A companhia 28 Patas Furiosas foi criada em 2011 em São Paulo, local em que fica sua sede, o Espaço 28. Desde o início, a pesquisa e investigação cênica central do grupo foi a experimentação da linguagem teatral e o desenvolvimento de espetáculos a partir de dramaturgias autorais.
Algumas de suas obras mais emblemáticas são: Lenz, um Outro (2014), peça criada a partir da clássica novela de Geog Buchner; A Macieira (2016), espetáculo inspirado no universo literário de Herta Muller, e PAREDE (2019), montagem que recupera a vida e obra de Qorpo-santo, um dramaturgo gaúcho.
A concepção de seus trabalhos sempre busca dialogar também com outras formas artísticas, nesse sentido o grupo propõe um hibridismo, no qual as montagens não apresentam hierarquia entre instalação, pintura, performance, música e poesia. Pelo contrário, é a partir da reflexão sobre a materialidade de tais elementos que nasce o fio narrativo e criativo dos espetáculos. Além disso, instabilidade e a procura por novos modos de existência são pautas recorrentes; o coletivo surgiu em um período político crítico na cena brasileira, entre 2013 e 2020, por isso muito do que ocorreu foi transposto para palcos através de mitos que buscaram aludir às situações atuais. Assim, em seu relato, a 28 Patas Furiosas comenta como são articuladas tais ideias:
“A escolha por fazer essas narrativas de forma mítica se dá pela própria natureza da pesquisa, ou seja, a ideia de instabilidade e fluxo. Mito é instabilidade, pode-se acessá-lo e lê-lo por vias diferentes, além de permitir o encontro com outras formas de narrar (que não a cartesiana) e outras maneiras de criar imagens, gerando novas possibilidades de leitura”.
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Portanto, o coletivo aproveita o espaço cênico de maneira expressiva, fazendo uso das dramaturgias da luz, do som, das palavras e dos corpos, para que tal caráter mítico seja construído no momento do espetáculo diante do público.
Para a companhia, o teatro é multifacetado e rico em atribuições, o que o torna um espaço propício para troca mútua e compartilhamento de diversas perspectivas acerca da realidade. Tendo isso em vista, eles explicam a expectativa e pretensão de seus trabalhos com relação a arte teatral:
“Nosso teatro quer desestabilizar as estruturas de entendimento, estéticos e ético, para causar o desconforto, a desconfiança, a curiosidade e, dessa maneira, provocar o público a remontar as estruturas de múltiplas formas”.
Mais infos sobre a Cia. 28 Patas Furiosas estão no livro Teatro de Grupo, uma publicação do Selo Lucias, braço editorial da ADAAP, associação que gere o projeto da SP Escola de Teatro.