A nova peça que entra em cartaz na SP Escola de Teatro Digital aborda um tema extremamente atual e polêmico: a vida dos profissionais de telemarketing.
Viva Voz, escrita e dirigida por Herácliton Caleb, estudante egresso de atuação da Escola, cumpre temporada de 2 semanas a partir da próxima quarta-feira, 17, às 20h.
O texto, que já foi publicado pela Editora Efêmera em sua seleção de Peças Curtas, é encenado nos palcos pelos atores Lui Vizotto e Marina Merlino.
Eles interpretam dois operadores de call center que trabalham no turno da madrugada, conhecido como o “horário dos loucos”. Enquanto desenvolvem uma divertida amizade e tentam burlar o tédio do horário, um novo funcionário entra em cena e propõe um outro modo de se portar no ambiente profissional, o que altera perceptivelmente a visão de mundo deles.
“ Meu objetivo com o espetáculo é o de retratar pessoas comuns e suas relações. Essa é a maior ambição de Viva Voz, pois sinto que talvez estejamos cansados de heróis e seus percursos precisos e previsíveis”, explica Caleb, que se inspirou no tempo em que trabalhou como funcionário de telemarketing, quando ainda era muito jovem, para desenvolver a dramaturgia.
Em entrevista ao site da SP Escola de Teatro, o artista revela como surgiu a ideia do projeto, as dificuldades e alegrias do teatro digital e o que o público pode esperar da peça Viva Voz. Confira!
SP Escola de Teatro: A história surgiu após a sua vivência com operador de telemarketing. Qual é o seu objetivo com o espetáculo? Mostrar a rotina estressante dessa dinâmica de trabalho ou o lado positivo e animador dela?
Herácliton: A narrativa surge das minhas reminiscências como operador de telemarketing e de um sonho muito marcante que tive. Eu então fiz o ‘sexo’ das ideias – Um dispositivo recorrente no meu trabalho – e cheguei nessa história inusitada que chamei de Viva Voz. Essa é uma peça que trata dos não-heróis, de pessoas comuns iguais às que encontrei no caminho. O que eu fiz foi imaginar essas pessoas enfrentando uma situação surreal. Tenho o desejo de jogar luz para o fato que, apesar de se tratar de um ambiente onde há exploração, há muito companheirismo por parte dos trabalhadores – como das figuras principais. Eu conheci muita gente interessante e fui feliz por alguns períodos, principalmente no horário da noite – o horário retratado na peça.
SP: Como é dirigir um espetáculo digital? Você sente que é mais desafiador ou já está adaptado ao formato e acha ele dinâmico e acessível?
H: É uma aventura sem mapa. Não tem como ir muito preparado para os ensaios. O grande desafio é estar aberto para encontrar as soluções com a plataforma e com os atores. Ao mesmo tempo, eu sinto que a lida com a linguagem híbrida é algo bem intuitiva porque estamos o tempo todo conectados e fazendo uso da tecnologia. Além disso, há o fato da gramática audiovisual ser facilmente assimilada por quem assiste a muitos filmes – tanto público como artistas. Então o caminho é se conectar e ouvir a intuição no corpo a corpo com a linguagem. Por fim, a acessibilidade que se consegue numa obra digital é realmente incrível. Pessoas de outros países nos viram – o que seria difícil se fosse presencial.
SP: O que os espectadores da SP Escola de Teatro Digital podem esperar do espetáculo?
H: O público pode esperar um experimento sobre duas pessoas comuns vivendo uma situação inusitada e surreal no ambiente de trabalho; regado por pitadas de comicidade e mistério ou alguma coisa de outra ordem que eu não sei dizer.
SERVIÇO
Texto e direção: Herácliton Caleb
Atores: Marina Merlino e Lui Vizotto.
Quando: Quartas-feiras (17 e 24) e quintas-feiras (18 e 25)
Ingressos gratuitos, mas quem quiser colaborar com os artistas pode adquirir por R$ 10, R$ 25 ou R$ 50.
Plataforma Sympla da SP Escola de Teatro
sympla.com.br/spescoladeteatrodigital
Duração: Aproximadamente 30 min
Por Luiza Camargo