Em seu sétimo livro, “A Odisseia da Linguagem no Reino dos Mitos Semióticos” (Editora Primata, 176 páginas, R$ 35), o escritor e crítico teatral Marcio Aquiles, responsável pelos projetos internacionais da SP Escola de Teatro, aborda mitologias de diferentes épocas e geografias. São deuses, heróis, demônios, anti-heróis e oráculos oriundos das tradições grega, egípcia, japonesa, hindu, tupi-guarani, maia, iorubá, entre outras. Na narrativa, os mitos estão presos dentro do objeto físico e semântico do livro, tentando descobrir onde estão e por quê.
O livro já está disponível para compra no site da editora. O lançamento online é neste sábado (9), com a realização de um sarau virtual, em que 30 artistas realizam leituras e vídeo-performances a partir dos poemas do livro. Entre eles, Nicole Puzzi, Raul Barretto, Matteo Bonfitto, Dan Nakagawa, Robson Catalunha, Bárbara Salomé, Henrique Mello, Elen Londero, Juan Manuel Tellategui, Luiza Gottschalk e Gustavo Ferreira. O sarau poderá ser assistido a partir de amanhã, no YouTube.
“A questão do confinamento, seja material ou metafísico, é recorrente em meu trabalho. Tenho uma peça, por exemplo, em que os personagens estão presos, sem entender como, dentro de um poema do Mallarmé. Por sua vez, no meu último romance, ‘O amor e outras figuras de linguagem’, tem um personagem metaficcional, uma entidade etérea perdida nas entrelinhas do livro, enquanto cruza com os personagens concretos. Enfim, este trabalho novo, que eu terminei de escrever em abril de 2019, contém essas entidades aprisionadas dentro do livro. A quarentena e o consequente isolamento social trouxeram uma infeliz e assombrosa coincidência com esse momento histórico terrível”, afirma o autor.
Na obra, o mito é compreendido em sua forma expandida. Assim, além das divindades e criaturas mitológicas, existem também referências atuais, como Google, representação do oráculo contemporâneo. Embora seja uma narrativa contínua, a obra é dividida em 158 sonetos, cujos títulos representam essa variada tipologia de mitos: Zeus, Anúbis, Ceuci, Fu Xi, Iemanjá, Nosferatu, entre outros. “A proposta é que a leitura seja como num romance, sequencial, mas os sonetos funcionam também para serem lidos individualmente”, reforça o autor.
Quem faz o prefácio para a obra é o Prof. Dr. Agnaldo Rodrigues da Silva, da Universidade do Estado de Mato Grosso. “Marcio Aquiles evoca Homero, a fim de que a licença poética crie espaços para o trânsito dos mitos, todos empenhados em articular os significantes e os significados no mundo da linguagem, uma odisseia que se inicia na antiguidade, perpassa os diversos períodos históricos para, enfim, alcançar a atualidade. Esse percurso demonstra o quanto é importante voltar os olhos para o passado para compreender o presente, uma vez que o ontem está ressonante no hoje, na importante intersecção entre a tradição e a modernidade. Na sua circularidade, a poesia consegue potencializar todos esses mitos; primeiro porque o poema constitui um mundo próprio, particular, onde há leis próprias que colocam em correspondência sentidos particulares, coletivos e múltiplos”, explica o acadêmico em seu texto introdutório.
CULTURA EM CASA
Assim como outros equipamentos, a SP Escola de Teatro criou uma programação especial na internet para oferecer ao seus seguidores. Assim, está disponível uma série de conteúdos multimídia, como vídeos de espetáculos e de palestras e bate-papos de nomes como as atrizes Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg e Denise Fraga, a monja Coen, a escritora Adélia Prado e o pastor Henrique Vieira, além de cursos gratuitos a distância.
O acervo ainda inclui filmes produzidos pela Escola Livre de Audiovisual (ELA) – iniciativa da Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), gestora da SP Escola de Teatro – em parceria com instituições internacionais, com a Universidade das Artes de Estocolmo (Suécia).