Utilizando o humor como ferramenta chave em suas montagens, a companhia Cafonas e Bokomokos foca suas performances principalmente no período de virada dos anos 1960 para os anos 1970, considerada ‘época de ouro’ no Brasil e no mundo. Criado nos anos 2000, o grupo nasceu da fusão entre a Cia. Amantes do Esquisito com novos atores do Teatro Humor, de Guilherme Vidal.
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Durante quase duas décadas, foram produzidos inúmeros espetáculos no Teatro Plínio Marcos, até a morte de Guilherme Vidal em 2016, quando a Cia. precisou de uma reorganização interna. No mesmo ano, eles retornaram aos palcos com uma trilogia de peçascom protagonistas femininas desejosas de transformação social: The Tweenty Girls – Elas Chegaram ao Sucesso; Manah Manah – Quanto Custa o seu Amor? e Os Brotomokos – Nos Tempos da Juventude. A dramaturgia de todas é de Marcos Garbelini, que também dirigiu as montagens ao lado de Dimi Calazans.
De forma geral, o grupo utiliza como fonte de pesquisa cênica uma mescla entre a crítica social e reflexiva, que Brecht propõe ao público, e o teatro do absurdo, que é mapeado na ação, na emoção e no silêncio. Tudo isso sempre regado pelo humor que predomina em todos os trabalhos da Cia:
“Trabalhamos com a emoção pelo riso e com o sentimento pelo drama”, elucida o grupo.
Tal posicionamento despertou nos atores uma afinidade pelo teatro popular, livre de regras e convenções e próximo do espectador por conta de sua linguagem simples e perspicaz. A companhia, no entanto, também faz experimentações com múltiplos gêneros, indo do nonsense, trash, até o melodrama. Um ponto característico que se destaca em muitos espetáculos dos Cafonas é a diversidade no uso das linguagens:
“Em algumas cenas, não há texto, mas ações que salientam a possibilidade maior de diferentes leituras por parte do público. Em outras, contudo, um roteiro é a base para a improvisação dos atores, como cenas de plateia.”
O processo criativo do grupo perpassa necessariamente pela combinação do humor com a emoção e por um trabalho colaborativo entre os integrantes do projeto:
“Pensamos no vértice de humor (onde está concentrado o seu pico) e depois em como esse humor esteticamente se apresentará. Quebrar a barreira do ridículo em nós é a primeira ferramenta de trabalho do ator. As personagens são criadas a partir do próprio ator em cena. Há verdade, profundidade, mas não anulação do ator. ”
A abundância de conhecimento e tendências da época entre os anos 1960-1970 foi o que despertou maior interesse do grupo sobre o período. Nesse sentido, os Cafonas têm muito bem estabelecido seu objetivo com relação ao público:
“Nosso teatro tem a função de transformar o indivíduo pelo riso e pela emoção, aliando bom gosto e referências à memória, seja numa situação vivida ou num adereço de época dentro de um contexto. ”
Descubra mais sobre a Cia. Cafonas e Bokomokos e outros grupos no livro Teatro de Grupo na Cidade de São Paulo e na Grande São Paulo: Criações Coletivas, Sentidos e Manifestações em Processos de Lutas e de Travessias.