Bruno Motta
Entre os meses de agosto e setembro, a SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco ofereceu duas oportunidades imperdíveis para alguns estudantes de Cênicas. Eles participaram dos cursos de extensão: “Atuação em processo audiovisual”, ministrado pelo sueco Matthew Allen; e “Criação cênica coletiva e o nascimento do solo”, pelo inglês Eliot Shrimpton. Os formadores e aprendizes comentam suas participações.
Criação Coletiva
Em sua terceira visita ao Brasil, Shrimpton foi surpreendido pela rapidez com que os aprendizes conseguiram entender e aplicar os conceitos trabalhados nas aulas. “Foi um privilégio e um prazer trabalhar com eles. Eu aprendi muito”, comenta.
Outros aspectos que impressionaram o coordenador da Guildhall School of Music & Drama foram o caráter político do teatro brasileiro e a criatividade e abertura do time que comanda a SP Escola de Teatro.
Quando questionado se ministraria outro curso na Instituição, ele disse que está preparando um projeto de longa duração, que terá encontros regulares e uma performance. “Isso envolveria um criador de máscaras e um professor da França. Nós já começamos as discussões sobre o tema”, afirma.
Eliot deixa ainda um conselho aos aprendizes: “Nós precisamos tentar fazer teatro na medida em que ele é necessário, tal como é preciso dar um prato de arroz a pessoas famintas”.
O que mais chamou a atenção do aprendiz Denilson Marques de Araujo, que é aprendiz do Curso Regular de Atuação e fez, também, o curso de Eliot, foi a generosidade e o olhar sensível do professor inglês diante do grupo.
“Abrimos a pesquisa com o Eliot falando sobre o ‘espaço seguro’ e que estaríamos juntos durante todo o curso, que não haveria um mestre, e sim, perguntas, dúvidas e provocações. Foi assim que me senti: vivo, seguro, provocado, presente e inquieto durante essa vivência. Ele soube tirar o bobo e o rei de cada um de nós, o impulso interno que pulsa e reverbera no nosso corpo e que nos faz abrir e entrar em cena”, comenta.
Atuação em processo audiovisual
A segunda passagem de Matthew Allen pela SP Escola de Teatro foi marcada por grandes descobertas. “Minhas experiências com o teatro brasileiro foram revigorantes e inspiradoras”, diz o professor da Universidade de Estocolmo. Parece haver uma potente e apaixonada mistura de influências, estilos e gêneros. É muito diferente do que eu estou acostumado, e um tanto excitante. Eu fiquei muito impressionado com o trabalho do Satyros e do Teatro da Vertigem”, explica.
Não faltam elogios do professor à SP Escola de Teatro: “Eu acho que escola é um lugar criativo e vibrante, cheio de vida e experimentação e que as pessoas são muito adoráveis e receptivas. As ideias e métodos de Rodolfo García Vázquez, Ivam Cabral e Maurício Paroni di Casto são muito influentes”.
Allen também encontrou alunos talentosos e apaixonados em suas aulas. “Eles colocam muito de seus corações no trabalho. Trabalhar com pessoas assim é muito recompensador. Uma dica para os estudantes? Eles precisam ser ambiciosos, trabalhar muito, confiar em seus talentos e trilhar seus próprios caminhos”, aconselha.
O aprendiz Rodrigo Gomes Ribeiro, do Curso Regular de Atuação, foi surpreendido pelas técnicas e métodos apresentados pelo sueco. “Apesar de eu ter experiência como ator há alguns anos, parecia tudo uma novidade, pois tecnicamente tudo era desconhecido. Como o curso foi bastante intenso e rápido, aproveitamos o maior tempo possível em frente à câmera e até conhecemos um pouco como manuseá-la, como operar o som, etc. Com a experiência, sinto-me mais à vontade para lidar com esse universo em testes e trabalhos”, relata.