No TBT de hoje, iremos relembrar um momento muito especial na SP Escola de Teatro, que é a visita do renomado dramaturgo, diretor e romancista japonês Toshiki Okada. O artista, que é referência no teatro asiático contemporâneo, esteve na unidade Roosevelt da instituição para ministrar uma palestra sobre a cena teatral de seu país natal, contar para os estudantes um pouco de sua trajetória e de seu trabalho com a companhia Chelfitsch.
A conversa contou com uma tradução simultânea e com a presença da pesquisadora Fernanda Rachel, que na época era pós-graduanda em teatro japonês, e da professora da PUC-SP Christine Greiner, especialista em teatro e dança japonesa. A companhia Chelfitsch foi fundada em 1997 pelo Toshiki, que escreveu e dirigiu todas as suas montagens, no decorrer dos anos, a Cia. alcançou influencia global e seus trabalhos foram apresentados em diversos festivais em múltiplos países ao redor do mundo.
Suas produções são famosas pelo uso pouco usual da linguagem hipercoloquial. No encontro, o dramaturgo compartilhou detalhes e comentou aspectos da sua peça de 2005, Five Days In March, que recebeu o prestigiado Kishida Drama Award. Suas histórias e peças têm sido continuamente publicadas no Japão, além disso, também foram traduzidas para vários idiomas e publicadas internacionalmente. Em 2009, sua peça Hot Pepper, Air-conditioner and the Farewell speech foi um sucesso em Berlim, em coprodução com o teatro Hebbel Am Ufer.
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Em sua palestra, Toshiki também compartilhou um pouco de sua história e explicou como desenvolveu a famosa técnica do hipercoloquialismo em seus trabalhos ainda no início de sua carreira. Quando estava na faculdade, o artista entrou para um grupo de estudantes com o objetivo de realizar produções cinematográficas. No entanto, muitos dos colegas do grupo também eram envolvidos com teatro e o autor, que no início relutou um pouco em trabalhar com a arte teatral por considerá-la muito ‘falsa/fingida’, aos poucos, também começou a nutrir um interesse pela área.
A partir de então, Toshiki começou a produzir também textos teatrais e a refletir sobre a linguagem e o diálogo dentro das montagens. Um dos aspectos que mais o incomodava era como até em dramaturgias mais realistas o idioma falado pelos personagens era muito diferente do japonês cotidiano. Nesse contexto, o diretor conta que teve a ideia de criar em seus textos dramáticos falas que copiassem a forma de se comunicar do dia a dia. Assim, Toshiki fez transcrições, as quais inseriu no roteiro de experimentos cênicos para então analisar como esse discurso, que posteriormente seria considerado hipercoloquialista, funcionaria em um espetáculo teatral.