Kil Abreu, consultor pedagógico da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, abriu, hoje (12/08), uma série de debates internos sobre a Pedagogia da Autonomia, proposta pelo educador Paulo Freire.
Durante o encontro, Abreu levantou algumas questões como “A pedagogia se dá por exemplo. Em qual medida estamos empenhados? Qual o limite entre responsabilidade, autoridade e liberdade? E a alteridade, onde fica?”
A proposta destes encontros é estabelecer lugares de pensamento e reflexão sobre o sujeito na criação artística. “O processo educativo tem que se fincar na realidade do educando. Os processos de simbolização devem estar ligados à vida. Só a partir daí, o método de ensino pode passar a ser construído”, disse Abreu, durante o debate.
Segundo ele, para o contexto pedagógico da criação artística pode-se utilizar dos mesmos princípios de Paulo Freire. “Não se aprende o abstrato, aprende-se mesmo, por meio de uma realidade engajada naquilo que realmente interessa. A porta de entrada para o aprendizado é se reconhecer em seu próprio mundo”, comenta.
Abreu acredita que, perante os oito Cursos Regulares da Escola, o corpo docente está cara-a-cara com muitas “gramáticas” e repertórios particulares. “Em cada curso, há a necessidade de um método diferente com um rigoroso processo de ensino. Entretanto, tudo isso está vinculado à necessidade urgente de ensinar, cada aprendiz, a simbolizar e criar seu próprio discurso artístico.”
Ao discutir os modos de apropriação verdadeira do conhecimento artístico, Abreu admitiu que o exercício da autonomia é um trabalho duro, tanto para o corpo docente, o setor pedagógico e a direção executiva da Escola quanto para os aprendizes, mas que deve ser levado a sério e em frente.
Dani Biancardi, formadora do curso de Humor, participou deste primeiro encontro e acredita que a presença de Abreu na Escola é muito significativa por sua experiência. “O tema da Pedagogia da Autonomia me instiga muito por se tratar de um assunto que é núcleo essencial desta Escola: a relação entre o mestre e o aprendiz. Que estes encontros sirvam para iluminar, ainda mais, todas as fases e camadas da nossa Escola”, conclui.
Sobre Kil Abreu
Abreu é pós-graduado em Artes, pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), foi curador dos festivais de teatro de Curitiba e Recife, além de crítico do jornal Folha de S. Paulo, diretor do Departamento de Teatros da Secretaria Municipal de Cultura/SP e coordenador de projetos como o Programa Municipal de Fomento ao Teatro (Lei do Fomento) e Formação de Público.
Como consultor, prestou assessorias a Petrobrás, Instituto Itaú Cultural, Sesc e secretarias de cultura de vários Estados. Tem artigos e ensaios publicados nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, e nas revistas Bravo!, Cult, Cultura/Vozes, Folhetim, Sala Preta e Subtexto.
Texto: Renata Forato