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Memes, filtros e efeitos sonoros levam Dias Gomes para as redes sociais em “Zé do Burro no TikTokVerso”

Publicado em: 05/12/2020 |

Por Maria Cancian, especial para SP Escola de Teatro

 

Zé Burro no TikTok Verso é uma peça online com uma miscelânia de críticas e informações que transitam entre clássicas e contemporâneas, sendo elas reveladas em seu próprio título.


Trata-se de uma adaptação livre da peça O Pagador de Promessas, de Dias Gomes. Conta a história de um homem simples que sai do interior da Bahia e vai até a capital para pagar uma promessa que fez a Santa Bárbara, prometendo-lhe que, caso seu burro fosse curado, ele levaria uma cruz – tão pesada quanto a de Jesus – até a Igreja de Santa Bárbara, em Salvador. O burro melhora e Zé inicia assim sua peregrinação rumo às peripécias de sua trágica história. 

 

A adaptação teatral traz uma linguagem voltada às redes sociais (o que inclusive pode atrair jovens espectadores ao mundo de obras clássicas), mais precisamente ao aplicativo TikTok. O app tornou-se viral nestes tempos de pandemia. Com amplos recursos de edição, tem-se ali vídeos que podem ser criados e compartilhados, com curta duração, de até 60 segundos. Cada cena previamente gravada da peça é composta por um vídeo que faz alusão ao aplicativo, usando a seu favor filtros, efeitos sonoros, memes clássicos que viralizaram no app, entre outros elementos.

Com um boa dinâmica nas cenas e transições, a peça cômica tem exatamente 14 minutos e consegue tratar de assuntos trágicos vividos pelo protagonista e que são assustadoramente contemporâneos, tais como a intolerância religiosa, xenofobia e corrupção, além da adição de críticas atuais, como o sensacionalismo da imprensa e o poder perigoso do imediatismo das mídias sociais.

A peça de Alain Catein e Rodrigo Gil é exibida de forma online via Instagram, podendo ser assistida no IGTV da companhia Sofá pro Alto (@sofaproalto). 

 

* Maria Cancian é participante da oficina olhares: poéticas críticas digitais, oferecida pela SP Escola de Teatro e ministrada pelo crítico Amilton de Azevedo, que supervisiona a produção e edita o material resultante.




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