Depois de estrear na capital carioca em 2023, o bem-sucedido espetáculo “Azira’i”, escrito por Zahy Tentehar e Duda Rios e interpretado por Zahy, chega a São Paulo para uma temporada no Sesc Ipiranga, de 8 a 31 de março, com apresentações às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h.
O trabalho, dirigido por Denise Stutz e Duda Rios e produzido pela Sarau Cultura Brasileira, foi indicado ao Prêmio Shell 2023 em quatro categorias – atriz, dramaturgia, cenário e iluminação. E no Prêmio APTR nas categorias – espetáculo, direção, iluminação e jovem talento – atriz.
O solo autobiográfico trata da relação entre Zahy e sua mãe, Azira’i, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão, onde ambas nasceram. Azira’i foi uma mulher muito sábia e herdeira de saberes ancestrais, com vasto conhecimento sobre o mundo espiritual. Como pajé suprema, ela usava três ferramentas tecnológicas para curar: as plantas, a mão e o canto. Ao gerar e criar a filha nesta mesma aldeia, deixou para ela seu legado espiritual.
Ao longo da jornada como artista, Zahy fez do canto uma de suas expressões, que pode ser visto no espetáculo, em que ela canta lamentos ensinados por sua mãe e canções originais compostas por ela com Duda Rios, sob a direção musical de Elísio Freitas, produtor responsável pelo premiado álbum ‘Nordeste Ficção’, de Juliana Linhares, que também divide a autoria de algumas composições com a atriz e o diretor.
É neste verdadeiro ‘musical de memórias’ que se apresentam Azira’i e Zahy, mãe e filha, mulheres nucleares, distintas, diversas e espelhadas: “Sou a filha caçula da minha mãe. A nossa relação, como muitas de nossos brasis, foi diversa: cheia de semelhanças e diferenças, com muitos afetos e composições importantes para nossa trajetória. A presença de minha mãe é tão viva, que a nossa relação se faz continuamente importante. Quando pensei em trazê-la ao teatro, não foi para falar apenas dos meus sentimentos, foi para dialogarmos com nossos reflexos enquanto sujeitos coletivos. Gosto de nos ver, humanos, como espelhos, pois nossas histórias se entrelaçam e se compõem”, analisa Zahy.
Azira’i faleceu em 2021, ao longo do processo de criação da montagem, que começa em 2019, quando Zahy e Duda Rios se conhecem no elenco da montagem de ‘Macunaíma’, dirigida por Bia Lessa e encenada pela companhia Barca dos Corações Partidos, também um projeto da Sarau. Nas conversas de camarim, Duda se surpreendia com o que Zahy contava – ela mesma se define como uma contadora de histórias – e surgiu ali mesmo a semente de criar um espetáculo a partir daquela vivência em um contexto tão próximo, mas também tão distante.
Serviço
“Azira’i”
Com Zahy Tentehar
Temporada: de 8 a 31 de março
Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h
Sessões extras: dias 22, 23 e 30, sessões às 15h e 20h
Dia 22/3, sexta às 20h, a sessão contará com intérprete de libras
Sesc Ipiranga – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo
Ingressos: R$50,00 (inteira), R$25,00 (meia-entrada) e R$15,00 (credencial plena)
Ficha Técnica
Um solo de Zahy Tentehar
Dramaturgia: Zahy Tentehar e Duda Rios
Direção: Denise Stutz e Duda Rios
Direção de arte e design gráfico: Batman Zavareze
Cenografia: Mariana Villas-Bôas
Figurinos: Carol Lobato
Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni
Trilha sonora: Elísio Freitas
Design de som: Gabriel D`angelo
Direção de Produção e Produção Artística: Andréa Alves e Leila Maria Moreno
Coordenação de Produção: Rafael Lydio
Produção: Sarau Cultura Brasileira