Gabriela Garcia Bueno, aprendiz de Cenografia e Figurino da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco também teve seu trabalho selecionado para a 12ª Quadrienal de Praga. Ela, que trabalha como designer gráfica em uma empresa de comunicação, juntou todas as suas economias para cruzar o atlântico e acompanhar o evento.
Ao lado de suas colegas Maísa Donnini, Roberta Vaz e do aprendiz de Técnicas de Palco Daniel Juliano, Gabriela formou um grupo para fazer uma maquete especial, em um trabalho paralelo aos propostos pela Escola durante o Experimento. Até tirou férias de seu trabalho para isso. “Desde o primeiro dia de aula, quando J.C. Serroni falou sobre a Quadrienal, fiquei entusiasmada em participar do evento. Assim, formamos o grupo e convidamos Charly Ho e Otávio Augusto, aprendizes de Iluminação, para colaborar nessa jornada”, conta Gabriela.
Segundo a aprendiz, o grupo varava noites em busca de soluções criativas para formular a maquete da cenografia do espetáculo “As Rãs”, de Aristóteles. O trabalho se baseou na arquitetura da Casa das Caldeiras, em São Paulo. “O cérebro humano e seus vários caminhos que chegam ao mesmo lugar é o conceito que utilizamos, por isso, escolhemos a Casa da Caldeira como espaço não-convencional”.
Conseguir alcançar as condições para a seleção de projetos da Quadrienal e resolver problemas com a pouca experiência na questão arquitetônica em cena foram as maiores superações do grupo, conta a aprendiz Maísa. “Desde o início de nosso curso, levamos a sério a ideia de participar da Quadrienal, por isso, escolhemos um projeto especial e em um espaço que carrega muita história”, explica a aprendiz que até iniciou aulas de inglês para melhorar sua conversação e trocar experiências internacionais durante o evento.
Juliano conta que o grupo se uniu pela afinidade que tinham e que não integravam o mesmo coletivo do Experimento. “A minha principal motivação é o gosto por esse trabalho todo, o grupo estava unido apesar da pressão e da tensão, tudo foi muito bem conduzido. Sinceramente, eu não tinha pretensão de integrar a mostra, porém, observando nosso projeto durante a construção, passei a ter a sensação de que tínhamos condições de entrar nessa briga e deixei rolar”, comenta.
“A escolha da Casa das Caldeiras foi um ponto muito positivo no projeto assim como a conciliação de materiais nobres e reciclados”, revela Juliano, que foi até no lixo pegar um pedaço de madeira para reestruturar a maquete empenada na parte baixa. “Eu corri, comprei uma serra e dei um jeito de arrumar a maquete pronta em cima da hora da entrega”, explica.
O aprendiz conta que vivia um período turbulento na época da confecção do projeto e dividia seu tempo entre os estudos na SP Escola de Teatro, o trabalho com Zé Celso no Teatro Oficina e o projeto da maquete. “Lembro de pensar que se alguém me perguntasse o que eu fazia da meia noite às seis da manhã, responderia sem pestanejar, maquete!”, brinca, enquanto comemora sua vitória.
Foto Capa: Gabriel Granada durante cena de “As Rãs” | Rodrigo Meneghello
Imagem: sxc.hu