Um livro organizado pelos pesquisadores Aleksandar Dundjerovic, da University College Cork (Irlanda), e Luiz Fernando Ramos, da USP, e editado nos Estados Unidos reúne 15 entrevistas com diretores, coreógrafos e performers brasileiros cujos trabalhos são criados a partir de trabalhos colaborativos. “Brazilian Collaborative Theater” (McFarland & Company) inclui artistas de estados como Bahia, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo.
Entre os entrevistados está o coordenador do curso de Direção da SP Escola de Teatro, o diretor Rodolfo García Vázquez. Ele é co-fundador da Cia. Os Satyros, junto com o diretor da Escola, Ivam Cabral. Surgido em 1989, o grupo é um dos mais emblemáticos do teatro nacional por radicalizar a moral e os bons costumes nos seus trabalhos, abordando temas como sexualidade, pudor, exclusão e grupos sociais marginalizados.
Na entrevista a Aleksandar Dundjerovic, Rodolfo Garcia Vásquez fez um apanhado a respeito do teatro brasileiro como identidade. Ele traça um breve panorama sobre a forma como se desenvolveu a dramaturgia nacional desde a década de 1950 — sobretudo com o surgimento do teatro moderno profissional, a partir do Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).
Vázquez também lembra a Dundjerovic que, ao criar Os Satyros, ele e Ivam Cabral não tinham muitas referências de fora do Brasil, pelo regionalismo ser algo impossível de se fugir naquela época. Foi por isso, segundo ele, que a dupla Iniciou os estudos nas artes dramáticas tendo como referência o teatro ritualístico do diretor José Celso Martinez, do Teatro Oficina.
Como diretor, Vázquez entendeu que o trabalho em grupo, a responsabilidade pelo coletivo, estar em um processo criativo em grupo é uma manifestação de teatro político.