O Grupo Pândega de Teatro foi criado em 2007 e desde suas origens trabalha o realismo grotesco. Nesse sentido, a primeira montagem do grupo foi a peça de Alejandro Jodorowsky, As Três Velhas, depois com Why de Horse?, de Fábio Furtado, o coletivo se aprofundou em tal temática, explorando os limites entre o documental e o ficcional.
Uma das figuras centrais dentro da companhia foi Maria Alice Vergueiro, atriz que dirigiu muitas montagens do Pândega. Em seus trabalhos ela tinha por interesse investigar a morte e ficou conhecida por muitos como ‘a dama do underground’:
“Maria Alice Vergueiro é nossa principal influência estética. Sua capacidade em aglutinar elementos diversos, que trouxe, por exemplo, de seu tempo como professora e ainda do Teatro Oficina e do Ornitorrinco, é índice de um percurso importante pelo qual passou o teatro no Brasil, no sentido de expandir suas fronteiras em direção ao experimentalismo, ao performativo e plurivalente.”
A Cia também comenta que Brecht, García Lorca, Beckett e Hilda Hilst são inspirações tanto para a obra e trajetória de Maria Alice, quanto para a história do Pândega. Nesse contexto, o mergulho no grotesco é uma chave que conecta esses diferentes autores:
“O grotesco é como um manancial ambivalente de sentidos que ultrapassaria a causticidade sarcástica, que denega, sempre um pouco moralista, em direção a um riso fecundante, porque consciente a um tempo da farsa e da seriedade de todas as coisas”.
Além disso, segundo o grupo, a SP Escola de Teatro teve um papel importante em seu percurso mais recente, foi a partir de uma residência artística e de um ateliê realizados na instituição que nasceu o espetáculo Why the Horse? Para eles, a intervenção artística foi um espaço de estudo, investigação e pesquisa dos procedimentos que posteriormente constituiriam a montagem.
Quanto ao processo criativo, o Pândega pontua que é longo e livre. Durante o tempo de criação todos têm uma voz, assim o texto é mais visto como um ponto de partida do que como um ‘roteiro’ propriamente. O olhar sobre a dramaturgia busca quebra com o tradicionalismo, e é imaginado como um campo de forças imaginário que conteria em si os contrastes e as relações fundamentais de um espetáculo que possa ser perfurado com certa liberdade cênica.
Em geral, para o Grupo Pândega, teatro é:
“Reencenar e se preparar para a morte, pela atualização constante da cena, efêmera, imprevisível e essencialmente livre por natureza”.
Mais infos sobre o Grupo Pândega de Teatro estão no livro Teatro de Grupo, uma publicação do Selo Lucias, braço editorial da ADAAP, associação que gere o projeto da SP Escola de Teatro.