Não pronuncie esse nome, é perigoso!
“The Scottish Play” (A Peça Escocesa) é a maneira de se referir à inominável “Macbeth”, tragédia do dramaturgo inglês William Shakespeare. Envolta em mistérios e superstições, a peça é considerada amaldiçoada. Muitos acreditam que sempre que a montagem do espetáculo é feita, alguma tragédia pode acontecer e que dizer seu nome em voz alta dentro de um teatro, atrai azar.
Escrita por volta de 1605, a obra narra o plano de conspiração da ambiciosa Lady Macbeth e seu marido para assassinar o Rei Duncan e assumir o trono escocês. O autor de “Romeu e Julieta” buscou inspiração em fatos reais registrados nas “Crônicas da Inglaterra, Escócia e Irlanda”, de 1587, e recriou a situação histórica da Inglaterra do século XVI. O clima sombrio da história é habitado por bruxas videntes e fantasmas que atormentam seus assassinos.
Em mais de 400 anos, a obra já foi adaptada para o cinema, televisão, ópera e quadrinhos. No cinema, o italiano Mario Caserine se arriscou em 1908; o austríaco Richard Oswald 13 anos depois; o norte-americano Orson Welles, em 1948; o japonês Akira Kurosawa, em 1957, e o polonês Roman Polanski, no início da década de 1970. No teatro brasileiro, a adaptação de Aderbal Freire-Filho e João Dantas levou aos palcos Daniel Dantas e Renata Sorrah como Lady Macbeth.
“A maldição” seria pelo fato de as bruxas serem uma parte importante da história e o lado sombrio das criações de Shakespeare. Embora elfos, fadas e duendes habitem suas obras, “Macbeth” invoca as trevas e a feitiçaria.
A primeira história aconteceu numa época em que as mulheres não podiam atuar. Em 1606, um menino que interpretava Lady Macbeth morreu durante as apresentações. Ninguém soube explicar a causa e nem mesmo confirmou-se a morte, mas o boato se espalhou e, ao longo do tempo, muitas coisas inusitadas aconteceram em outras montagens.
Em 1964, o Teatro Nacional D. Maria II, em Portugal, estava com a montagem de Macbeth em cartaz. A construção foi destruída por um incêndio e permaneceu em ruínas até ser reformada em 1978. No Brasil, os eventos foram parecidos. Entre luzes que despencam e outros acontecimentos estranhos, em 1992, “A Maldição” mirou em um grupo e um teatro de São Paulo. A montagem dirigida por Regina Galdino iria se apresentar no Teatro Arthur Rubinstein, do Clube A Hebraica, e momentos antes de o elenco chegar, o teatro foi totalmente destruído por um incêndio. O grupo também foi para Santos, litoral de São Paulo, e no meio de uma apresentação, um refletor caiu e quase atingiu um dos atores.
Coincidência ou não, muitos artistas evitam produzir ou atuar a peça e até mesmo falar sobre ela. Aos que se aventuram, cuidado com Macbe… SHHHHHH!
Texto: Leandro Nunes