Entre os anos 1950 e 1960 surgiu, na França, a prática da deriva. Tratava-se, simplesmente, de uma caminhada sem rumo. A ideia, teorizada pelo artista e revolucionário Guy Debord e pelo movimento situacionista, era adotar um comportamento político anticapitalista: ocupar o tempo de vida de maneira não comercial, sem se dedicar a atividades que movessem a máquina do capital.
Alguns anos depois, a deriva virou prática artística, e as caminhadas passaram a resultar em fotografias, vídeos e relatos sobre esta experiência de se deslocar ao acaso pela cidade. É isso que o coletivo Teatro Dodecafônico fará, a partir da SP Escola de Teatro, neste domingo (25), na performance “Deriva Dodecafônica”.
O grupo durante deriva em São Paulo
A ideia é o encontro de artistas convidados e aprendizes da Escola na sede Marquês de Itu, às 10h. Uma vez reunido, o grupo se separa e se deixa mover pela região, sem um rumo determinado, em uma experiência totalmente individual. No retorno, o reencontro e a troca de experiências. A atividade vai até as 15h.
O objetivo da performance é a observação de mulheres nas ruas: o que vestem, como se comportam, o que fazem. As reflexões posteriores levaram a questões como “O que uma mulher pode ou não fazer na rua hoje?”. A ação é feita em conjunto com o evento “Détour – art et sexisme” (“Desvio – arte e sexismo”, em tradução livre), que ocorre em Paris, a partir do teatro MC11.
Ao final da deriva, uma teleconferência irá reunir os dois grupos: o brasileiro e o francês. “Vamos analisar o comportamento da mulher em São Paulo e em Paris”, explica Verônica Veloso, do grupo Dodecafônico, enfatizando a importância da presença masculina. “Enquanto os homens não se configurarem como feministas, a sociedade não terá alterações em seu modo de agir.”
