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Ponto | Teatro do Absurdo

Publicado em: 29/11/2011 |

Início da segunda metade do século XX. O mundo ainda vivia o clima de depressão e insegurança causado pela Segunda Guerra Mundial. Nesse ambiente, nasce uma das tendências teatrais mais importantes desse período, que, mais tarde, ganharia o título de “teatro do absurdo”, representado por dramaturgos como Samuel Beckett, Eugène Ionesco, Arthur Adamov, Harold Pinter e Fernando Arrabal.

 

Tendo como marco inicial as peças “Esperando Godot”, de Beckett; e “A Cantora Careca” e “A Lição”, de Ionesco, os dramaturgos do absurdo adentram temas relacionados a atmosfera de solidão e incomunicabilidade vivenciado pelo homem moderno, utilizando recursos completamente fora do padrão da dramaturgia tradicional realista. Daí, logicamente, advém o nome “teatro do absurdo”.

 

Além da novidade na própria forma das peças, estes autores empregam elementos presentes em diversos momentos da arte. Assim, incorporam ao seu formato os mimodramas, a commedia dell’arte; os espetáculos de music hall e vaudeville; a comédia de nonsense; os movimentos artísticos de vanguarda do início do século XX – como o expressionismo e, principalmente, o dadaísmo e o surrealismo –, e, ainda a literatura de James Joyce e Franz Kafka; o cinema de Charles Chaplin, Buster Keaton, Oliver Hardy e Stan Laurel e dos irmãos Marx; e o teatro de Alfred Jarry.

 

O teatro do absurdo tem como característica unir comicidade ao sentimento de perda de referências do homem moderno. Faz, também, um paralelo com a ciência, responsável pela superação de antigas “certezas” e com as artes plásticas, que elevam o abstracionismo como uma forma de arte tão válida quanto o figurativismo.

 

Dessa forma, por meio de recursos como situações banais, frases feitas, movimentos repetitivos e construções sem sentido, esses autores criam um universo que, apresar de absurdo, tem conexões com o nosso cotidiano. O enredo, muitas vezes, é quase inexistente, sobrando como estrutura o constante circular de situações gerais.

 

No Brasil, essa tendência chega com a montagem de “Esperando Godot”, encenada na Escola de Arte Dramática (EAD), na década de 1950. Em seguida, Luís de Lima realiza montagens de textos de Ionesco. Nas duas décadas seguintes, os textos do teatro do absurdo continuam a ser encenados. Em 1969, por exemplo, Cacilda Becker participa de “Esperando Godot”, dirigida, desta vez, por Flávio Rangel. Outro destaque vai para “O Arquiteto e o Imperador da Assíria”, de Arrabal, levado ao palco do Teatro Ipanema, em 1971. 

 

Vários elementos do teatro do absurdo permanecem vivos até hoje, como o estranhamento entre os temas e personagens, referências simbólicas e oníricas e a ausência de linearidade nas peças, sejam elas de vanguardas ou ligadas à tradição. 

 

 

Texto: Felipe Del

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