No século XVII, a plateia que ocupava os teatros da Europa era agitada e barulhenta. Para acalmar o público, as peças eram escritas com cenas iniciais que impunham silêncio. Já na época de Gil Vicente, por volta do ano de 1500, esses sinais eram manifestados por meio de gritos.
Inconformado com essa situação, o dramaturgo francês, ator e encenador, Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière, considerado um dos mestres da comédia satírica, teve uma ideia que modificaria para sempre esse comportamento. Foi ele quem deu origem ao mais conhecido método de avisar a plateia que o espetáculo iria começar.
Em princípio, sem nenhuma formalidade e de maneira quase aleatória, Molière tentava acalmar o público com várias pancadas, batendo no chão com batutas ou um pedaço de madeira. Em seguida, quando já havia conseguido acalmar a ruidosa platéia, vinham três pancadas em sequência, indicando que o espetáculo iria começar.
Hoje, as pancadas de Moliére foram substituídas por outros sinais sonoros e identificamos o início do espetáculo ao ouvir soar o último das três avisos, o terceiro sinal. As duas campainhas anteriores que soam em intervalos de minutos indicam que todos devem entrar na sala de espetáculos e, em seguida, ocupar os seus lugares.
Por outro lado, há quem diga que as famosas “pancadas de Molière” podem ter surgido em função das especificidades do fazer teatral no período. As apresentações eram realizadas no Palácio de Versalhes, residência do rei Luiz XIV e sua corte, em um ambiente no qual não havia divisão rígida entre palco e plateia. Como a corte era ruidosa e não havia iluminação elétrica naquela época, o modo encontrado de marcar o início do espetáculo foi através de ruídos.