No próximo dia 14 de agosto (domingo), às 20h, o espaço Garganta recebe a estreia do espetáculo Viva Voz, escrito e idealizado pelo artista egresso de atuação da SP Escola de Teatro Herácliton Caleb. A peça conta história de três atendentes de telemarketing e aborda as dificuldades e dilemas enfrentados no dia a dia dos profissionais do ramo. As apresentações acontecem sempre aos domingos até o dia 2 de outubro e os ingressos podem ser adquiridos pelo Sympla.
O texto dramático de Viva Voz já foi publicado pela Editora Efêmera em sua seleção de Peças Curtas e esteve em cartaz na SP Escola de Teatro Digital, ele traz o dia a dia de dois operadores de call center que trabalham no turno da madrugada, conhecido como o “horário dos loucos”. Enquanto desenvolvem uma divertida amizade e tentam burlar o tédio do horário, um novo funcionário entra em cena e propõe um modo pouco convencional de se portar no ambiente profissional, o que altera completamente a visão de mundo deles.
Para Herácliton, produtor e dramaturgo de Viva Voz, uma das questões centrais da peça e que norteia as reflexões propostas pela narrativa é: Até que ponto o ambiente de trabalho pode suprimir as subjetividades dos funcionários? Nesse sentido, o artista explica seu ponto de vista acerca de como o tema é abordado na trama:
“A pergunta surge em contraponto à realidade de muitas empresas, onde os trabalhadores têm suas subjetividades suprimidas por conta de uma rotina castradora e por um sistema que zela pela velocidade em detrimento de uma relação mais humana com o trabalho”.
O enredo da peça foi construído pelo autor a partir de suas próprias memórias, que foram fruto da época que trabalhou na área. Assim, ele conta como se deu seu processo criativo e como foi transpor essa época de sua vida para os palcos:
“A narrativa surge das minhas reminiscências como operador de telemarketing e de um sonho muito marcante que tive. Eu então fiz o ‘sexo’ das ideias – Um dispositivo recorrente no meu trabalho – e cheguei nessa história inusitada que chamei de Viva Voz. O que eu fiz foi imaginar essas pessoas enfrentando uma situação surreal. Tenho o desejo de jogar luz para o fato que, apesar de se tratar de um ambiente onde há exploração, há muito companheirismo por parte dos trabalhadores – como das figuras principais. Eu conheci muita gente interessante e fui feliz por alguns períodos, principalmente no horário da noite – o horário retratado na peça. ”
Nesse contexto, Viva Voz busca investigar em cena o íntimo de três personagens que representam pessoas comuns, no entanto, se atreveram as transparecer suas sensibilidades em meio à um ambiente repressivo:
“Escamotear as diferenças e peculiaridades de cada funcionário parece ser palavra de ordem em muitas empresas no Brasil. Muitas delas usam roteiros pré-definidos como um modo de otimizar o trabalho e aumentar a produtividade. Mas essa exigência parece ter fortes efeitos na psique humana: ao exigir que um ser pensante siga um conjunto de regras e bordões – e não questione nem empregue sua subjetividade -, a empresa provoca um apagamento do seu valor como sujeito e de sua sensação pessoal de bem-estar.” Explica Herácliton.