Escritor, crítico de teatro e coordenador de projetos internacionais da SP Escola de Teatro, Marcio Aquiles lança, nesta quarta (25), seu novo livro de poemas, “O Eclipse da Melancolia” (Editora Patuá). O evento de lançamento acontece na livraria e café Patuscada, na Vila Madalena, a partir das 19h, com entrada gratuita.
“O Eclipse da Melancolia” percorre, por meio de 79 poemas, desde a criação do universo a reflexões sobre ciência e arte. Outros temas abordados incluem o desenvolvimento dos seres vivos e poemas sobre a natureza do pensamento. Na ocasião, o livro, que já pode ser comprado online, estará à venda por R$ 38.
Marcio Aquiles é pesquisador nas áreas de literatura, teatro e cinema. Também é membro da Associação Internacional de Críticos de Teatro (AICT-IATC) e da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Entre seus livros estão “O Amor e Outras Figuras de Linguagem” e “O Esteticismo Niilista do Número Imaginário”.
Confira três poemas retirados de “O Eclipse da Melancolia”, publicados no caderno Ilustríssima do jornal Folha de S. Paulo no último domingo (22).
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criaturas aquáticas
navegam pelas águas submersas
cobertas de espessas camadas em fuga
do eclipse marinho azul-celeste
as atraentes criaturas aquáticas
linfas dançam na hidrosfera
do anidro rente à falésia
enquanto moças de regata
cortam o horizonte selvagem
mas o que ninguém sabe
velada no arrife serpejante
repousa a ninfa flutígena
desnuda e reativa às hidrografias
dos moços terrestres insensíveis
à sua simpática melopeia
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criaturas terrestres
o réptil cava na areia
em busca do inseto sibilante
que nas horas vagas
toma sol junto ao fariseu
torpes cactos ativos
na mente dos aventureiros
de pedra e cal hirto
presos na cavidade óssea
ao triturar a consciência
entristecem o entardecer
das criaturas terrestres
o lastro escondido sob panos
é o coração quente de afeto
que bate pela miragem salgada
—
criaturas aéreas
suba atmosfera ilustre
eleve-me aos hálitos de ozônio
onde a cosmonauta de sorriso
velado me espera em nave
com ferramentas isobáricas
e um aneroide magnético
feitos para apaziguar
o suplício de Tântalo
a esplendecência do vácuo
oculta o impulso que gravita
a órbita do sol intermitente
dispersam-se em devaneios
e sonhos metafóricos
duas criaturas aéreas