No TBT desta semana, relembramos a ação ambiental que a SP Escola de Teatro realizou na região da Praça Roosevelt, onde fica uma das sedes da instituição, em 2014.
A iniciativa foi interna, voluntária e executada pelos colaboradores da SP. Na ocasião, Ivam Cabral, diretor executivo da Escola, explicou melhor os objetivos do projeto em um artigo nesse site:
” O ‘Catadores’ pretende exatamente o que seu nome diz. Duas vezes por semana, a partir de agora, seremos catadores, catando as dores da Praça Roosevelt: o lixo, aquele que muitos fingem não ver, mas está ali, sempre. Depois daquele agitado fim de semana de eventos, no final daquele delicioso dia de sol e daquela badalada noite de festa. As pessoas se vão, seus restos ficam.”
É sabido que a SP Escola de Teatro e outras instituições culturais localizadas na Praça Roosevelt, como a Cia. Os Satyros, são e foram peças chaves no que diz respeito a revitalização desse espaço. De maneira que, tais organizações contribuíram para um intenso processo de gentrificação que ocorreu ao longo do tempo e a região, que era cheia de prédios abandonados, focos de criminalidade e prostituição, foi altamente valorizada. Nesse processo de ressignificação, o teatro recuperou a memória desse lugar que, por volta da década de 1960 e 1950, era de grande efervescência cultural; é próximo ao famoso Teatro de Arena e é um dos berços do cinema novo e da bossa nova paulistana.
Nesse contexto, o projeto partiu do senso de coletividade e pertencimento da instituição para com a praça como espaço público, histórico e cultural, e da compreensão de que a limpeza dessa deveria ser pelas mãos daqueles que apreciam e a frequentam, numa atitude cidadã. Assim, ao invés de julgar usos irregulares e o comportamento alheio para com a saúde e organização da praça, a escola decidiu abrir mão da sua zona de conforto e prezar pelo bem-estar do ambiente, assumindo tal responsabilidade.
Em seu relato, o diretor celebra o comprometimento daqueles que se propuseram a ajudar na causa e dispuseram suas mãos para tornar a praça um lugar mais limpo:
“Como já contei antes por aqui, tive a oportunidade de ver a Praça em diferentes níveis de degradação, das mais inóspitas condições até o que ela é hoje: um local que atrai pessoas de todos os cantos, de jovens da periferia da cidade até turistas da Suécia. Não é justo – e muito menos racional – abandonarmos esse território agora, depois de tanta luta em prol de sua revitalização. Esse é nosso compromisso. Juntos somos fortes e podemos, sim, transformar a Praça num lugar ainda melhor!”