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Priscila Chagas, artista egressa de técnicas de palco da SP, escreve resenha crítica de livros autobiográficos do cenotécnico Jorge Ferreira

Publicado em: 09/08/2022 |

A atriz, cenotécnica, pesquisadora e docente interina da SP Escola de Teatro Priscila Chagas escreveu para o site da Instituição uma resenha crítica especial e exclusiva sobre um dos grandes nomes da área de Técnicas de Palco no Brasil: Jorge Ferreira. O texto se concentra sobre o trabalho do cenotécnico publicado durante a pandemia, são os livros Primeiro Ato (2020) e Segundo Ato (2021) da trilogia Os Invisíveis do Teatro.

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As obras trazem um pouco da biografia do autor, que também é um dos artistas convidados do curso regular da linha de estudos em Técnicas de Palco, e comentam mais sobre o campo e a importância da área dentro das artes cênicas. Do ponto de vista da autora:

“A leitura de ambos os livros é uma aula de história, técnica, política e de coletividade diante das relações de parcerias presentes e estreitadas por esses profissionais.”

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Priscila é mestre pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal de São João del Rei, licenciada em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Ouro Preto (2016). Formada como atriz pelo Teatro Escola Macunaíma (2011) e Técnicas de Palco (cenotécnica) pela SP Escola de Teatro (2018).

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A artista já participou da equipe cenografica do espetáculo Estado de Sítio de Albert Camus, peça que foi indicada ao prêmio Shell 2019, e contou com o trabalho de grandes nomes como Gabriel Villela e J. C. Serroni. Além disso, Priscila possui experiência na área de pesquisa, tendo empreendido pesquisas com ênfase em Teatro e espacialidade na Cenografia, Cenotécnica, Pintura de Arte, Adereço Cênico e Montagem Cenográfica. Atualmente, a pesquisadora também faz um doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio) em Cenotécnica.

 

Confira abaixo o texto na íntegra:

 

Jorge Ferreira, Cenotécnico e Artista convidado da SP Escola de Teatro, publica livros autobiográficos durante a pandemia

Por Priscila Chagas

Durante o período de pandemia que vivemos entre 2020 e 2021, muitos profissionais do setor cultural tiveram seus trabalhos interrompidos diante da necessidade de isolamento para a contenção da propagação do vírus da COVID-19. Um desses profissionais, nosso artista convidado do curso regular da linha de estudos em Técnicas de Palco, o cenotécnico Jorge Ferreira, aproveitou os instantes de reclusão para dar continuidade e concluir um de seus projetos pessoais, que resultou na publicação de dois livros autobiográficos sobre suas experiências no mercado cultural-teatral. Esses dois livros fazem parte de uma trilogia intitulada Os Invisíveis do Teatro, a qual temos acesso ao Primeiro ato, publicado em 2020 e ao Segundo Ato, publicado em 2021.

Jorge Ferreira Silva nasceu em Montevidéu, no Uruguai. Chegou ao Brasil em 1975, com 22 anos, e foi passando pelo antigo Theatro Treze de maio, no bairro de Santo Amaro em São Paulo, que conheceu profissionais da cenotécnica e, como ajudante, começou sua trajetória no ofício. Participou da equipe de cenotécnica da Temporada Lírica de Ópera, no Theatro Municipal de São Paulo, coordenada por Francisco Giacchieri e em 1978, quando essa equipe foi contratada para trabalhos fixos no Theatro, Jorge Ferreira, por questões burocráticas de sua nacionalidade, teve que buscar outras formas de continuar as atividades no meio teatral. É justamente esta busca de Jorge Ferreira em manter o exercício da cenotécnica na capital paulista, que ele, brilhantemente, nos relata em seus livros autobiográficos.

O ofício da cenotécnica faz parte das áreas de conhecimento e atuação presentes na formação da linha de estudos em Técnicas de Palco (cenotecnia), um dos oito cursos regulares ofertados pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco. Estes profissionais são responsáveis pela construção, montagem e operação de projetos cenográficos para eventos teatrais, audiovisuais e comerciais. São profissionais dos bastidores que formam potenciais equipes para proporcionar a realização dos espetáculos ao qual contemplamos Brasil afora e que, por sua vez, tornam-se invisíveis à divulgação e participação.

Com muita generosidade, nessas publicações, Jorge Ferreira expõe detalhes de suas experiências profissionais, nos apresenta sua paixão e dedicação pelo ofício da cenotécnica e nos possibilita à compreensão de um movimento político importante para regulamentação das categorias profissionais teatrais na década de 1970. Em Os Invisíveis do Teatro – Primeiro Ato conhecemos o início da carreira de Jorge Ferreira, sua chegada ao Brasil, seus primeiros parceiros, os trabalhos executados com a Cooperativa Paulista de Teatro e a idealização e realização do Laboratório de Artes Cênicas, que engloba o período de 1970 a 1980. Já em Os Invisíveis do Teatro – Segundo Ato acompanhamos as transformações no processo construtivo da cenotécnica entre 1980 e 1990. Esta autobiografia nos permite mais que reverenciar a carreira de um profissional dedicado e exemplar como Jorge Ferreira, mas, também, nos permite conhecer uma parte silenciada da história do teatro brasileiro, pelo olhar de um profissional ativo e participativo. A leitura de ambos os livros é uma aula de história, técnica, política e de coletividade diante das relações de parcerias presentes e estreitadas por esses profissionais. Garanto que, com a leitura, você irá descobrir que já assistiu um ou mais espetáculos em que a cenografia foi construída, montada e operada pelas mãos Jorge Ferreira e sua equipe. Equipe esta, que hoje é composta também por estudantes egressos e ingressos do curso de Técnicas de Palco da SP Escola de Teatro, como: Deoclecio Alexandre; Lara Gutierrez; Tete Rocha; Giovanna Guadanholi; Pedro Ferro; Karen Luizi; Octávio Teixeira; Bruno Guadanholi; Marcelo Machado; Andréia Mariano; Raissa Milanelli; Hélia Labella; entre outros.

Esperamos, ansiosamente, a publicação do Terceiro Ato dessa trilogia que representa a memória do trabalho da cenotécnica.




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