A SP Escola de Teatro segue em sua série de minibiografias de grandes diretores da história do teatro mundial.
Na lista, há importantes nomes, como José Celso Martinez Corrêa, João das Neves e Ariane Mnouchkine.
Nesta quarta-feira, 26, nossa homenageada é a diretora e atriz Bibi Ferreira, que fez história nas artes cênicas nacionais, principalmente no teatro musical.
Série Grandes Diretores: Augusto Boal
Diretora, atriz, apresentadora, cantora e compositora, Abigail Izquierdo Ferreira, conhecida como Bibi Ferreira, nasceu no Rio de Janeiro em 1922.
De ascendência portuguesa e espanhola, era filha do ator brasileiro Procópio Ferreira e da bailarina argentina Aída Izquierdo. Estreou nos palcos com pouco mais de 20 dias de vida, no colo da madrinha, Abigail Maia, na encenação Manhãs de Sol, substituindo uma boneca que desaparecera pouco tempo antes do início da peça.
Até os 14 anos, participou de óperas e balés, integrando o Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Em 1941, aos 19 anos, estreia como atriz na comédia La Locandiera, com a Companhia Procópio Ferreira no papel-protagonista de Mirandolina.
Série Grandes Diretores: Ariane Mnouchkine
Em 1944, Bibi inaugura a Companhia de Comédias Bibi Ferreira, com o espetáculo Sétimo Céu, e contrata as atrizes Maria Della Costa, Cacilda Becker e a diretora Henriette Morineau. Na década de 1950, recebe o prêmio dos críticos do Rio de Janeiro pela direção de A Herdeira, de Henry James. Contratada pela Companhia Dramática Nacional, dirige, em 1954, Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues.
Anos depois, em Portugal, é contratada como atriz de teatro de revista. Sua interpretação da música Tic-Tac é considerada antológica pelo comediógrafo César de Oliveira.
Nos anos 1960, além de atuar em musicais de teatro e televisão, trabalha em teleteatro. Por sua atuação em My Fair Lady, em 1964, ao lado de Paulo Autran, recebe o Prêmio Saci, em São Paulo. Em 1968, apresenta na TV Tupi o Programa Bibi ao Vivo, que durante dois anos leva à televisão os maiores nomes do teatro.
Em 1972, atua em O Homem de La Mancha, com canções de Chico Buarque e Ruy Guerra, que permanece em temporada durante três anos. Logo após, estréia em Gota d’Água, sob a direção de Gianni Ratto e recebe os prêmios Molière e APCA, pela interpretação de Joana. No ano seguinte, dirige Walmor Chagas, Marília Pêra, Marco Nanini e 50 artistas em Deus lhe Pague, de Joracy Camargo.
Na década de 1980, a notoriedade de Bibi Ferreira faz com que receba os mais diferentes convites. Dirige de textos comerciais a peças de dramaturgia sofisticada, de musicais de grande porte a dramas intimistas. Em 1983, volta aos palcos com Piaf, A Vida de Uma Estrela da Canção, espetáculo de grande sucesso de público e crítica. Por sua atuação, recebe os prêmios Mambembe e Molière.
Nos anos 90, Bibi Ferreira revive seus maiores sucessos remontando Brasileiro, Profissão: Esperança e fazendo um espetáculo em que canta canções e conta histórias de Piaf. Em Bibi in Concert, comemora 50 anos de carreira com mais de anos de temporada. Em 1996, recebe o Prêmio Sharp de Teatro, encena Roque Santeiro, de Dias Gomes, em versão musical, e dirige pela primeira vez uma ópera – Carmen, de Georges Bizet, 1999. Quatro anos depois, em 2003, dirige Antônio Fagundes no espetáculo “Sete Minutos”.
Nunca deixou de dirigir, sempre atenta a detalhes esquecidos pelas novas gerações teatrais como a impostação de voz. Em 2019, aos 96 anos, a diva dos musicais brasileiros morre após uma parada cardíaca em seu apartamento no Rio de Janeiro.