
foto por: Sylvia Sanches
A Cia. Triptal de Teatro, assim como outros grupos originados na década de 1990, foi construída por um conjunto de jovens aspirantes ao ofício teatral, em um momento de revitalização e a formação de novos profissionais das artes cênicas.
Por meio da orientação de Elias Andreato e Carlos Moreno, do Projeto Didática da Encenação, coordenado por Roberto Lage. Para definir os rumos que seriam tomados pela companhia, houve uma intensa troca, a abertura de um espaço de diálogo, a colisão de perspectivas e o compartilhamento constante de experiências pessoais. Além de um estudo continuado através do aprimoramento técnico e da leitura de materiais diversos, foi a partir desses processos que o grupo começou a descobrir qual seriam os assuntos que gostariam de comunicar a plateia:
“Nessas décadas de existência, com o desejo/propósito de criar uma Companhia de repertório, temos levado ao público, sem qualquer distinção de condição e classe social, a reflexão sobre temas humanos e com grande carga de emoção e de beleza.”
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Sempre fundamentados na prática do ator criador e respaldados por muito estudo e pesquisa, a Cia já levou aos palcos grandes autores, como Maria Clara Machado, Martins Pena, Eugene O’Neill, aos mais diversos e improváveis espaços: escolas, centros comunitários, casas de cultura, escolas públicas, praças e igrejas. Sempre buscando investigar o universo infantil, masculino e dos excluídos, a Triptal estabelece seus objetivos:
“Ao completar 20 anos, tendo passado pela busca de uma identidade, fase de profissionalização de muitos de seus integrantes, dissidências e novos encontros, marcamos nossa presença e buscamos contribuir para a história do teatro de São Paulo, tendo clareza do tanto, ainda, a realizar”.
As influências estéticas do grupo são três principais: naturalista, épica e expressionista. Cada uma delas é utilizada em favor da pesquisa sobre a tragédia contemporânea, o ser humano e suas potências simbólicas. Em suma, o grupo utiliza aspectos desses três expedientes citados para, além de ressaltar a beleza estética nas apresentações, também propor uma reflexão.
Diferentes de muitos grupos teatro que durante seu processo criativo realizam um estudo e constroem a dramaturgia coletivamente, fazendo uso da colaboração dos artistas envolvidos, a Triptal busca trazer autores já consagrados. Isso porque para o grupo esses textos têm uma grande importância cultural, ainda mais quando apresentados a camadas da sociedade que têm pouco acesso ao meio artístico. Sobre a relação com o público, a Cia. reforça:
“O nosso projeto artístico envolve o desejo de se colocar como veículo de transformação do ser humano por meio do teatro. Acreditamos que a arte eleva o espírito do homem para além das necessidades cotidianas. Coloca-o numa esfera simbólica, permitindo uma leitura de mundo mais ampla e o estabelecimento de relação intersubjetivas mais generosas.”
Mais infos sobre a Cia. Triptal estão no livro Teatro de Grupo, uma publicação do Selo Lucias, braço editorial da ADAAP, associação que gere o projeto da SP Escola de Teatro.