210.000 fotos;
11.100 e-mails no mailing cadastrado pelo site;
9.942 seguidores no Twitter;
28.890 seguidores no Facebook;
1.591 seguidores no Instagram;
140.525 exibições do canal do Youtube;
69.317 acessos ao site/mês;
831.806 visitas ao site/ano;
513.653 visitantes únicos/ano;
6.215.480 visualizações de página do site/ano;
Teatropédia
7.000 verbetes;
5.747.827 páginas vistas;
29.861 edições;
826 usuários registrados;
SP TransVisão
Diversidade: eis uma das palavras que mais combinam com a SP Escola de Teatro, seja ela sexual, racial, religiosa ou de qualquer tipo. Vale lembrar, por exemplo, que as vagas de trabalho na recepção da Escola são reservadas, exclusivamente, a transexuais.
Por isso, em uma iniciativa inédita, a Instituição sediou, em janeiro de 2013, a SP TransVisão – Semana da Visibilidade Trans. O evento foi promovido pela própria Escola, em parceria com a Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção de São Paulo (OAB-SP); a Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania; a Assessoria de Gêneros e Etnias, da Secretaria da Cultura; a Associação Brasileira de Transgêneros (Abrat); a Associação Brasileira de Homens Trans (ABHT); a Companhia de Teatro Os Satyros; a Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), e o Governo de São Paulo.
“Nosso objetivo, com a realização da SP TransVisão, era abrir mais um espaço para o debate sobre a tolerância e a diversidade, afinal, são assuntos que geram fascínio, opiniões diversas e, claro, muita polêmica. Com o evento, pretendíamos abrir mais os olhos e o coração da população de São Paulo sobre a cultura e o universo trans”, diz Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição.
A programação do evento englobou mesas de discussão, documentário, exposição, peça de teatro e performances.
Durante o SP TransVisão, o cartunista Laerte, que desde 2009 adotou o “cross-dressing”, vestindo-se com roupas e acessórios femininos, inaugurou no saguão da Sede Roosevelt uma exposição de quadrinhos da Muriel, o nome de sua personagem trans. A mostra, chamada “Muriel visível”, permaneceu por alguns dias aberta para a visitação do público.
Teatro do Vestido
Em março, a trupe portuguesa Teatro do Vestido cruzou o Atlântico com seu projeto “Monstro” e aportou em solo brasileiro. O local escolhido foi a SP Escola de Teatro, onde o grupo concretizou uma residência artística.]
O projeto consistia numa trilogia teatral, composta por “Calamidade”, “Hecatombe” e “Apocalipse”, que contou com aprendizes da Escola nas áreas técnicas e no elenco. As duas primeiras partes dele já chegaram prontas, e a terceira e última foi concluída no Brasil, com o apoio da Instituição.
Assim, os atores Joana Craveiro, Tânia Guerreiro e Gonçalo Alegria, além da produtora Joana Vilela, ficaram por algumas semanas pela Escola, em cartaz com as três montagens.
“‘Monstro’ pretende responder às seguintes questões: ‘Onde estamos agora?’, ‘Como chegamos até aqui?’ e ‘Para onde depois disto?’. Trata-se de um trabalho que questiona diretamente a realidade, o estado das coisas, a situação política, econômica e social que atravessamos em Portugal e na Europa, e procura ligações disso com o mundo, especialmente com o Brasil”, explicaram.
Além disso, “Hecatombe” e “Apocalipse” foram escritas em colaboração com o dramaturgo, diretor e escritor brasileiro Maurício Paroni de Castro, coordenador da Biblioteca.
Fundada em 2001, a companhia é constituída por uma equipe multidisciplinar, que aposta numa forte relação com os espaços de apresentação, valorizando-os, bem como numa relação de partilha com o público, o que a tem feito trabalhar em contextos diferenciados: rural, internacional e urbano.
Seu principal foco é a criação de trabalhos teatrais e de instalação, que explorem novos processos criativos e, principalmente, criem uma dramaturgia original.
“Obrigado à Escola por nos acolher. Trabalhar com os aprendizes foi ótimo. Eles foram fantásticos na criação dessa aventura”, disse Joana Craveiro no encerramento da residência.
Satyrianas
Muitos fogos estourando e um banho de pétalas caindo de cima da Sede Roosevelt da SP Escola de Teatro abriram, oficialmente, a Satyrianas 2013 – Uma Saudação à Primavera.
No mês de novembro, no auge da estação, foi realizada a 14ª edição do evento que ocupa o centro da cidade, durante 78 horas ininterruptas, com muita arte e cultura, em uma intensa programação composta por espetáculos, música, cinema, fotografia, literatura e performance. Parte do Calendário Oficial do Estado de São Paulo desde 2009, a Satyrianas teve “Primavera expandida” como tema deste ano.
A relação entre a Satyrianas e a Escola é muito próxima: realização da Cia. de Teatro Os Satyros, o evento tem idealização e curadoria geral de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez, respectivamente diretor executivo e coordenador do curso de Direção da SP Escola de Teatro. A coordenação geral é de Gustavo Ferreira, produtor cultural na Escola.
E mais: vários dos destaques da programação foram apresentados na Sede Roosevelt da Instituição. Por exemplo, o já tradicional DramaMix, com peças curtas inéditas de 40 autores, e o Ouvi Contar, que realiza leituras dramáticas de textos teatrais inéditos em domicílio.
O prédio também sediou o projeto Satyras da Dança, com apresentações de dança; performances; a Feira literária da Editora Perspectiva; e os espetáculos “Banana mecânica”, “Relógios de areia”, “Persistência da memória”, “Ecos de Muller”, “Frida Kahlo – calor e frio”, “Otto”, “Poeira cósmica”, “Histórias curtas sobre amores inacabados”, “Eu sei que vou te amar”, “O que terá acontecido a Nayara Glória”, “Sohnos”, “A ida ao teatro”, “Alá autorizara Maomé a casar-se com a filha de seis anos de seu amigo Abu Bakr”.
Os números finais do evento impressionam: nos quatro dias de programação, o público estimado total é de 50 mil pessoas. Foram, ao total, 277 atrações e mais de 500 apresentações, sendo algumas delas exibidas até fora do Brasil, com transmissões assistidas, através da internet, por grupos da França, Portugal, Uruguai e EUA.
“Esta foi, definitivamente, a maior edição da Satyrianas. É quase assustador perceber o tamanho e a dimensão que esse evento ganhou. Pela primeira vez, tivemos atividades em vários países, e, cada vez mais, abraçamos outras linguagens. Tudo isso só foi possível graças aos nossos incríveis parceiros, como a SP Escola de Teatro e o Parlapatões, que têm abrilhantado ainda mais nossas ações”, afirmou Ivam Cabral.
Residência de Maria Alice Vergueiro
O dia 1º de abril de 2013 ficou marcado na SP Escola de Teatro não por uma grande mentira, e sim por um acontecimento mais do que verdadeiro e que repercutiu por meses, gerando frutos recompensadores.
O tal acontecimento foi o início da residência artística da atriz e diretora Maria Alice Vergueiro com sua companhia, o Grupo Pândega de Teatro, na Escola, que atravessou o ano. O objetivo desse processo de criação e pesquisa cênica era a elaboração da nova montagem da trupe, com previsão de estreia para março de 2014. A residência absorveu aprendizes de todos os Cursos Regulares, além de ex-aprendizes e artistas convidados.
O processo de trabalho foi construído com base no Método Pânico, do escritor, cineasta, dramaturgo e psicólogo chileno Alejandro Jodorowsky. Já os textos que serviram como provocação eram “Fando e Lis”, de Fernando Arrabal, e “Fim de partida”, de Samuel Beckett.
Ainda que possua uma longa trajetória artística vivenciada ao longo de seus 78 anos, a atriz sempre deixou bem claro que não estava ali apenas para ensinar. “Também quero ter o direito de crescer cada vez mais com vocês. Quero crescer até morrer!”, afirmou no primeiro dos encontros, que aconteciam às segundas e quartas-feiras.
No último Território Cultural do primeiro semestre, realizado no dia 13 de julho, aconteceu a mostra de processos do grupo, intitulada “TAR”, com cenas resultantes da provocação pelo conceito de Zona Autônoma Temporária, de Hakim Bey, e dos textos de Arrabal e Beckett.
O trabalho, resultado parcial de sua residência artística, arrebatou os espectadores com uma comovente história sobre abuso e o sentimento de inutilidade, vazio e desespero de uma paralítica, que contou com a participação da própria atriz no elenco.
Depois de mais alguns meses de trabalho árduo, a trupe encerrou o ano com a mostra de processos “Caminho a TAR”, em dezembro, uma prévia do que virá pela frente.
Sonata fantasma bandeirante
Um ciclo de conferências e a criação de dois espetáculos inéditos compunham “Sonata fantasma bandeirante”, projeto proposto pelo dramaturgo e encenador amazonense radicado em São Paulo, Francisco Carlos, para a SP Escola de Teatro, em uma parceria com a Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da USP e o Instituto de Psicologia da USP.
A residência teatral, que foi projetada para um período de sete meses, teve início em agosto de 2013 e deve se estender até março de 2014, na Sede Roosevelt da Escola. O objetivo, segundo o diretor artístico do projeto, era “formar um corpo teórico, um mosaico de ideias e linguagens, que será desenvolvido no processo dramatúrgico-cênico da residência”.
Esse processo servirá como base para a montagem de uma dupla-peça, intitulada “Sonata fantasma bandeirante” e composta por duas partes: “Spaghetti paulista” e “São Paulo-Chicago”, que terá a participação de aprendizes da Instituição.
Para levantar material de pesquisa e, ao mesmo tempo, estender ao público as discussões, foram elaboradas seis conferências ministradas por autores e pesquisadores eminentes de várias áreas, como antropologia, filosofia, psicologia cultural, vídeo etnográfico, história, geografia humana, artes cênicas, direção de arte e cinema.
Residência de Fernanda D’Umbra
Em um ano repleto de residências artísticas na SP Escola de Teatro, a atriz, diretora e dramaturga Fernanda D’Umbra e sua trupe, a Pantera Cia. de Teatro, formada por Maria Tuca Fanchin, Samya Enes, Ofélia Lott, Edson Kumasaka, Pablo Perosa, Leopoldo Ponce e Débora Ester, também tiveram sua participação, que culminou com o espetáculo “Tapa na pantera”.
O monólogo, estrelado por Fernanda, conta a história de Maria Alice Vergueiro e é inspirado no livro “Tapa na pantera – uma autobiografia não autorizada”, além de registros de trabalhos, entrevistas e depoimentos de amigos e da própria atriz. No palco, duas personas: Maria Alice Vergueiro e Fernanda D’Umbra, ambas interpretadas por Fernanda.
Além de um workshop de direção e interpretação, ministrado por Fernanda e Maria Tuca Fanchin em agosto, aprendizes de todos os cursos tiveram a oportunidade de assistir a alguns ensaios abertos do monólogo.
“Esse espetáculo não é uma homenagem, é algo bem mais difícil: é uma peça de Teatro. E só uma pessoa como a Maria Alice Vergueiro sabe o quanto isso pode ser perigoso. Tão perigoso que o Ivam Cabral me pegou pela perna, literalmente, em uma edição das Satyrianas e disse que queria me produzir. Respondi-lhe então que tinha essa peça e ele respondeu que Maria Alice Vergueiro era a próxima residência artística da SP Escola de Teatro. Não era apenas uma coincidência, afinal, como diz a Maria Alice ‘há uma ordem oculta no caos’”, comenta Fernanda.
A peça tem pré-estreia marcada para o dia 19 de janeiro – data em que Maria Alice faz aniversário – e entra em cartaz no dia 23 de janeiro, na Sede Roosevelt, onde fica até março.
“No dia 19 de janeiro de 2014, Maria Alice faz 79 anos e nesta noite de festa eu abrirei o pano na SP Escola de Teatro, um dos lugares mais sinceros e sérios do mundo. Aqui todos sabem que nada é fácil, e nada é impossível. Quanto ao espetáculo, ora, é preciso que se diga: somos primeiras e únicas damas e não podemos mais fugir disso”, finaliza a atriz.
Projetos Especiais
Cursos Regulares, cursos de Extensão Cultural, residências, ocupações, palestras, lançamentos e por aí vai. Tudo isso faz parte do cotidiano da SP Escola de Teatro, em quantidade já suficiente para lotar o cronograma de atividades. Mesmo assim, a Instituição encontra fôlego para encabeçar vários outros projetos – e, o melhor: são contínuos e divididos em edições, possibilitando várias abordagens diferenciadas.
O SP Dramaturgias, por exemplo, comemorou um ano de existência em junho. O projeto, que tem supervisão da coordenadora do curso de Dramaturgia, Marici Salomão, traz leituras dramáticas de textos inéditos de autores contemporâneos. Neste ano, foram realizadas sete edições.
Os textos também podem ser de autores que não façam parte da Escola, desde que sejam inéditos. A seleção das obras a serem lidas se pauta em critérios artísticos (além de inéditos, textos que dialoguem com questões da contemporaneidade, quer na forma, quer no conteúdo) e pedagógicos (a partir de demandas e questões oriundas do trabalho desenvolvido entre formadores e aprendizes na Escola).
“Acredito que os aprendizes alcançaram uma autonomia maior, se comparado ao ano passado. É importante que o texto esteja completo, no entanto, não acabado, para que seja construído de maneira participativa e receba tratamento. Com uma leitura por mês, os aprendizes tiveram tempo de se aprofundar no texto, de ensaiar e de discutir a dramaturgia com bastante fôlego”, revela Marici.
Também relacionado à leitura, mas em outro âmbito, o projeto Leitura na Praça foi uma das agradáveis novidades da Escola. Com ele, a Instituição levou parte do acervo de sua Biblioteca para a Praça Roosevelt, disponibilizando ao público a leitura de dezenas de obras.
Assim, por quatro sábados do ano, o Parquinho Infantil da Praça Roosevelt se tornou uma biblioteca ao ar livre. Para as ações, que reuniram de crianças a adultos, a área da Praça Roosevelt onde o acervo de livros ficou disponível ganhou ambientação e sonorização projetada por formadores e aprendizes, assim como contação de histórias.
O projeto foi realizado em parceria com o SP Escambo Literário, uma atividade de contrapartida para a concessão de bolsas do Programa Kairós voltada ao câmbio de livros, e atua com o envolvimento de funcionários, aprendizes e formadores. “O objetivo, claro, era incentivar a leitura entre a comunidade do entorno da Escola”, diz Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro.
A Biblioteca da Escola, por sua vez, sediou um dos eventos que difundiram cultura e arte ao longo de 2013. Realizado sempre na última sexta-feira do mês, com coordenação do diretor e dramaturgo Maurício Paroni de Castro, o Chá e Cadernos é uma discussão informal que serve para o tráfico de conhecimento e de aprendizado do “aparentemente proibido”.
“A cultura renovada sempre está ligada aos locais informais de troca de informação. E não é só o boca a boca dos espetáculos, mas a própria personalidade artística dos realizadores. O local onde se realiza troca de conhecimento que desenvolve a forma e a revolução está quase sempre fora do âmbito justa e necessariamente mais hierárquico: é o espaço onde as pessoas falam sobre a vida, onde há troca de informação e da sociabilidade”, afirma Paroni.
Cada edição do encontro tem um tema específico. Dessa forma, dramaturgia do renascimento, suspensão de descrença, parresia e o indivíduo no teatro ocidental foram alguns dos assuntos abordados. Na edição de novembro, o coordenador recebeu o mímico italiano Livio Tassan Mangina.
Também foi desenvolvido, ao longo deste ano, o Cine SP, que promove sessões de cinema cujo ingresso era um livro para doação. O projeto, desenvolvido pelos beneficiados pela Bolsa-Oportunidade oferecida pelo Programa Kairós, exibiu filmes como “Tirésia” e “Quem tem medo de Virginia Woolf?”.
Outra ação protagonizada pelos aprendizes foram as leituras encenadas de textos contemporâneos. A proposta, realizada no curso de Direção, teve coordenação de Rodolfo García Vázquez e Bernadeth Alves, respectivamente, coordenador e formadora do curso. O exercício resultou em uma montagem teatral, apresentada ao público em julho.
“Propusemos esse exercício para que os aprendizes sentissem que há essa carência aqui na Escola, a de trabalhar com textos prontos, escritos por grandes autores. Tomar um texto, entendê-lo e optar por uma forma de trabalhar com ele é o que faz um diretor”, observou Vázquez.
Processo Seletivo
Uma das atividades mais aguardadas do calendário anual da SP Escola de Teatro é a abertura de vagas para os oito Cursos Regulares oferecidos pela Instituição.
E, nesse Processo Seletivo 2014, cujo Edital foi publicado em junho, não foi diferente. As inscrições, que foram realizadas exclusivamente pela internet, no período de 8 de julho a 2 de setembro de 2013, atraíram mais de 3 mil interessados em se aprofundar em diferentes campos das artes do palco por meio das 113 vagas oferecidas. Vale destacar que este foi o Processo Seletivo com maior número de inscritos, mantendo a crescente que é observada desde a fundação da Escola.
O Processo Seletivo foi realizado em dois momentos. O primeiro, de caráter eliminatório, composto por dez questões objetivas de múltipla escolha e uma redação, enquanto o segundo momento tinha caráter eliminatório e classificatório, formado por testes específicos de aptidão, entrevistas, aulas práticas, atividades em grupo, entre outras habilidades próprias para os cursos, aplicadas pelos coordenadores da Instituição.
Depois de todos esses momentos, o resultado do Processo foi divulgado no dia 28 de novembro. Como de costume, a divulgação aconteceu em grande estilo: são publicados os perfis respondidos pelos candidatos, junto com uma foto, em um hotsite preparado especialmente para esta alegre ocasião.
Os aprovados darão início aos seus estudos na Escola em janeiro de 2014.
Prêmio SP Escola de Teatro e Prêmio Aplauso Brasil
A noite de 27 de maio teve um gosto mais que especial para a SP Escola de Teatro. Neste dia, a Sede Roosevelt da Instituição recebeu uma grande festa para marcar quatro eventos distintos e importantes.
Foram eles: os lançamentos do número 4 da Revista A[L]BERTO e do livro “O teatro de Victor Garcia – a vida sempre em jogo”, de Jefferson Del Rios, a entrega do Prêmio SP Escola de Teatro e do Prêmio Aplauso Brasil de Teatro.
A entrega dos prêmios foi o ponto alto da noite. Ambas cerimônias tiveram direção de Ricardo Severo, artista residente do curso de Sonoplastia. Em sua estreia, o Prêmio SP Escola de Teatro rendeu homenagem à atriz Maria Alice Vergueiro, um dos maiores nomes do teatro nacional ainda em plena atividade, que comandou uma ocupação durante o ano, com sua atual companhia, o Grupo Pândega de Teatro, na SP Escola de Teatro.
“A ideia deste prêmio nasceu em dezembro do ano passado, para uma personalidade que nos fosse verdadeiramente significativa, que pudesse dizer um pouco do nosso trabalho, que refletisse um pouco quem a gente quer ser no teatro. Foi incrível porque foi unânime, não houve outro nome. Alguém disse Maria Alice e um segundo nome não surgiu. A Maria é uma das maiores atrizes dos nossos palcos, dos nossos dias”, disse Ivam Cabral, na abertura da festa.
Então, em meio a um cenário que remetia a um cabaré, Maria Alice recebeu homenagens de familiares e amigos. “Tenho notado em mim uma forma de compreender o que aconteceu na minha vida, o reconhecimento. Ando chorando à toa. Percebo que a vida teve sentido. E está sendo uma dádiva esse trabalho de ocupação na SP Escola de Teatro. Eu me sinto rejuvenescer ao lado dessa moçada, que também fica mais jovem. Hoje, meus amiguinhos têm 11, 12 anos. Agradeço a Ivam, Rodolfo e Joaquim pela oportunidade e pela homenagem. Agora vou parar de falar, para não chorar”, disse a grande estrela da noite.
E, como uma das surpresas do evento, dois amigos de Maria Alice, Rubens Caribé e Carlos Blauth, interpretaram “A canção do hedonista”, composta por Ricardo Severo, especialmente para a atriz. “Posso dizer, sem exagero, que se eu estou aqui hoje, me dedicando ao estudo e à prática da pedagogia do teatro, é por sua causa, Maria. Obrigado!”, disse Joaquim Gama, coordenador pedagógico da Escola.
Logo ao final da emocionante homenagem, foi a vez de o ator Bruno Fagundes assumir o posto de mestre-de-cerimônias, na entrega do Prêmio Aplauso Brasil de Teatro, idealizado pelo jornalista Michel Fernandes, fundador do site Aplauso Brasil.
A primeira categoria premiada foi Dramaturgia. Depois, vieram os premiados em melhor Trilha Original, Atriz Coadjuvante, Ator Coadjuvante, Homenagem, Diretor, Elenco, Atriz, Ator, Grande Destaque, Produção Independente, Musical e Grupo. “O ator é como um Deus. E tive o privilégio de trabalhar com uma atriz que é um Deus em cena, sem perder a humanidade: a Mariana Terra”, disse Daniel Lobo, melhor diretor pela peça “Nise da Silveira – senhora das imagens”, grande vencedora da noite, com três prêmios, referindo-se à protagonista de seu espetáculo, que também levou a estatueta na categoria Melhor Atriz.
A noite foi encerrada com uma apresentação-surpresa dos aprendizes da Escola, que acompanhados por Carlos Blauth ao piano e com alguns colegas munidos de cuíca e pandeiros, interpretaram a “Canção de Mandelay”, como um número de cabaré.
“Minha relação com Maria Alice Vergueiro começou em 2002, quando assisti ao espetáculo ‘Mãe coragem’, dirigido por Sérgio Ferrara. Fiquei muito impressionado com ela no palco. Ela, realmente, é uma força da natureza. Uma força teatral da natureza. Ou uma força da natureza teatral. Depois disso, fui apresentado formalmente pelo Rubens Caribé, que também fazia a peça. Maria Alice é uma pessoa incrível, maravilhosa, generosa e sempre disposta a tudo que for novo, instigante, prazeroso de fazer na cena. Você coloca um desafio e ela tem prazer em realizar aquilo com o máximo de sua boa vontade”, disse Ricardo Severo, grande fã e amigo da atriz.
13º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade
Os primeiros rostos que quem chega à SP Escola de Teatro vê, assim como as primeiras vozes que quem telefone escuta pertencem a algumas das pessoas mais simpáticas e queridas da Instituição: as recepcionistas Andréa Zanelato, Brenda Oliver, Kimberly Luciana e Renata Peron.
Em uma atitude pioneira, desde sua fundação, a SP Escola de Teatro reserva os cargos na recepção a elas, as transexuais, comprovando com ações sua vocação para a diversidade, o que também ficou evidente em janeiro, com a realização do SP TransVisão – Semana da Visibilidade Trans. Durante cinco dias, a Sede Roosevelt sediou uma série de debates e atividades envolvendo os mais diversos assuntos ligados ao universo trans. O cartunista Laerte foi um dos participantes especiais desse encontro sem precedentes.
Por conta de sua atuação nessa esfera, a Instituição ganhou, neste ano, um reconhecimento mais que especial: a Escola foi contemplada com o 13º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade, outorgado pela Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT), pelo “exemplar protagonismo para a promoção dos direitos humanos da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais”.
“Como vice-presidente do Conselho de Administração da Escola, fico muito feliz com este reconhecimento. Acreditar em sonhos é o que conduz a minha vida, e este eu tenho o maior orgulho, pois acompanhei desde a gestação. Um projeto lindo e que tem realizado muitos outros sonhos”, disse Rachel Rocha, que também é membro da Comissão da Diversidade Sexual e Combate à Homofobia, da Ordem dos Advogados do Brasil Seção de São Paulo (OAB/SP).
A cerimônia de entrega do prêmio aconteceu no dia 3 de maio, em um pomposo evento no Theatro São Pedro, em São Paulo. Outra entidade ganhadora do troféu Joinha foi a Cia. de Teatro Os Satyros, fundada por Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez. “Estou duplamente feliz. Pela SP Escola de Teatro e pela Cia. Os Satyros. Uma honra estar presente nessas duas Instituições, que eu amo tanto”, comemorou Ivam.
Na hora de subir ao palco para receber o troféu, quem representou a Instituição foi Rachel Rocha, junta de três outras personagens simbólicas nessa história: Kimberly Luciana, Andréa Zanelato e Flávia Araújo – que entrou na Escola como recepcionista e hoje trabalha como auxiliar da Biblioteca.
O Prêmio reconheceu os esforços de instituições e profissionais de 17 categorias distintas. Jean Wyllys, Dráuzio Varella, Leonardo Sakamoto e Daniela Mercury foram alguns dos outros premiados.
Palco SP
Duas das características que diferem a SP Escola de Teatro da maioria das demais instituições do setor é a vocação de proporcionar o encontro entre as áreas teatrais e reconhecer aquelas que são conhecidas como “áreas técnicas” como detentoras de capacidade e responsabilidade criativa.
Dessa maneira, e considerando que entre os Cursos Regulares oferecidos pela Escola estão Cenografia e Figurino e Técnicas de Palco, ambos funcionando sob a batuta do coordenador J. C. Serroni, a Instituição promoveu, em março deste ano, o Palco SP – Encontro Internacional sobre o Ensino da Cenografia.
O evento reuniu os mais importantes profissionais nacionais e internacionais da área, vindos dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Nigéria, Japão, Suécia, Nova Zelândia. Na ocasião, público e palestrantes debateram temas como a cenografia, iluminação, áreas técnicas do teatro e o ensino cenográfico contemporâneo.
“Pela primeira vez no âmbito da América Latina a cenografia e seu ensino são discutidos por representantes de todos os continentes. A cenografia brasileira está em festa no mês de março. A Escola promove o maior encontro já acontecido no Brasil que discutirá a cenografia, iluminação cênica e o ensino dessas áreas por todo o mundo. Todos os continentes aqui representados mergulharão numa profunda reflexão sobre o assunto”, comentou J. C. Serroni, curador do encontro.
Além do próprio Serroni, entre os palestrantes nacionais estavam Joaquim Gama, Daniela Thomas, Simone Mina, André Cortez, José de Anchieta, Carla Vilardo, Lorena Peixoto e Ronald Teixeira, cada um representando uma instituição.
Já a delegação internacional teve Kazue Hatano (Japão), Peter Mckinnon (Canadá), Eric Fielding (E.U.A.), Sam Trubridge (Nova Zelândia), Osita Okagbue (Nigéria), Ian Herbert (Reino Unido), Sara Erlingsdotter (Suécia) e Peter Claes Hellwing (Suécia).
“O fórum, assim como a SP Escola de Teatro, tem caráter multidisciplinar. Ou seja, como na Escola, onde um aprendiz de Direção acaba sendo impelido a trocar experiências com aprendizes de outras áreas, por exemplo, no evento, embora o tema central seja a cenografia, serão abarcadas todas as áreas que estão intrinsecamente ligadas a ela, como a iluminação, sonoplastia e técnicas de palco”, explicou Ivam Cabral, completando: “E assim como acontece na nossa Escola, quando há esse diálogo constante e intenso, surge a troca de experiências, que gera o conhecimento, novas descobertas, enfim, o progresso da arte”.
O Palco SP promoveu uma série de discussões e rodas de conversa – de uma delas, inclusive, foi extraído material para a Revista A[L]BERTO #5, lançada em novembro.
Apoiando causas e projetos
Reconhecer e apoiar causas e projetos fundamentais para a cena cultural brasileira é missão de grande prazer e orgulho para a SP Escola de Teatro.
Ao falar sobre causas, é necessário lembrar duas das maiores em que a Instituição se envolveu neste ano: em prol de duas instituições de importância ímpar no Brasil, a Sociedade Brasileira de Autores (Sbat) e a ELT de Santo André.
Em relação à primeira, a Escola vem lutando desde o ano passado. Sabe-se que a Sbat passa por uma grande crise e, por muito pouco, não foi abandonada. O renomado diretor Aderbal Freire-Filho tomou para si a causa e contou, entre outros, com o apoio de Ivam Cabral, diretor executivo da Escola. Entre encontros e ações, foi criada até a Associação de Amigos da Sbat (Aasbat).
Marici Salomão, coordenadora do curso de Dramaturgia da Escola, o dramaturgo e escritor Lauro César Muniz, o ator Ney Piacentini, o ator, dramaturgo e diretor Hugo Possolo e o advogado Dinovan Dumas de Oliveira são outros dos envolvidos nesta árdua missão de erguer a Sbat, que atingiu o fundo do poço após gestões fraudulentas e equivocadas. A meta é quitar as dívidas da instituição e recuperar seu prestígio até o ano de seu centenário, em 2017.
A Escola também não se omitiu da responsabilidade de lutar para que a Escola Livre de Teatro de Santo André (ELT) continuasse, efetivamente, livre, e apoiou as manifestações pacíficas realizadas pelos alunos e ativistas da causa.
“Na ELT, alguns dos grandes nomes do pensamento e da pedagogia teatral contemporânea estiveram reunidos, apoiados por uma consistente e séria base teórica, para formular um dos projetos mais espetaculares da história da formação teatral brasileira. A ELT é essencial para a vida cultural de nosso País e para a formação de cidadãos conscientes de seu papel perante a sociedade”, afirma Ivam Cabral.
Como já foi dito, a SP Escola de Teatro apoiou, em 2013, causas e muitos projetos. Um deles foi “Metaxu em oito”, cuja proposta era traçar um perfil da vida e trajetória da escritora e filósofa francesa Simone Weil, por meio de experimentos audiovisuais.
Idealizado pela atriz Helena Magon, pela atriz, roteirista e produtora Thais Simi, e pela figurinista ítalo-lusitana Silvana Ivaldi – que é aprendiz intercambista do curso de Atuação, levou ao público oito experimentos audiovisuais de curta duração, criados por oito diretores diferentes e explorando perspectivas distintas. Além da exibição dos vídeos, houve bate-papo entre os diretores e as três idealizadoras do projeto e palestra com a professora e teóloga Maria Clara Bingemer.
O cineasta carioca Guilherme Coelho, diretor dos documentários “Fala tu” e “PQD”, também esteve na Escola, realizando um teste de elenco para seu novo longa-metragem. Assim como ele, Roger Del Pozo e outros membros da New York Film Academy também buscaram novos talentos por aqui.
Outros eventos sediados pela Instituição incluem: a leitura dramática de “Quase Pagu”, com participação de Soninha Francine; duas edições do NME (Nova Música Eletroacústica), espaço itinerante de fomento à música experimental; e um curso de relações com a mídia – ou media training – “Como ser um bom interlocutor ou como ser útil para quem o lê ou assiste”, com os jornalistas Sérgio Ignacio, Flávia Guerra e João Luiz Vieira.
Programa Kairós
Na mitologia grega, Kairós era o deus da oportunidade. Sua representação consistia na imagem de um garoto de cabelo de fogo que passava rápido diante dos olhos das pessoas. Aqueles que o viam tinham como desafio agarrá-lo para, então, garantir boa sorte para a eternidade. Foi inspirado nessa figura que a SP Escola de Teatro criou o Programa Kairós, que existe prioritariamente para oferecer oportunidades a seus aprendizes – os atuais e até os egressos – e colaboradores.
É o setor responsável pela efetivação de uma das principais características da Escola: o seu olhar humanista sobre os sujeitos que a integram. Sua principal ação é concessão da chamada Bolsa-Oportunidade, mas além de conceder este benefício, o Programa Kairós promove ações como elaboração de projetos sociais e/ou culturais, estágio para os aprendizes, colocação profissional para aprendizes em formação e egressos, intercâmbios culturais – nacionais e internacionais –, e captação de recursos e/ou parcerias junto a órgãos públicos, ONGs, organismos internacionais e empresas privadas.
Pode-se dizer tranquilamente que foi um ano bastante frutífero para o Programa. Os números provam: foram 1.191 Bolsas-Oportunidade oferecidas – no valor de R$ 622,00 cada uma –; 52 oportunidades de trabalho/emprego divulgadas; 28 estágios profissionais oficializados; 7 formalizações de convênios e parceiras com empresas ligadas às artes do espetáculo; e 1.654 ingressos doados aos aprendizes e colaboradores para apresentações de companhias de teatro brasileiras e internacionais.
Como forma de contrapartida pelo recebimento da Bolsa-Oportunidade, os aprendizes desenvolvem atividades artísticas e culturais que, muitas vezes, superam as paredes da Escola e alcançam visibilidade externa como projetos artísticos. Este foi o caso de “Cabaret [KABARIDADES]” e “Que há de vir…”.
Neste ano, desembarcaram no Brasil, para concretizar intercâmbios, dois estudantes cubanos da Facultad de Arte Teatral del Instituto Superior de Arte de La Habana e uma estudante portuguesa. De fevereiro a dezembro, eles frequentaram, cada qual, um Curso Regular.
No mês de março, a SP Escola de Teatro recebeu cinco profissionais da Universidade de Teatro e Cinema de Estocolmo (conhecida pela sigla SADA), que ministraram aulas a aprendizes e formadores, participando do “Palco SP – Encontro Internacional Sobre o Ensino de Cenografia” e estabelecendo trocas pedagógicas com o quadro de formadores.
No mesmo mês, quatro representantes da Instituição foram enviados para a Suécia com a missão de aprofundar os vínculos com a instituição. Importante frisar que a maior parte dos custos operacionais do projeto (passagem, estadia, alimentação e seguro-viagem dos profissionais suecos em São Paulo; assim como passagem aérea e estadia dos profissionais brasileiros em Estocolmo) são suportados pela Suécia, por meio de convenio firmado por aquela instituição com o Linnaeus-Palme Programme.
As trocas internacionais ganharam continuidade em setembro, quando um representante da Escola foi a Cabo Verde para discorrer sobre o sistema pedagógico da Escola no I Encontro Internacional de Programadores de Artes Cênicas, no âmbito do Festival Midelact, realizado na cidade de Mindelo.
Outro país em que a Instituição esteve presente foi a Bolívia. Por meio de uma parceria com a Escuela Nacional de Teatro Santa Cruz de La Sierra, dois aprendizes do curso de Iluminação ficaram ali por dois meses, de outubro a dezembro.
Também em outubro, dois representantes da SP Escola de Teatro foram para Londres e Glasgow, a convite da British Council (organização internacional do Reino Unido para oportunidades educacionais e relações culturais), para integrar um evento sobre arte e acessibilidade, intitulado “Pontos de contato: arte e deficiência”, organizado pela People’s Palace Projects.
E a importância do Kairós vai mais além. É o Programa que coordena a Pesquisas Socioeconômica, a Pesquisa de Egressos, e a Pesquisa 360º – com aprendizes e colaboradores. Cada uma delas contribui para proporcionar uma visão sobre o que vem sendo transformado pela Instituição, oferecendo um feedback imprescindível para o constante aprimoramento das práticas da Escola.
Mas, talvez, o principal projeto do ano para o Programa tenha sido o lançamento do site Chame a Cacilda, uma rede de troca entre artistas das artes do espetáculo.
O projeto virtual nasceu da ideia de cooperação e se pauta em valores e princípios humanísticos de colaboração. Criado para atender a demandas de serviços, materiais e capital humano, além de suprir a dificuldade de articulação entre profissionais para o alcance de seus objetivos de maneira não apenas eficiente, mas também sustentável, o Chame a Cacilda chegou para aproximar e facilitar a concretização de projetos artísticos.
Dessa forma, através do endereço virtual www.chameacacilda.com.br, os artistas podem trocar informações, textos, figurinos, materiais, objetos cênicos, captar parceiros, buscar profissionais, realizar doações, empréstimos, facilitar deslocamentos e propiciar alojamento alternativo quando em trânsito. O resultado dessa somatória de escambos só poder ser positivo: uma transformação efetiva do contexto socioeconômico dos envolvidos e, consequentemente, da classe artística como um todo.
O Mundo na SP
“A SP Escola de Teatro está permanentemente conectada com o que há de mais moderno e inovador no mundo. Se a destruição de fronteiras está no cerne da contemporaneidade, cabe a nós explorarmos a faceta positiva da integração proporcionada pela globalização e nos aproximarmos do outro de maneira que possamos compartilhar com ele universos ricos em diversidade.”
Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição, escreveu isso em um dos textos publicados em sua coluna no portal da Escola.
E essa, talvez, tenha sido a tendência predominante no ano de 2013 para a Escola: estreitar laços com artistas e instituições de outros países. Essa experiência, que já se tornou realidade do cotidiano da Instituição, começou logo em janeiro, ao receber o 8º Encontro do Instituto Hemisférico de Performance e Política, evento promovido pelo Hemispheric Institute, da Universidade de Nova York, e realizado em uma parceria entre o instituto americano, o Sesc, a SP Escola de Teatro e o Departamento de Artes Cênicas da ECA/USP.
O maior evento de performances das Américas trouxe uma programação repleta de peças teatrais nacionais e internacionais, artes visuais (exposições), dança, intervenções urbanas, palestras, mesas redondas, grupos de trabalho e debates acadêmicos com artistas, ativistas e estudantes de vários países das Américas, além de muita, mas muita performance. Nele, reuniram-se participantes vindos da Argentina, Chile, Colômbia, Guatemala, República Dominicana, Porco Rico, Haiti, México, Costa Rica, Estados Unidos e Canadá.
Foi também em janeiro que a Escola estreitou os laços com Cabo Verde, a partir do contato com o diretor João Branco, diretor do Festival Internacional de Teatro do Mindelo, o Mindelact. Na África, ainda, a Instituição mantém diálogos com Guiné-Bissau, Angola e Moçambique.
Março foi um dos meses com maior contato estrangeiro para a Escola, principalmente pela realização do Palco SP – Encontro Internacional Sobre o Ensino da Cenografia, que reuniu profissionais dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Nigéria, Japão, Suécia, Nova Zelândia, além, claro, do Brasil, em rodas de conversa, mesas de discussão e palestras. Foram eles: Eric Fielding (Estados Unidos da América); Kazue Hatano (Japão); Sam Truebridge (Nova Zelândia); Peter McKinnon (Canadá); Ian Herbert (Inglaterra); Osita Okagbue (Nigéria); Claes Peter Hellwig (Suécia); Sara Erlingsdotter (Suécia).
Continuidade da parceria originada em 2010 e oficializada em 2012, a aproximação com a Suécia, por meio da Academia de Artes Dramáticas de Estocolmo (conhecida pela sigla SADA), também ganhou mais um episódio naquele mês. Peter Hellwig, Sara Erlingsdotter, Simon Norrthon, Aleksandra Czarnecki Plaude, Johan Scott, Ulrka Malmgren e Katta Pålsson foram os representantes da academia sueca no Brasil. Por aqui, eles ministraram workshops e participaram de reuniões e debates.
O mês foi longo e ainda deu tempo dos portugueses Joana Craveiro, Gonçalo Alegria, Joana Vilela e Tânia Guerreiro, artistas que formam o grupo Teatro de Vestido ocuparem a Sede Roosevelt para uma temporada de residência, apresentando sua trilogia “Monstro”.
Outros dois portugueses foram recebidos na Escola, em abril: Pedro Rodrigues, codiretor da Cena Lusófona e diretor do Grupo de Teatro Escola da Noite, e o professor e crítico Jorge Louraço, que ministrou uma oficina promovida pelo departamento de Extensão Cultural. O mesmo aconteceu com o diretor e dramaturgo mexicano Alberto Villareal. E o diretor dinamarquês Morten Nielsen aproveitou a vinda ao Brasil para dar uma palestra sobre seu trabalho.
Maio manteve o ritmo de visitas internacionais: estiveram aqui Paul Heritage, da Queen Mary University, e Amit Sharma, do Graeae Theatre, ambos de Londres; Diego Ramallo, diretor da “Fiesta de Pies Descalzos”, da Argentina; Diana Lopez, diretora do Centro Cultural Chacao, na Venezuela; e Tiina Rosenberg, reitora da Universidade de Helsinki, na Finlândia.
Em uma de nossas ações voltadas à acessibilidade, tivemos a presença de Barbara Lisicki, Jhinuk Sarkar e Zoe Partington-Solinger, da Shape Arts, organização empenhada em fazer pessoas com deficiência participarem plenamente no setor cultural das artes.
Fruto de nossa parceria boliviana, contamos também com a vinda de Lorena Rodrigues, da Escuela Nacional de Teatro de Santa Cruz de la Sierra.
Direto da Escócia, o diretor escocês Douglas Irvine conversou com o corpo docente da Escola, ao qual contou sua história como diretor artístico, há mais de 21 anos, da companhia Visible Fictions. Além deste encontro, ele também acompanhou, de perto, durante todo o mês de agosto, o trabalho da Pedagogia e da Diretoria, para entender o funcionamento da Escola funciona e o processo de formação do aprendiz.
No mesmo mês, outras duas nacionalidades visitaram a Escola: o cubano Omar Valiño, professor e Crítico Teatral do ISA, brindou o público com uma palestra, na qual falou sobre o teatro cubano e publicações da área em seu país. E os artistas finlandeses Tero Nauha, Karolina Kucia e Juha Valkeapää, do projeto de performances “Fin La! La! La!”, que ocuparam a Sede Roosevelt.
Em setembro, a Escola praticamente esteve vestida de kilt. Isso por conta da visita de uma comitiva escocesa por meio do British Council, composta por artistas, produtores e diretores de alguns dos principais grupos e festivais britânicos: Linda Crooks (diretora artística do Traverse Theatre); Margaret O’Donnel (produtora independente); Ellen Potter (NVA – Site-specific organisation); Eileen O’Reilly (National Theatre of Scotland); Kath Mainland (diretora do Edinburgh Fringe Festival); Vicky Rutherford (produtora do Catalyst Dance); Margaret Maxwell (Creative Scotland); Fiona Sturgeon Shea (diretora do Playwrights Studio Scotland); Susannah Armitage (produtora do “A play, a pie and a pint”); Kate Bowen (produtora independente).
Vindos dos Estados Unidos, Roger Del Pozo e membros da New York Film Academy foram as outras visitas de setembro. Eles vieram à procura de jovens talentos, realizando audições e workshop. No mesmo dia, membros do grupo dinamarquês Madam Bach, referência internacional no teatro infantil, participaram de uma mesa de discussão promovida na Sede Brás. E, para fechar o mês, no dia seguinte, o premiado dramaturgo escocês Anthony Neilson teve um encontro com os aprendizes de Dramaturgia.
Pode parecer exagero, mas a Escola chega a ser quase uma extensão da casa dos suecos da Sada. Em outubro Suzanne Osten, Gustav Deinoff, Ann-Sofie Bárány e Cilla Thorell movimentaram o ambiente com oficinas e palestras, bem como o diretor inglês John Mowat, da Cia. Chapito de Lisboa, que ministrou aula e palestra.
Além de contribuir para promover uma mudança de percepção e atitude em relação ao artista com deficiência, com as oficinas do projeto “Unlimited: arte sem limites”, promovidas pela Escola em outubro, a Instituição entrou em contato com vários artistas do Reino Unido, como Robert Softley, Ramesh Meyyappan, Claire Cunningham e Amit Sharma.
Da Europa Central – mais exatamente da República Checa –, veio a mundialmente conhecida cantora e música Iva Bittová, que fez um show aberto ao público, encerrando um dos Territórios Culturais de outubro.
Jan Ferslev, ator, músico e professor dinamarquês que já esteve na Escola em 2011, retornou para uma aula aos aprendizes, compartilhando sua experiência com o Odin Teatret, grupo de Eugenio Barba. Stefan Kaegi, diretor suíço radicado na Alemanha, codiretor do Grupo Rimini Protokoll, também compareceu para ministrar uma palestra. Novembro ainda viu o mímico italiano Livio Tassan Mangina participar do Chá e Cadernos, discussão realizada na Biblioteca da Instituição.
Dezembro começou com outros visitantes da Velha Bota. Era a Escola sediando o lançamento do livro “A arte mágica”, de Amleto Sartori e Donato Sartori, dois dos maiores mascareiros do mundo. O filho, Donato, participou do evento e ministrou uma palestra, mantendo viva a tradição iniciada pelo pai.
Deu tempo, ainda, de o britânico Leon Rubin, diretor teatral, professor e diretor geral da East15 – parte da renomada University of Essex, de Londres, ministrar uma palestra aberta ao público, e do cenotécnico e diretor de palco venezuelano Gustavo Araque ministrar um workshop aos aprendizes de Técnicas de Palco.
Essas todas foram atividades e visitas pontuais. Mas houve aqueles que fizeram parte do dia a dia da Escola, durante todo o ano: os intercambistas. Os cubanos Reinol Sotolongo e Eugénia Alvarez, que cursaram, respectivamente, dois módulos de Direção e Dramaturgia; e Silvana Ivaldi, de Portugal, que veio para cursar os quatro módulos de Atuação.
“Milton Santos, no livro ‘Pobreza urbana’ (1978), afirma que não existe cidadania em um mundo dividido, e é isso que realmente nos interessa: um mundo mais solidário, em que todos possam se reconhecer como cidadãos do mundo”, finaliza Ivam Cabral.
Hemispheric
O ano mal havia começado e a SP Escola de Teatro já estava em pleno funcionamento e, melhor, recebendo gente vinda de toda a América.
De 12 a 19 de janeiro, a Escola recebeu o 8º Encontro do Instituto Hemisférico de Performance e Política, evento promovido pelo Hemispheric Institute, da Universidade de Nova York, e realizado em uma parceria entre o instituto americano, o Sesc, a SP Escola de Teatro e o Departamento de Artes Cênicas da ECA/USP.
Sob o tema “Cidade/corpo/ação – A política das paixões nas Américas”, o evento – realizado pela terceira vez no Brasil, sendo a primeira em São Paulo – trouxe uma programação repleta de peças teatrais nacionais e internacionais, artes visuais (exposições), dança, intervenções urbanas, palestras, mesas redondas, grupos de trabalho e debates acadêmicos com artistas, ativistas e estudantes de vários países das Américas, além de muita, mas muita performance.
Uma infinidade de atividades aconteceu na Sede Roosevelt da Escola. Além de exposições e instalações abertas ao público, o Hemispheric contou com o “Trasnocheo”, realizado diariamente, das 21h à 1h. Nele, artistas apresentaram performances dos mais variados estilos, compondo uma espécie de balada teatral.
“É com imensa alegria que a SP Escola de Teatro começa o ano recebendo um evento desse porte. Grande e generoso em sua programação, bem como em sua proposta, que é a de pensar o espaço urbano por meio da arte. Estamos muito felizes e ansiosos por esse encontro”, declarou na ocasião Ivam Cabral.
Extensão Cultural
Uma outra área da SP Escola de Teatro compreende os cursos de Extensão Cultural, gratuitos e implantados sob os mesmos preceitos pedagógicos e artísticos dos Cursos Regulares. Além da otimização destes, os cursos de Extensão firmam uma ponte direta com criadores e pensadores de outras esferas. Mobilizam a população e os artistas amadores e profissionais interessados em aperfeiçoar ou ampliar seus conhecimentos teatrais.
Neste ano de 2013, foram oferecidos 30 cursos ao público, todos gratuitos, com carga de 64 horas e orientados por profissionais de vasta experiência e reconhecidos em suas áreas de atuação. Os temas abraçavam um extenso campo do saber artístico e cultural: de danças urbanas a dublagem; de interpretação a multimídia interativa; de teatro de sombras a produção cultural; de viewpoints a cenografia.
Acompanhando a tendência da Escola, foram pensados e promovidos vários cursos de Extensão Cultural voltados à acessibilidade, como “Dança sem fronteiras”, “Interpretação de espetáculos em LIBRAS” e “Introdução à audiodescrição para teatro”.
Um dos cursos que mais chamaram a atenção durante o ano foi “Processos criativos de encenadores brasileiros”. A razão é óbvia: nele, estiveram reunidos 18 dos mais renomados encenadores brasileiros, que discutiram seus processos criativos, valendo-se de depoimentos pessoais, exemplificação com vídeos de espetáculos e debates com a plateia.
Sob orientação de Rodolfo García Vázquez, os convidados foram: José Fernando de Azevedo, Fernando Neves, Márcio Meirelles, Hugo Possolo, Nelson Baskerville, Cibele Forjaz, Claudia Schapira, Carla Candiotto, Alexandra Golik, Sergio de Carvalho, Marcio Abreu, Marco Antônio Rodrigues, Jezebel de Carli, Zé Henrique de Paula, Felipe Hirsch, Roberto Alvim e Johana Albuquerque.
“O teatro brasileiro tem passado por um rico processo de transformação nas últimas duas décadas. A proliferação de grupos teatrais com estéticas diferenciadas e a continuidade de programas públicos de incentivo à produção teatral foram fundamentais neste processo, no qual os encenadores vem ocupando um papel fundamental”, observou o coordenador, ressaltando que o curso pretendia “lançar um olhar inédito sobre este momento único do teatro nacional”.
E o setor não se limita a oferecer cursos. Muito pelo contrário.
Além dos cursos presenciais, foram promovidas rodas de conversas, como a realizada em março, sobre cenografia e figurino, durante a programação do evento Palco SP – e cujo conteúdo foi parar na Revista A[L]BERTO #5; mesas de discussão, como a de discotecagem, em abril, que reuniu os DJ’s Eugênio Lima, Claudia Assef, Luaa Gabanini e KLJay; palestras, como a que trouxe o diretor dinamarquês Morten Nielsen; bate-papos online semanais no portal da Escola; e parceria na realização do colóquio “O que é pedagogia do teatro?”.
O ano nem chegou ao fim e a Extensão Cultural já está se preparando para o início de 11 cursos no mês de janeiro, englobando áreas como teatro musical, dança, palhaço, performance, mágica, animação, história do teatro e ópera. As inscrições para eles foram abertas em novembro.
Experimentos
“Antes de lançarmos a pedra fundamental da SP Escola de Teatro, meio que instintivamente, artesanalmente, já sabíamos que seria preciso instigar nossos aprendizes a descobrir as artes do palco. Como? Por meio dos experimentos. A vivência da experiência é única. O processo percorrido pelos núcleos é como uma roupa feita sob medida. É deles, ali, naquele instante. E para sempre.”
A descrição de Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição, diz respeito a um dos momentos de maior efervescência dos semestres da Escola: os experimentos.
Essa etapa consiste na reunião de aprendizes de todas as áreas em torno de um projeto comum. Assim, por três vezes durante o semestre, esses grupos, que são chamados de núcleos de trabalho, se debruçam sobre suas próprias investigações cênicas. Também por três vezes, abrem seus processos ao público – sem, no entanto, carregar o peso de uma apresentação de espetáculo ou resultado final. Essa mostra acontece, geralmente, no Território Cultural.
“Não que o experimento seja desprovido de fundamento teórico. Nada disso. Aqui na Escola, optamos por estruturar o ensino em quatro módulos independentes e autônomos, dois a cada semestre, divididos nas cores Verde, Azul, Vermelho e Amarelo, que trabalham eixos temáticos distintos, como narratividade, performatividade, personagem e conflito, escrita etc.”, avalia Ivam.
Além dos módulos e seus respectivos eixos temáticos, norteiam os estudos dos aprendizes o operador, modo por meio do qual as técnicas e conteúdos são trabalhados, sendo geralmente um pensador; os materiais de trabalho, que funcionam como um tema e encaminham as investigações; e o artista pedagogo, produções e referências artísticas da contemporaneidade que dão início aos estudos no módulo.
“Ou seja, há um método, tendo por trás uma teoria a ser ensinada, mas como isso se dará ficará a cargo do trabalho desenvolvido pelos aprendizes, sob a tutela do formador e do coordenador de cada um dos oito Cursos Regulares da Escola. Acredito que o aprendizado da experiência é o caminho. Ele respeita a individualidade de cada um, seu tempo, sua aptidão, sua disposição. Na educação, o que menos importa é o aprendizado da sequência”, explica o diretor da Escola.
Dessa forma, em 2013, a Escola teve um total de 12 experimentos, que deram origem a dezenas de aberturas de sala. Em cada experimento, a Instituição contou com a presença de um profissional do teatro convidado, que acompanhou as aberturas de sala e depois escreveram textos relatando suas impressões. Estes convidados foram: Eric Lenate, Claudio Serra, Tânia Pires, Silvia Poggetti, Ana Julia Marko, Mara Leal, Beth Lopes, Fernanda D’Umbra, Hayaldo Copque, Alexandre Dal Farra, Evaristo Martins de Azevedo, Henrique Schafer e Kiko Marques.
Começando pelo primeiro semestre: no módulo azul, os aprendizes tiveram como eixo temático a performatividade. O operador era o sociólogo polonês Zygmunt Bauman. O material de trabalho era composto por oito imagens escolhidas pelo corpo docente da Escola, e o pedagogo que servia de referência para os estudos era Romeo Castellucci, diretor teatral italiano.
Já no módulo verde, o eixo era personagem e conflito. O operador era o filósofo francês Gilles Lipovetsky. Cartas sobre família escritas pelos aprendizes foram escolhidas como material de trabalho. Na função de pedagogo, este módulo trouxe o dramaturgo americano Nicky Silver.
Avançando para o segundo semestre, no módulo amarelo, os núcleos trabalharam tendo a narratividade como eixo temático. Como operador, o antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, e como material de trabalho, o cartunista Laerte Coutinho e a peça japonesa “Hagoromo”, atribuída a Motokiyo Zeami. E, finalmente, o pedagogo foi a companhia Ishin-Ha.
Finalizando o ano, o módulo vermelho, diferentemente dos outros, teve o eixo temático definido por cada núcleo, assim como o material de trabalho que encaminharia a pesquisa. O operador era o conceito de parresia, de Michel Foucault, e o artista pedagogo foi composto por uma série de peças (sendo duas por núcleo), nas quais os aprendizes tiveram de investigar o emprego da parresia.
Foram vários e ricos em diversidade os lugares ocupados pelos grupos. Além das sedes Brás e Roosevelt, as aberturas aconteceram em lugares como a Praça Roosevelt, a Universidade de Direito do Largo São Francisco, a Praça Patriarca, o Largo São Bento, o Pateo do Collegio e a Praça da República.
“O que é pedagogia do teatro?”
Fomentar a discussão sobre pedagogia em teatro sempre foi uma das grandes missões da SP Escola de Teatro. Nada mais propício, então, que reunir conceituados teóricos, professores e artistas em um ciclo de palestras visando compartilhar conhecimentos com o público interessado em uma área ainda pouco explorada.
Com esses pressupostos, a Escola criou, em abril, o colóquio “O que é pedagogia do teatro?”. Com curadoria da Prof.ª Dr.ª Ingrid Dormien Koudela, livre-docente da ECA-USP, o colóquio foi organizado em 13 mesas de discussão, com a intenção de ser um instrumento de trabalho da Pedagogia do Teatro e enfocando a área tanto no âmbito teórico como prático.
Cada mesa tratou de um tema específico, com participação de um ou mais convidados especialistas no assunto. “Incorporamos na proposta do colóquio temáticas que alcançaram projeção significativa no discurso internacional e que pertencem aos conhecimentos reunidos na área. Os encontros pretendem se caracterizar como disciplina de integração entre os polos teatro e pedagogia, bem como de disciplinas limítrofes”, observou Ingrid.
Os encontros, que aconteceram até outubro, abarcaram temas como “Linguagens da arte”, “A pedagogia no teatro de grupo” e “Publicações em pedagogia do teatro”. Nas mesas, alguns dos nomes mais importantes da cena teatral brasileira, como Jacó Guinsburg, Maria Thais, Maria Lúcia Pupo e Fernando Neves, entre outros, e até um estrangeiro, o alemão Florian Vassen.
“O título do evento não tem uma interrogação à toa. A intenção aqui não é responder à questão, mas levantar outras tantas. Um megaevento, no sentido qualitativo de se pensar o modo como, atualmente, as artes do palco são transmitidas às novas gerações”, afirmou Ivam Cabral na abertura do colóquio.
Seminário 150 Anos de Stanislavski
Há 150 anos, vinha ao mundo aquele que seria um dos maiores nomes do teatro universal: o russo Constantin Stanislavski. A data não poderia passar batida pelo calendário da SP Escola de Teatro. Assim, em parceria com o Centro ITI Brasil – International Theater Institute –, ligado à Unesco, e com o apoio do Sated –SP (Sindicato dos Artistas e Técnicos do Estado de São Paulo), a Instituição promoveu um seminário para rever e atualizar o legado do mestre.
Foram três dias com palestras e uma oficina, reunindo nomes de relevância da cena brasileira e uma convidada especial francesa. Todas as atividades foram gratuitas e ocuparam a Sede Roosevelt da Instituição. “O russo Constantin Stanislavski nasceu em 1863 e permanece como uma das maiores referências do teatro em todo o mundo. Celebrar seus 150 de nascimento foi uma forma de atualizar seu legado e fazer a revisão crítica de seus conceitos e princípios”, comenta Ney Piacentini, o coordenador do projeto.
Marie-Christine Autant-Mathieu, Sérgio de Carvalho, Maria Thais, Marco Antonio Rodrigues, Diego Moschkovich, Eduardo Tolentino e Ney Piacentini foram alguns dos participantes dos encontros.
“Em uma ocasião como essa, nada seria mais relevante para a Escola que apoiar um evento como o proposto aqui por Ney Piacentini, justamente por colocar em evidência e abrir discussão sobre a obra deixada por esse artista que modificou a forma de se pensar e fazer teatro”, diz Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição.
Assim, de 10 a 12 de dezembro, o público lotou a Sede Roosevelt para acompanhar as atividades. Assuntos como “O que ainda hoje podemos aprender com Stanislavski e o sistema”, “Das primeiras leituras de Stanislavski à prática teatral” e “Noções do sistema de Stanislavski para jovens atores e diretores teatrais” foram esmiuçados pelos especialistas, em uma troca efetiva com os participantes.
Chame a Cacilda
Uma rede de cooperação entre artistas das artes do espetáculo. Assim pode ser definido, resumidamente, o site Chame a Cacilda, lançado pela SP Escola de Teatro em novembro de 2013.
Pensado e desenvolvido pelo Programa Kairós, o projeto virtual nasceu da ideia de cooperação e se pauta em valores e princípios humanísticos de colaboração.
Dessa forma, através do endereço virtual www.chameacacilda.com.br, artistas podem trocar informações, textos, figurinos, materiais, objetos cênicos, captar parceiros, buscar profissionais, realizar doações, empréstimos, facilitar deslocamentos e propiciar alojamento alternativo quando em trânsito. O resultado dessa somatória de escambos só poder ser positivo: uma transformação efetiva do contexto socioeconômico dos envolvidos e, consequentemente, da classe artística como um todo.
Criado para atender a demandas de serviços, materiais e capital humano, além de suprir a dificuldade de articulação entre profissionais para o alcance de seus objetivos de maneira não apenas eficiente, mas também sustentável, o Chame a Cacilda chegou para aproximar e facilitar a concretização de projetos artísticos.
O nome do projeto, claro, foi inspirado em uma das figuras mais carismáticas e simbólicas do espírito cooperativo da Escola: a mascote Cacilda, uma vira-lata que apareceu grávida e faminta, em 2010, na Sede Brás. Acolhida imediatamente, depois de alguns meses deu à luz seis lindos filhotes que logo foram adotados. Desde então, ela vive na Escola, encantando todos que a frequentam. Especialmente para o site, a cadelinha foi retratada pelo ilustre cartunista Laerte, que a transformou na figura símbolo e logomarca do Chame a Cacilda.
Biblioteca do Corpo
O teatro contém em si todas as formas de arte. E a dança, claro, é uma delas. Em 2013, a SP Escola de Teatro mergulhou nessa área.
Além de cursos de Extensão Cultural voltados para a área e a montagem de uma sala de dança em sua Sede Roosevelt, a Escola se envolveu em um grande projeto. Em parceria com o Sesc-SP e o ImPulsTanz Festival, coordenado pelo coreógrafo e bailarino Ismael Ivo, a Escola promoveu a Biblioteca do Corpo.
A ação proporcionou dez bolsas de estudo a bailarinos interessados em participar do programa Biblioteca do Corpo, dentro do festival ImPulsTanz 2013, em Viena, de 1º de julho a 13 de agosto.
Os candidatos deveriam ter entre 20 e 27 anos e sólida formação em sua área, estilos e técnicas. A comissão de avaliação, composta por representantes da SP Escola de Teatro, Sesc, e do projeto Biblioteca do Corpo, selecionou, inicialmente, 59 bailarinos. Depois, estes foram entrevistados e participaram de audições. Desses, foram selecionados 10 bailarinos, que receberam bolsas de estudos para cobrir os gastos de estadia, alimentação e traslados em Viena.
Na capital austríaca, eles participaram de aulas programadas, workshops do festival e assistiram aos 20 espetáculos apresentados durante o ImPulsTanz Festival. “É um festival que dá total importância ao processo, ao acesso, e à estrutura, principalmente. Foi muito bom conhecer o ambiente e ver o público respondendo daquela forma”, disse Ismael Ivo.
E não acabou aí. Ainda na cidade, os participantes do projeto receberam orientação de Ismael Ivo em um programa de educação individual. Na última fase, o artista desenvolveu uma coreografia inédita com os alunos para apresentações em Viena e São Paulo. O espetáculo “No Sacre” fez duas sessões no Sesc Pinheiros.
Na sequência, foi realizada uma série de ações especiais no Teatro Sérgio Cardoso, batizada de “Performativo, formativo: processos da cena”: entrevistas públicas e discussões que ampliaram o debate sobre vertentes contemporâneas de formação, atuação e performance em artes da cena.
“O objetivo da Biblioteca do Corpo, que eu chamo de ‘período de contaminação artística’, era dar exatamente a perspectiva de uma educação progressiva, séria, com qualidade e abrir portas de novos caminhos”, diz Ismael.
Renata Bittencourt, coordenadora da Unidade de Formação Cultural (UFC), da Secretaria de Estado da Cultura, que acompanhou todo o processo de seleção e desenvolvimento do projeto, afirmou que a Biblioteca do Corpo foi “projeto entregue de presente por Ismael”, e que ele tem potencial para “inspirar outros programas e artistas que têm trabalhado na interface com a Secretaria”.
Acessibilidade
Ivam Cabral, diretor executivo da Instituição, costuma dizer que a acessibilidade está no DNA da SP Escola de Teatro. Depois de um ano inteiro repleto de ações, cursos e iniciativas voltadas a esse tema, seria impossível negar.
Segundo o dicionário Michaelis, acessibilidade significa “1. facilidade de acesso, de obtenção; 2. facilidade no trato”. E é exatamente neste sentido mais abrangente que esse conceito é encarado na Escola.
“Primeiramente, não acredito em premissas de inclusão. Por isso, prefiro sempre pensar que a palavra ‘acessibilidade’ é a que melhor define o que estas políticas querem fazer. Isto porque eu não gosto de pensar, por exemplo, que deficientes ou nordestinos ou negros ou índios ou homossexuais precisem ser incluídos. Repudio essa ideia. Grupos como esses precisam – e urgentemente – de acesso”, explica Ivam.
Pensando por este viés, acessibilidade seria, resumidamente, “criar mecanismos de acesso que assegurem, primeiramente, a preservação de identidades e gêneros, sejam eles quais forem”.
Sendo assim, o projeto de acessibilidade já teve início quando a Instituição, em sua concepção, reservou as vagas na recepção a transexuais e travestis. Desde então, uma infinidade de outras iniciativas segue o mesmo caminho, a começar pelas adaptações no espaço físico, como banheiros acessíveis, rampa de acesso e elevador.
“Foi a adoção desse tipo de política que possibilitou que tivéssemos conosco, por dois anos, Gerson de Souza, um aprendiz cego, que concluiu, em 2012, os quatro módulos do curso de Sonoplastia. Também tivemos a honra de receber a atriz Maria Alice Vergueiro em uma residência artística. E, em nosso quadro de colaboradores, contamos com o diretor e dramaturgo Maurício Paroni de Castro. Ou seja, as cadeiras de rodas também não representam qualquer problema para nós”, comenta Ivam.
Falando sobre cursos, não faltaram oportunidades para aqueles que desejavam se aprofundar em diversas áreas da arte. Promovidos em agosto pelo setor de Extensão Cultural, “Dança sem fronteiras”, “Interpretação de espetáculos em LIBRAS” e “Introdução à audiodescrição para teatro” mobilizaram participantes, com ou sem deficiência, mas, acima de tudo, interessados em travar contatos com o outro, aceitando e desejando a diversidade.
No mesmo mês, por meio de uma parceria com o Governo do Estado de São Paulo, o MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), o British Council, via plataforma Transform, o Sesc-SP e a Apaa (Associação Paulista dos Amigos da Arte), a Escola promoveu o seminário “Arte sem limites”, no MAM. O evento contou com a participação de membros da Shape Arts, organização empenhada em fazer pessoas com deficiência participarem plenamente no setor cultural das artes. Marcos Abranches, coreógrafo e bailarino que em julho ministrou, na Instituição, o workshop “Despertar do corpo no espaço”, foi um dos palestrantes.
“Nossa preocupação não poderia ficar limitada às paredes da Escola. E, como compartilhar conhecimento é uma de nossas principais vocações, passamos, cada vez mais, a firmar parcerias e oferecer ao público informações relevantes sobre a área”, comenta Ivam.
Em outubro, fruto de outra parceria com o British Council e o Teatro Sérgio Cardoso, a Escola, por meio de seu departamento de Extensão Cultural, ofereceu as oficinas do projeto “Unlimited: arte sem limites”. Foram quatro oficinas gratuitas com temas voltados à acessibilidade: “Personagens em transição”, com Ramesh Meyyappan; “Narrativas pessoais na criação artística”, com Robert Softley; e “Dança acessível”, com Claire Cunningham; e “Acessiblidade no teatro”, com Amit Sharma.
Uma das iniciativas que caminham na mesma trilha foi comandada pelo Programa Kairós: um grupo de deficientes visuais foi contratado para sessões semanais de massagem, que alegram e tranquilizam o cotidiano dos colaboradores.
Depois de tudo isso, para coroar a atuação da Escola nesse campo, foi promovido o Prêmio Acessibilidade 2013, com o objetivo de promover o debate e premiar ações e pessoas que tiveram iniciativas voltadas a essa preocupação, em âmbito nacional.
Serão cinco categorias, cada uma com 10 indicados. A votação, realizada no portal da Instituição, já está aberta.
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A Escola em ebulição
O projeto artístico-pedagógico da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco relata que o objetivo essencial da Instituição é oferecer “uma rigorosa formação teatral por meio de diálogos intensos e contínuos com as pesquisas e investigações nos diversos campos das artes cênicas”.
Neste ano de 2013, esse objetivo, mais do que nunca, foi atingido.
Durante os 365 dias, a Escola se colocou em um constante ponto de ebulição, renovando, dia a dia, suas discussões artísticas, pedagógicas e filosóficas, e, consequentemente, aprimorando e diversificando as provocações que movem seus aprendizes, colaboradores e parceiros.
Foram tantas ações e novidades que dificilmente caberiam em apenas um ano. Cursos, parcerias, intercâmbios, convidados, eventos, processos seletivos, residências, experimentos e muitas outras atividades que, reunidas, conseguiram abraçar um sem-número de áreas das artes.
“Em apenas 365 dias, graças a muito trabalho e não deixando nunca de sonhar, dialogamos com artistas e instituições de todos os cantos do mundo, pensamos e repensamos nossa estrutura pedagógica, criamos e demos continuidade a uma infinidade de projetos, e recebemos em nossas sedes muitos dos principais profissionais da área. Isso tudo para consolidar a Escola como o maior centro de formação das artes do palco da América Latina”, afirma, com orgulho, o diretor executivo Ivam Cabral.
“Neste ano, intensificaram-se nossas redes territoriais. Ou seja, sabendo que o trabalho de formação artística não está atrelado apenas às ações da sala de aula, estabelecemos inúmeras trocas com artistas estrangeiros, ampliamos nossas ações por intermédio dos Territórios Culturais Expandidos, estabelecemos contatos com práticas artísticas com residências, lançamos mais edições da revista A[L]BERTO e a Biblioteca ampliou suas atividades com projetos como lançamentos de livros, além do Leitura na Praça e do Chá e Cadernos”, afirma Joaquim Gama, coordenador pedagógico da Instituição.
Para 2014, ainda de acordo com Joaquim Gama, a intenção é “continuar investindo em processos coletivos de produção artística, na exclusão das possíveis lacunas entre quem ensina e faz teatro e na construção de um teatro investigativo, pautado na pesquisa de linguagens”.
E mantendo, acima de tudo, o sonho de construir um mundo mais solidário e humano. Afinal, como diz Ivam Cabral: “Sozinho não sou nada; mas com um sonho, sou um exército. E se mais ‘soldados’ acreditarem neste sonho, aí, nem se fala… Podemos mudar o mundo!”.