Mariana Ferraz, estudante do curso de atuação da SP Escola de Teatro, lançou nos últimos dias o livro tantos estados da água, pela editora Urutau.
Além de atuar e escrever, a jovem também é historiadora e pesquisadora, mestre em História pela USP e especialista em Arte como Interpretação do Brasil pela FESPSP, além de estudar voz e canto popular há mais de dez anos.Segundo Mariana, a palavra sempre esteve presente em todos os âmbitos de sua vida: “Em minha atuação no teatro, em meus estudos de voz, em meus trabalhos acadêmicos: todos os meus processos criativos, artísticos ou não, sempre envolveram a palavra. Minha forma de lutar, sobreviver e transcender neste ‘tempo que nos toca viver’, como diz a dramaturga Cláudia Schapira, sempre se deu por meio das letras: a palavra, para mim, é energia simultânea de comunhão, vértebra, miragem e gozo”.
Ela comenta que os 60 poemas que compõem as quatro partes da obra foram escritos principalmente ao longo de 2021 e partem de uma espécie de “mapeamento semântico” sobre a temática da água, apresenta um percurso narrativo de transformações e correntezas que, de acordo com a autora, exalta principalmente a instância de mutabilidade inerente ao referido elemento:
“Tenho uma relação bastante profunda com a água, sobretudo quanto a sua natureza de estado portadora de um potencial constante de transformação: carrego o mar em meu nome e tendo à experimentar muitos de meus processos de forma análoga aos tais tantos estados da água que intitulam o livro — num instante sólida, num rompante líquida, vezes gasosa/gozosa, vezes sublime –. Entre trabalhos acadêmicos e projetos artísticos, comecei a perceber certa urgência de versar sobre a água que se sobrepunha inclusive ao próprio desejo de fazê-lo: quando me dei conta, tinha um montante de textos que clamavam pela tempestade coletiva e pela revelação do aguaceiro”.
Mariana revela, também, o fato do livro ser um uma celebração à importância das mulheres nas artes em geral: “Fomos relegadas, violentadas e silenciadas durante séculos, obliteradas por uma estrutura capitalista e patriarcal que segue nos tolhendo e sufocando em múltiplos aspectos, e se hoje muitas de nós podemos ocupar espaços públicos, estar nos palcos e publicar livros, é sobretudo graças à rebeldia e à insurgência de nossas ancestrais. Muito foi feito por nós e nós também temos feito muito, é verdade, mas ainda existem inúmeros grilhões a serem rompidos: devemos seguir em movimento, reverenciando as que vieram antes e lutando por aquelas que ainda virão”.
tantos estados da água está à venda no site da Editora Urutau AQUI