Para a Cia. Estúdio Lusco-Fusco o teatro é uma arte total, isto é, é um ponto de encontro de diversas linguagens artísticas numa busca constante por criações de estranhamento poético, força visual e contundência temática. Dentro dessa linha de pesquisa, os membros do coletivo são provocados a trabalhar de modo interdisciplinar, em uma dramaturgia transversal que une texto, ator, corpos, espaço e som.
A companhia foi criada em 2007 por André Guerreiro Lopes e Djin Sganzerla, e grande parte de seu repertório foi apresentado em festivais não somente brasileiros, mas também internacionais. Algumas de suas peças mais famosas são Insônia – Titus Macbeth (2019); Tchekhov É um Cogumelo (2017); Ilhada em Mim – Sylvia Plath (2014); O Livro da Grande Desordem e da Infinita Coerência (2013), entre outras.
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O grupo trabalha de uma forma original, não possuindo um corpo fixo de membros, nem estabelecendo um único e absoluto método de criação. Cada projeto define sua rede de colaboradores e, a partir de suas particularidades, impõe seus próprios procedimentos. No entanto, algumas pautas são recorrentes nos espetáculos da Cia, dentre elas estão, por exemplo, a angústia por uma realidade brasileira desumanizada e o fascínio pela possibilidade de reinvenção de universos estéticos e da linguagem a cada nova jornada. Além disso, todas as montagens do grupo guardam a proposta de uma dramaturgia corporal e da horizontalização entre os diversos elementos cênicos.
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O processo criativo e a relação com o texto dramático cultivada pela Cia. são muito singulares. Para eles, a escrita é pensada como uma matéria bruta que será invadida, transformada e reorganizada ao longo dos ensaios. Nesse contexto, a companhia explica um pouco sobre como se dá sua metodologia:
“Uma vez delineado o universo específico da obra, experimenta-se com os atores em direção ao desconhecido, uma etapa de laboratório em caos criativo. (…) Trata-se de um processo oposto ao ‘estudo de mesa’, conosco ocorre uma construção espiralar, de elementos interdependentes.”
Para os artistas, o trabalho cênico pode estar sempre em desenvolvimento, mudança e transformação:
“Não se busca fidelidade a uma ‘concepção prévia’, mas dar forma cênica às descobertas únicas, às verdades dos artistas envolvidos, mais do que das supostas personagens”.
No geral, a Cia. Estúdio Fusco-Lusco acredita que o teatro é a arte do encontro, e que este se dá em algum lugar entre o palco e o espectador, em uma troca viva de símbolos, significados e inquietações:
“O teatro afirma e convida à humanização, à sensibilização sutil, à desburocratização do olhar pelo assombro poético. A arte teatral é, acima de tudo, uma provocação sedutora, que gera movimento por atração e estranhamento, ao questionar certezas, atacar preconceitos e subverter os sentidos”.
Mais infos sobre a Cia. Estúdio Lusco-Fusco estão no livro Teatro de Grupo, uma publicação do Selo Lucias, braço editorial da ADAAP, associação que gere o projeto da SP Escola de Teatro.