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SP Escola de Teatro entrevista Leandro Knopfholz, vice-presidente do conselho da ADAAP

Publicado em: 31/07/2023 | por: Guilherme Dearo

Leandro Knopfholz, fundador do Festival de Curitiba e vice-presidente do conselho da ADAAP

Leandro Knopfholz, fundador do Festival de Curitiba e vice-presidente do conselho da ADAAP: engajamento com teatro e com a SP Escola de Teatro. | Foto: Divulgação

A SP Escola de Teatro, criada e gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP), entrevista em 2023 todos os seus 13 conselheiros.

Inaugurada em 2010, a SP Escola de Teatro é uma instituição da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.

A associação é uma Organização Social e exemplo do modelo de gestão de Políticas Públicas que vem sendo implantado pelo governo do Estado desde 2004, com base na Lei Complementar n° 846/98 e no Decreto Estadual nº 43.493/98. Através da publicização, ou gestão pública não estatal, serviços e atividades públicas são geridos por meio de parcerias entre o Estado e o terceiro setor.

A ADAAP faz parte da Associação Brasileira das Organizações Sociais de Cultura (Abraosc) e tem por finalidade desenvolver e administrar projetos socioeducacionais, culturais e institucionais, valorizando a arte e a educação no estado de São Paulo.

Leandro Knopfholz

O entrevistado de hoje é Leandro Knopfholz, um dos fundadores do Festival de Curitiba, o maior festival de teatro do País.

Bacharel em Administração (UFRP), pós-graduado em Gestão de Negócios (FGV) e mestre em Gestão das Artes pela City University of London. Dentre suas atividades profissionais, destacam-se a criação e direção do Festival de Teatro de Curitiba, a direção do Festival de Dança de Joinville, a direção da Ação Cultural da Fundação Cultural de Curitiba e a produção internacional da Companhia de Dança Deborah Colker.

Filho do casal Ester Troib e Davi Knopfholz, ambos de tradicionais famílias da comunidade judaica de Curitiba, ele é casado com a dentista Thatiana Espírito e tem um filho, Guilherme.

Aos 19 anos, recém-chegado de Israel, onde havia passado uma temporada em um kibutz, percebeu que faltavam peças na noite de Curitiba. Se muito, havia uma em cartaz. Decidiu que precisava mudar aquilo. Ele se juntou aos amigos de infância Cássio Chameki, Victor Aronis, Carlos Eduardo Bittencourt e Cesar Heli Oliveira para o criar o então Festival de Teatro de Curitiba, que inaugurou suas atividades em 1992.

O prefeito de Curitiba à época, Jaime Lerner, comprou a ideia, oferecendo espaços para as apresentações, como a Ópera de Arame e o Canal da Música. Depois, marcas como O Boticário e Bamerindus decidiram apoiar a empreitada. Como resultado, 25 mil ingressos esgotados.

Três décadas depois, o festival é o maior evento teatral da América Latina, reunindo mais de 1500 profissionais do teatro e somando 4,8 milhões de visitantes.

Knopfholz também possui outros negócios. Ele é sócio da cervejaria Way Beer e do bar Quintal do Monge. Sua empresa, Parnaxx, produz, entre outros eventos, o festival de humor Risorama e conteúdos para a internet e TV.

Confira a entrevista com Leandro Knopfholz

Como se deu sua entrada no conselho da ADAAP? Por que  é importante participar desse conselho e contribuir para a associação de alguma maneira?

Conheço o Ivam Cabral e o Rodolfo García Vázquez há muito tempo. Vi, desde 2009, o projeto da SP Escola de Teatro nascendo nas mãos da ADAAP. Então, em 2010, fiquei muito feliz de receber o convite de integrar o conselho da associação. Estive presente na inauguração da escola, no Brás. Eu me lembro que teve jogo da Copa do Mundo de futebol naquele dia, fomos ver o jogo e participar da abertura.

Vejo o projeto da ADAAP ao criar a SP Escola de Teatro com muita admiração. Sou um conselheiro feliz há treze anos. Acredito no modelo das organizações sociais e vejo que ela está ajudando a causar um impacto real na cultura da cidade. E, para mim, a ADAAP é um modelo dentro do modelo de O.S.s. Extremamente organizada e competente. Minha obrigação com a ADAAP sempre será de prestigiar, respaldar, pois é um projeto muito relevante, muito à frente de seu tempo, que aponta tendências. Aprendo muito com todo o conselho e com a Escola.

Para você, qual a importância e o impacto do trabalho da ADAAP e da SP Escola de Teatro? Como uma pessoa imersa no teatro há três décadas, conhecendo tantos grupos e artistas, o que sentiu de impacto na cena com a SP?

Trabalhando com o Festival de Curitiba e com outros projetos em teatro, há anos vejo muitos nomes com a SP Escola de Teatro no currículo, vejo muitos artistas muito talentosos egressos da Escola. Ela propôs uma pedagogia nova para o teatro, o que é muito importante, e realizou – e realiza – um resgate humano e profissional.

Ter artistas que se formaram na SPET nesses treze anos foi garantia que uma nova linguagem surgisse, uma linguagem artística de quem aprendeu o ofício na SPET. Isso causa um impacto no entorno da Escola e na cena teatral como um todo, deixa uma marca no teatro do país todo.

Para você, qual a importância das artes cênicas e das artes do palco na sociedade? Qual o papel transformador do teatro na vida das pessoas?

A educação educa, mas a cultura transforma. A arte ajuda a traduzir essa cultura, a questionar essa cultura. Ela é fundamental na formação humana. Não há dúvida de que, no local onde está inserida, a arte deixa uma marca.

Você já deixou uma marca inegável na cultura brasileira, com o Festival de Curitiba e outros tantos trabalhos, como o Festival de Dança de Joinville. Agora, qual sua próxima missão? Que impacto ou marca ainda deseja causar na cultura brasileira, no teatro brasileiro?

Claro, minha expectativa é continuar fazendo o festival e continuar montando peças. Estou focado em fazer trabalhos em cenas mais específicas, regionais, contando as histórias desses locais, desenvolvendo projetos que falem da cultura local. Então o foco de alguns de meus projetos atuais tem sido trabalhar em pequenas e médias cidades, como Ponta Grossa, Goiânia e Paranaguá. Muitas cidades pequenas e médias viram um grande crescimento econômico, encontraram mais prosperidade nos últimos anos, mas a cena cultural ainda é pequena. Então a cena artística, a produção de teatro e arte precisa acompanhar tal crescimento.

Como a nossa sociedade, unida – governo, entidades, cidadãos -, pode pensar em ampliar mais a cultura e as artes na cidade e no estado, aumentando o seu papel educador, transformador e imprescindível?

Para essa união que citou, eu sou fã do modelo das organizações sociais. Acho que funciona muitíssimo bem, uma figura jurídica fazendo um papel fundamental de gestão envolvendo o poder executivo. Onde ele não poderia atender, onde precisaria de ajuda, essa gestão da O.S. faz o seu papel.

Penso que não basta boa vontade, boas intenções. É preciso encontrar soluções, e as O.S.s são boas soluções jurídicas. A arte é uma atividade humana e social, mas também é uma atividade econômica. E muitas vezes a conta não fecha, a parte financeira impossibilita a realização. Então a sociedade civil organizada, a população, precisa encontrar maneiras de se reunir com o governo e aproveitar o seu potencial, criando projetos sociais, como o da SP Escola de Teatro.

Qual livro, filme, peça ou outro trabalho artístico você recomenda para uma pessoa que quer conhecer mais sobre o Brasil atual, entender mais onde vivemos?

Não vou falar de um específico. Eu recomendaria qualquer livro, filme etc. O jovem precisa de arte, precisa ir além da tela do celular e do iPad e viver a arte. Ir a museus, cinema, shows, peças. Ele precisa aumentar seu repertório, o que é fundamental na formação humana. O importante é estar em contato com a arte.

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