Aprendizes durante Território Cultural (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Nem o tempo chuvoso foi capaz de atrapalhar o Território Cultural oferecido pela SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco deste sábado (20/8). Foram onze atividades apresentadas na Escola ao longo do dia e duas visitas a exposições.
Logo às 9h, uma série de atrações dominaram o prédio da Instituição. Fernando Azambuja, aprendiz de Iluminação do Módulo Vermelho, contou, com a ajuda de fotos e outros materiais, sua experiência da viagem aos EUA, onde participou do encontro Create, Understand, Experience (CUE), um evento anual promovido pela Electronic Theatre Controls (ETC), em Madison. Antes disso, o aprendiz deu algumas explicações sobre os equipamentos luminotécnicos da ETC e sobre a natureza desse acontecimento.
A especialista em Gestão Cultural e Elaboração de Eventos, Ana Paula Galvão, ministrou uma palestra sobre produção cultural traçando um perfil da profissão e abordando a forma como ela é enxergada no Brasil. “Não é uma profissão reconhecida no País. Temos pouquíssimos cursos universitários e geralmente são escolhidos profissionais graduados em Jornalismo ou Relações Públicas, por exemplo.”
Durante a palestra, Ana Paula falou também sobre as características exigidas para se obter êxito na área. Segundo ela, saber falar outras línguas – especialmente o inglês, – além de manter boas relações e tentar se aprofundar em várias generalizações, pode ser decisivo para a trajetória daqueles que querem seguir esta profissão.
Ana Paula Galvão, durante palestra (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Em paralelo ao silêncio durante a palestra de Ana Paula, o que se ouvia ao lado era um misto de batuque de pés e palmas. Isso era fruto da oficina prática com Maurício Maas, integrante do grupo Barbatuques. O tema do encontro era percussão corporal. Nele, participantes realizaram exercícios e jogos utilizando-se apenas dos sons produzidos pelo corpo.
Gustavo Guimarães e Luciano Tito, ambos aprendizes do curso de Humor da Escola, se divertiram e aprovaram as atividades. “Foi muito bacana. Nos levou, de certa forma, de volta ao universo infantil. A possibilidade de fazer som partindo do lado lúdico aumenta nossas possibilidades de utilização do corpo em cima do palco e em toda nossa vida. É um verdadeiro encontro de signos e de mundos”, destacou Tito.
Já no andar de cima, o povo brasileiro – mote de estudos dos aprendizes do Módulo Amarelo – e sua relação com a arte popular, foram os assuntos discutidos. Os interessados puderam acompanhar o compositor Leandro Medina e a atriz, dançarina e cantora Andrea Soares, mergulhando nos séculos passados para revisitar a história dos índios e dos colonizadores e, assim, desenrolar um fio cronológico que leva à arte que conhecemos hoje.
Enquanto isso, o primeiro ciclo de leituras dramáticas com os aprendizes de Direção do período vespertino foi realizado. “A Decisão”, de Bertold Brecht e “Mauser”, de Heiner Müller, foram os textos selecionados e dramatizados com o acompanhamento certeiro do coordenador do curso, Rodolfo García Vázquez.
O mesmo Vázquez também estava presente, alguns minutos antes, no encontro entre os aprendizes proponentes dos projetos do Edital Bolsa Estímulo do Módulo Vermelho e integrantes da comissão selecionadora, composta por ele; Joaquim Gama, coordenador pedagógico da Escola; Francisco Medeiros, coordenador de Atuação; e outros formadores e artistas do corpo docente da Escola.
Durante mais de três horas, os aprendizes levantaram questões e pediram esclarecimentos sobre vários aspectos, como os critérios utilizados para aprovação e a forma como eles serão colocados em prática durante o semestre. Entre as respostas e discussões, Vázquez fez questão de alertá-los para algo importante: “a Escola vai investir uma verba de aproximadamente 60 a 70 mil reais entre os grupos desse trabalho. Muitos coletivos teatrais gostariam de ter a verba que foi definida para vocês. Portanto, não desperdicem essa oportunidade”.
As aprendizes de Sonoplastia Danuza Silva, Mariana Paudarco, Monique Salustiano e o formador Martin Eikmeier (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Em contraste ao tom sério da reunião, às 12h, a música e a animação tomaram conta da apresentação feita pelos aprendizes de Sonoplastia do período matutino que, para compor 12 canções, se dividiram em grupos e tiveram como base trechos do livro “Memórias Sentimentais de João Miramar”, de Oswald de Andrade.
Violão, guitarra, contrabaixo, flauta, bateria, teclado e, claro, vocais, fizeram parte da exibição. Uma das músicas contou, inclusive, com a participação do formador Martin Eikmeier, que assumiu o teclado e arrancou aplausos dos espectadores.
Entre uma apresentação e outra, às 10h30, quem atravessou o pátio da Escola foi surpreendido por uma intervenção. Luciene Faquinelli, de Humor, representava a passagem de Módulos da Escola, retratando de forma cômica as mudanças e expectativas para os novos períodos.
Um ônibus saiu da Escola rumo ao Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, onde estão expostas mais de 5 mil obras que retratam o universo cultural africano e afro-brasileiro.
Depois de uma manhã repleta de atividades, o Território Cultural ainda reservava uma grande programação que se estendeu das 14h30 até as 18h30. Já no início deste período, mais um ônibus cheio de aprendizes partiu da SP Escola de Teatro também em direção a um museu.
Desta vez, porém, ao Museu de Artes de São Paulo (Masp), para acompanhar a exposição “De Dentro e de Fora | Inside Out, Inside In”, uma mostra de arte urbana contemporânea na qual oito artistas estrangeiros expõem obras em paredes de madeira, além de realizar intervenções artísticas.
A atriz Marlene Fortuna durante workshop (Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Simultaneamente, os atores que pretendiam enriquecer seu repertório participavam de um exercício comandado pela atriz Marlene Fortuna. Em “O Ator Camaleônico – Poeta das Emoções, dos Desenhos do Corpo, da Voz e dos Estilos”, os participantes trabalharam sua diversificação física, vocal e emocional.
Maurício Maas, integrante do Barbatuques, retornou para ministrar seu workshop de percussão corporal, a uma nova turma. Já às 15h30, Juliana Jardim, artista residente do curso de Humor, coordenou aprendizes do Módulo Amarelo no exercício “Do Texto ao Jogo”, que consistia na apresentação de cenas baseadas no conto “Do Diário de um Auxiliar de Guarda-Livros”, de Tchecov. Também foram realizadas narrativas-solo autorais, a partir de “A Gaivota”, texto estudado no semestre passado.
Texto: Felipe Del