“Tenho um sonho… de que um dia viveremos numa nação onde não seremos julgadas pela nossa sexualidade, mas pela essência do nosso caráter e capacidade”. A frase, criada por Flávia de Araújo a partir de uma citação de Martin Luther King, define em palavras a recepcionista da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco.
Além de sonhadora, Flávia é bastante engajada em causas igualitárias. Atualmente, realiza trabalhos voluntários pela Associação da Parada do Orgulho GLBT (APOGLBT), e já foi ligada à Associação Correndo Atrás LGBTT (ACA), orientando sobre questões relacionadas à Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids, e colocando na distribuição de preservativos e panfletos informativos sobre cidadania.
Hoje na recepção da SP Escola de Teatro, Flávia afirma ter realizado um sonho ao conseguir o trabalho. “É muito gratificante você ser reconhecida pela sua capacidade e não por sua orientação sexual, ser tratada com respeito por todos. Isto é exemplo de cidadania, e servirá como modelo para outras empresas.”
Flávia diz se sentir no lugar certo, pois possui “uma visão abrangente que pode ser notada por vários ângulos e olhares, a começar por dentro de mim, pois me considero também resultado de uma arte”.
A recepcionista começou a estudar Letras como bolsista do Programa Operação Trabalho (POT), que permitiu que ela escolhesse um curso. “Mesmo assim, continuei a fazer cursos paralelos no Senai. Para meu sustento, aprendi a costurar e a confeccionar artesanatos como colchas, almofadas e bolsa de patchwork, para vender em feiras, na Praça Benedito Calisto e em outros locais.”
Apesar de se sentir muito feliz com a situação atual, alcançada depois de muito esforço, Flávia afirma que quer ir além. “Meus outros sonhos são: terminar a faculdade de Letras, cursar Pedagogia e montar, com alguns amigos, uma escolinha para crianças carentes.”
Quando o assunto é preconceito, Flávia não se mostra intimidada. Pelo contrário, garante que lida tranquilamente com esta “palavra” e que, quando necessário, sabe onde buscar seus direitos.
Direitos estes que, segundo ela, devem ser do conhecimento de toda a sociedade. “O mais importante para que esta luta surta efeito é que famílias, escolas, empresas e sociedade não oprimam os homossexuais quanto à sua orientação, pois somos seres humanos capazes de estar em qualquer área, e devemos ser respeitados por todos.”
Confira as outras matérias e sessões do Especial Semana da Diversidade SP Escola de Teatro: a entrevista com o escritor Carlos Hee; o Ponto sobre Oscar Wilde e sua obra “De Profundis”; e a história das recepcionistas Brenda e Laura e da secretária Janaína. E mais: um texto de Raquel Rocha, o Indica com Célia Forte e a matéria sobre a Parada Gay.