Herácliton Caleb, artista egresso de atuação da SP Escola de Teatro, dirige o espetáculo teatral Restamento, da Cia Teatro dos Escombros, em cartaz no Sesc 24 de Maio entre os dia 2 e 11 de junho. As apresentações são gratuitas, com a distribuição de ingressos uma hora antes da peça. A estreia oficial do projeto foi na Satyrianas 2021, festival que conta com o apoio da SP.
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O monólogo, protagonizado por Bruno de Oliveira, conta a histórica ficcional de Cachorro Louco, um personagem sobrevivente ao soterramento do teatro onde esteve em cartaz. “O tempo é um futuro não tão distante, quando o governo decide caçar as personagens de ficção, num derradeiro ataque à cultura”, conta o diretor. Nesse cenário, falar em público tornou-se um risco. No entanto, corajosos espectadores passam a se reunir em lugares clandestinos, em busca das histórias perdidas que sempre os inspiraram, o que provoca uma experiência de redenção no protagonista.
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Em entrevista à comunicação da SP Escola de Teatro, Caleb contou da importância do espetáculo no contexto pós-pandemia, da formação da SP para a concepção do projeto e a diferença desta direção com Viva Voz, outro projeto cênico dirigido por ele que entrou em cartaz na SP.
Qual é a temática principal de ‘Restamento’? Por que falar disso nos dias de hoje no contexto pós-pandemia?
Resistência. A peça se passa num futuro não tão distante, quando um governo – semelhante ao nosso – decide colocar em prática um derradeiro ataque à cultura. Nosso exercício de imaginação foi: se a coisa continuar desse modo em que estamos vivendo, talvez chegue o dia em que até mesmo as personagens de ficção sejam caçadas. A peça também trata da esperança que advém dos soterramentos, pois mesmo nesse cenário catastrófico, corajosos espectadores passam a se reunir em lugares clandestinos, à procura das estórias perdidas. É essa esperança que move a personagem de Restamento que também nos move enquanto trabalhadores da cultura em um momento de retomada pós-pandemia.
Como foi a experiência de estrear o espetáculo em um evento como as Satyrianas?
Foi de muita adrenalina pelo pouco tempo para preparar, mas de uma satisfação imensa em poder apresentar novamente no modo presencial. E de ver toda aquela efervescência do teatro voltando e os artistas produzindo. Não vou me esquecer da sensação de pisar no palco depois de tanto tempo. Além de tudo, o festival também serviu para firmar as parcerias entres nós artistas – o que culminou na criação do Teatro dos Escombros.
Qual foi a importância da sua formação na SP para concepção do espetáculo Restamento?
A SP Escola tem algo muito interessante que é te colocar em contato com várias áreas. Nos experimentos é possível ver o sonoplasta testando coisas, o iluminador organizando os pontos de luz, a técnica de palco fazendo a coisa acontecer, o diretor organizando o caos etc. Com toda certeza, essa vivência de teatro me possibilitou ter o olhar para o todo, para a harmonia entre as áreas que é exigida de quem capitania
um projeto.
Quais foram as maiores diferenças entre a direção de um monólogo presencial como ‘Restamento’ e do espetáculo digital Viva Voz?
A presença altera tudo. Altera a lida com o material e a relação entre ator e diretor. Como diretor, consigo captar melhor as ideias – inclusive as que não são ditas – quando estou próximo, olhando no olho, sentindo o outro. Sinto que quando se está no mesmo lugar e na mesma frequência acontece algo muito precioso: uma conexão de inconscientes.
Você também atuou na sonoplastia do espetáculo, você acredita que a formação multidisciplinar da SP contribuiu para sua atuação em diversas áreas da montagem?
Sim. Com a formação na escola, eu passei a prestar mais atenção nas outras áreas e, consequentemente, encontrei outros pontos de identificação. Sinto que saí da bolha da atuação e passei a olhar para o todo – para o que faz o todo funcionar. Hoje, eu escrevo, atuo e dirijo, mas sou interessado em saber como funciona cada área. Até penso em voltar para a escola e fazer iluminação, por exemplo. Quem sabe, não volto em breve 🙂
Ficha técnica do espetáculo:
Texto: Thiago Tenório
Atuação: Bruno de Oliveira
Direção: Herácliton Caleb
Luz: Vini Hideki e Herácliton Caleb
Sonoplastia: Herácliton Caleb e Thiago Tenório
Figurinos: Ricardo Deloneaux
Arte Gráfica: Karla Miranda
Serviço:
Restamento – Cia Teatro dos Escombros
Data: 02 a 11/06 – quinta a sábado, às 18h.
Local: Sesc 24 de Maio (4º andar), rua 24 de Maio, 109 – Centro/SP – 350 metros do
metrô República
Classificação indicativa: 14 anos
Gratuito
Os Ingressos serão disponibilizados 1 hora antes de cada sessão.
Duração do espetáculo: 45min.
Por Luiza Camargo e Leticia Polizelli