Conheci Alberto Guzik no início dos anos 80. Na época, ele era crítico de teatro do Jornal da Tarde, tinha assistido a “De Braços Abertos” e me lembro e que a primeira vez que conversamos não falamos de teatro, mas de paixão. E disso ele entendia bastante. Não foi por acaso, portanto, que a nossa amizade tenha se estreitado depois da morte do Edmar. Acho que fui uma das primeiras “testemunhas prévias” de “Risco de Vida”, 1995, como ele mencionou na dedicatória do livro, cuja orelha redigi, a seu pedido. Não se tratava apenas de um romance sobre paixão e morte, mas de um vasto panorama da vida cultural da cidade de São Paulo, das tribos que ele frequentava, dos sonhos e loucuras que construía para resistir ao sombrio pano de fundo daquele início da década de 90. Um dia lhe disse que “Risco de Vida” também podia se chamar “Nós que nos Amávamos Tanto”, como o filme do Ettore Scola, posto que era uma história de amor, amizade, solidariedade e compaixão.
E, quando todos esperavam, inclusive Sábato Magaldi, que Guzik fizesse carreira acadêmica, ele foi fazer teatro. Mas afinal não foi lá que ele começou ainda menino atuando em “Peter Pan”? No palco ou na plateia, não importava: ele não tinha medo de se expor e de arriscar, pois nenhuma das paixões de Guzik foi maior nem mais permanente que o teatro.