A SP Escola de Teatro recebe no mês de fevereiro a Cia. Narrativensaio – AC, grupo português que é conduzido pela encenadora, atriz e professora de teatro na ESAP (Escola Superior Artística do Porto), Luísa Pinto. Para o intercâmbio de experiências artísticas, o coletivo teatral faz duas apresentações abertas ao público, nos dias 9 e 10, às 20h30, do espetáculo Anónimo Não É Nome de Mulher, na Sala Alberto Guzik (R1) da instituição de ensino, e realiza três workshops para os estudantes da Escola, ministrados por integrantes da montagem.
Com direção de António Durães e atuação de Luísa Pinto e Maria Quintelas, a peça chega em terras brasileiras depois de estrear em Portugal, na cidade de Vila Nova de Famalicão, no mês de janeiro.
A parceria entre a SP Escola de Teatro e a ESAP já acontece há muitos anos e contou com diversos projetos de intercâmbio entre estudantes e professores, colóquios e residências artísticas. Em maio de 2022, o diretor executivo da instituição brasileira, Ivam Cabral, assumiu o cargo de consultor da Comissão Externa Permanente de Aconselhamento Científico (CEPAC), do Centro de Estudos Arnaldo Araújo (CEAA), parte da ESAP.
Mariana Correia Pinto, jornalista e autora do texto, conta que a dramaturgia nasceu do encontro da diretora artística da companhia com os livros “Malacarne: Mulheres e manicômios na Itália fascista”, da italiana Annacarla Valeriano, que foi agraciado com o prêmio Benedetto Croce em 2018, e “Holocausto Brasileiro”, da brasileira Daniela Arbex, que conquistou o segundo lugar do prêmio Jabuti, em 2014, na categoria de Reportagem.
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Luísa percebeu semelhanças entre os dois contextos e decidiu levar a história ao palco, convidando a jornalista para escrever o texto, em sua estreia como dramaturga. “Fomos percebendo que era uma realidade muito comum aos regimes opressores. A peça não identifica o local onde a ação se passa, o que interessa é que estamos num regime opressor”, explica Mariana. Enquanto pesquisava, ela teve a sensação de que esta situação não era exclusiva dos séculos XIX e XX, mas que ainda acontece atualmente “Obviamente não são os hospícios, mas ainda existe uma luta maior para mulheres do que para homens”.
A produção portuguesa retrata o drama de duas mulheres dadas como loucas por desafiarem regimes opressores. Internadas em hospícios, elas debatem-se com as suas dores, dúvidas e sonhos em cacos. Naquele lugar desumanizado, surge, no entanto, esperança e a questão “poderá a bondade vencer a opressão?” é levantada ao espectador.
Enquanto estas vidas se enovelam, outra mulher narra a sua história. Amor e violência, loucura e verdade, fama e solidão, violência e feminismo permeiam a montagem, na qual histórias silenciadas são resgatadas e confrontam o público com resquícios de um tempo não muito distante.
Serviço
Dias 9 e 10 de fevereiro, às 20h30
Local: SP Escola de Teatro, Praça Franklin Roosevelt, 210 – Sala Alberto Guzik (R1)
Entrada gratuita – Aberto ao público.
Duração: 90 minutos.
Classificação indicativa-16 anos
Sobre Luísa Pinto
Doutorada em Estudos Artísticos, na especialidade de Artes/Estudos Teatrais e Performativos pela Universidade de Coimbra. Encenadora, atriz, professora de Teatro na ESAP e na UTAD. Investigadora integrada no Centro de Estudos Arnaldo Araújo – ESAP. Fundadora e diretora artística da Companhia de Teatro Narrativensaio – AC. Como encenadora, montou mais de trinta peças, entre elas: Eu nunca vi um helicóptero explodir de Joel Neto; Missa do Galo de Carlos Tê; Breviário Gota D´água de Heron Coelho; Caminham nus empoeirados de Gero Camilo, O Filho pródigo de João Maria André etc. Os seus espetáculos circulam por Portugal e no Brasil, onde leciona oficinas de teatro e dirige Masterclasses. Entre 2007 e 2015 foi Diretora Artística do Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery. Desde 2006 investiga e realiza projetos de Teatro em Contexto Prisional, todos com apresentações públicas fora dos muros da prisão com elencos constituídos por atores profissionais e reclusos/as. Foi correalizadora do documentário Rompendo os Muros da Prisão e correalizadora do Longa metragem O Filho Pródigo, que teve exibições nos seguintes festivais: The independente Cinematography Award – Inglaterra; Vsuvios international Film Festival – Itália; Cluj-Napoca- Roménia; Femme – Portugal. Formadora no programa promovido pela da DGARTES – Rede de Teatros e Cineteatros Portugueses. Membro da comissão de avaliação dos ciclos de estudos de teatro em Portugal 2021/2022
Ficha Técnica
Texto – Mariana Correia Pinto.
Encenação – António Durães.
Assistência de encenação – Joaquim Gama.
Interpretação – Luisa Pinto e Maria Quintelas.
Composição e interpretação musical – Cristina Bacelar.
Espaço cénico – António Durães.
Figurinos – Composição coletiva.
Luz – Francisco Alves.
Fotografia de Cena – Paulo Pimenta.
Coprodução – Narrativensaio – AC, Casa Das Artes de Famalicão e SP Escola de Teatro.
Apoio: Centro de Estudos Arnaldo Araújo/ESAP, Mira Forum.