No TBT desta quinta-feira, 4, relembramos a oficina de uma das mais importantes figuras do teatro nacional, o ator, diretor e teatrólogo Amir Haddad. O evento ocorreu há 3 anos na sede Brás da Instituição e teve como tema Corpo e Alma – A Fisicalidade.
Amir Haddad foi um dos fundadores do icônico Teatro Oficina, e um dos criadores do coletivo teatral Tá na Rua, grupo que nasceu em 1980 e resiste até os dias atuais trazendo espetáculos que carregam a ideia de improviso e simplicidade, nos quais a interação com a plateia é fundamental. Muitos experimentos cênicos da cia sequer possuem um tablado, cenário, aparelhos de ampliação vocal ou equipamentos técnicos, por serem realizados na rua ou em lugares públicos, assim o foco da performance se direciona para o contato direto entre a cena e o espectador.
Nesse contexto, alguns dos principais temas de pesquisa das produções que Amir Haddad realizou durante a década de 1970 foram: a disposição não convencional da cena, a desconstrução da dramaturgia e a utilização aberta dos espaços cênicos.
Na conversa com os estudantes, Amir contou um pouco de suas motivações e do início de sua carreira. O diretor explicou que primeiro estudou durante três anos na Faculdade de Direito do Largo São Francisco antes de desistir da área e se voltar completamente para a arte teatral. Nos anos que passou dentro da universidade conheceu pessoas que seriam seus parceiros fundamentais no universo teatral, como José Celso Martinez Corrêa e Renato Borghi, foram eles que convidaram Amir para dirigir o espetáculo Cândida, de Bernard Shaw, em 1957.
Na palestra, o artista compartilhou também suas experiências no meio teatral, relembrando espetáculos icônicos dos quais participou e as características que sempre buscou ressaltar em seus experimentos:
“A minha vida inteira eu persegui um teatro eufórico, alegre e festivo. Nele busquei falar das coisas, dificuldades, facilidades humanas, mas sempre a partir de uma perspectiva que mostrasse que apesar das coisas serem assim elas podem ser de outra maneira”.
Nota de pesar: morre a atriz Maria Fernanda, aos 96 anos.
Além disso, o diretor motivou os estudantes a seguirem o seu sonho, fazendo aquilo que gostam, ele ressaltou que ter coragem para seguir na área em meio às intempéries do tempo atual é muito especial. Trazendo a si próprio como exemplo, Amir ainda pontuou que, por ter amor ao que fazia, trabalhar com teatro era um deleite mesmo com as dificuldades impostas pela ditadura militar.