“Hello, Édipo (Panóptico/Foucault)”, da Cia Veneno do Teatro, com dramaturgia e direção de Bartholomeu De Haro, faz três novas apresentações na unidade Roosevelt da SP Escola de Teatro nos dias 12, 16 e 19 de dezembro, sempre às 20h30.
As apresentações são gratuitas e os ingressos estão disponíveis no Sympla da SP Escola de Teatro.
Para montar a clássica tragédia grega Édipo Rei, escrita por Sófocles por volta de 427 a.C, a Cia Veneno do Teatro e o dramaturgo, adaptador e diretor Bartholomeu de Haro pautaram-se na temática do filósofo Michel Foucault (1926-1984). As tragédias de Sófocles são tão geniais que sempre retornam, elabora o grupo. A consciência dos atos e como se desdobram sem a devida percepção dos indivíduos que são vigiados permanentemente, pode desembocar no exercício do poder alienado.
Nas referências do encenador, têm lugar os principais pensadores do século 20: Sigmund Freud, Gilles Deleuze, Félix Guattari, Foucault, “além de tantos importantes autores” que lançaram seus olhares sobre a obra e canalizaram para outros desdobramentos.
De Haro assistiu e se interessou pelas conferências proferidas por Foucault, inclusive no Brasil, sobre As Verdades e as Formas Jurídicas. A concepção para a primeira montagem da peça Hello Édipo foi idealizar um espaço de ação atemporal que acolhesse tanto o clássico quanto o contemporâneo.
“A tomada da palavra por parte do povo, dos anônimos, são alguns dos elementos fundantes nesta adaptação. Conspirando com a criação de autores como M. Yourcenar, R. M. Rilke e O. Bilac, pretendemos evocar os mitos, os arquétipos, disfarçados e/ou ocultos nas ‘encruzilhadas’ da cidade, em um contexto urbano e atual. Um ato violento e metafórico que nos faz refletir sobre a condição humana, suas ações e consequências”, afirma a atriz Elen Londero.
Sinopse – Édipo como fio condutor do inquérito – promotor, juiz, carrasco e réu de si mesmo
Todo o enredo da obra original está preservado bem como os personagens. Édipo na rua… no meio do cruzamento. Um grupo de pessoas que tenta encenar uma peça (O Inferno é para quem se acha no Céu), se amotina e toma o público como refém. O grupo decide contar a sua versão de Édipo-Rei em meio a uma encruzilhada urbana, desrespeitando a faixa de segurança onde Foucault tenta consertar o semáforo que entrou em pane.
Todos estão em um confinamento (“pode ser em qualquer instituição, uma família, uma prisão, uma escola”), onde ocorre uma rebelião, um motim violento e metafórico; os atores “amotinados” capturam o público e seus personagens como reféns e os guardam dentro de si, clandestinamente. Vestidos e imbuídos dessa nova e poética insurreição nada mais resta a fazer senão percorrer o labirinto, os túneis; enfim, tentar fugir do cativeiro.
Medo, prazer, poesia – há um tribunal onde a verdade será revelada com o desdobramento dos inquéritos e testemunhos. O rescaldo caberá a todos. Após esta jornada, encontra-se alguma luz, um clarão que incentiva e anuncia: dias melhores já estão vindo. O complexo é simples.
Diálogo entre o clássico e o contemporâneo
Para dar vida à história na sua concepção Bartholomeu solicitou à equipe de criação – cenografia (JC Serroni), figurino (Telumi Hellen), iluminação (Guilherme Bonfanti) e música (André Omote/Bartholomeu de Haro) – que todos os elementos cênicos estabelecessem um diálogo entre o clássico e o contemporâneo.
“Lancei mão do metateatro, marcações inusitadas, sonoridades clássicas, batuques, rap original (de minha autoria) executado ao vivo, poesia urbana, grafite, cenários/figurinos/adereços, feitos de material reciclado e desconstruído, iluminação que reflete atmosferas misteriosas e poéticas, resenhas de textos atuais que interagem com a ação”, explica Bartholomeu.
O diretor também criou três vídeos que são exibidos durante a peça – uma entrevista polêmica de Foucault e outros originais com as marcas da expressão dos guetos, ocupações, danças do “eterno retorno”. “Enfim, um espetáculo coeso, harmônico, repleto de associações que é performado por atuantes plenos em cena. Tudo isso para provocar, impactar e proporcionar ao público a potência com sensibilidade que o Teatro oferece”, completa De Haro.
Dramaturgia e encenação
A montagem focou como mote principal a “encruzilhada” existencial do personagem principal, “juntamente com a trajetória dos demais personagens, gerando assim um protagonismo dos atuantes para cada cena/situação.”, conta o diretor. Édipo foi o condutor do inquérito, o promotor, o juiz, o carrasco e o réu de si mesmo. Ele consegue ter êxito no inquérito, êxito esse que o destrói.
De Haro ressalta que “os testemunhos deveriam ser materializados e expressos na narrativa teatral trazendo a infância, a família, o totem, as muralhas, os territórios de inquéritos e aprisionamentos institucionais bem como corporais conectados com a temática de Michel Foucault e também com manifestações de outros autores e as minhas próprias realizando uma compilação poética e atual”.
A proposta de Bartholomeu é que os personagens surjam das ruas da cidade, dos guetos, das ocupações. “A inovação é que nesse desdobramento cênico, os anônimos, aqui revoltosos “mascarados”, se apropriam de seus personagens e vão se revelando e estabelecendo uma relação direta com os outros personagens e público.”
+ Veja como foi a estreia da temporada
Serviço
Espetáculo: Hello, Édipo (Panóptico/Foucault)
Cia Teatral: BARTHOLOMEU DE HARO
Local: SP Escola de Teatro – Unidade Roosevelt (Praça Franklin Roosevelt, 210, Consolação)
Data: 12, 16 e 19 de dezembro às 20h30
Ingressos: Gratuito
Vendas somente pela internet na Sympla SP Escola de Teatro – www.sympla.com.br/produtor/spescoladeteatro
Lotação: 70 lugares
Duração: 80 minutos
Gênero: Tragédia
Classificação: 12 anos
Ficha técnica
Direção e Adaptação Dramatúrgica: BARTHOLOMEU DE HARO
Atuantes:
Édipo/Adão: JOSÉ SAMPAIO@_jose_sampaio_
Jocasta/Psicóloga: SOL FAGANELLO @solfaganello
Tirésias/Diretor: SILVIO RESTIFFE @silviorestiffe
Estrangeira/Eva: ELEN LONDERO @elenlondero
Creonte/Torturador: PEDRO HENRIQUEMOUTINHO @pedromoutinho
Cécrops: BARTHOLOMEU DE HARO @bartholomeudeharo
Mulher do Coro/Sphingo: DARÍLIA FERREIRA @darilia.ferreira
Amotinado Cariclô: TED O’REY @ted_rey_
Guia: MARINA SOVERAL @masoveral
Cenário: J. C. SERRONI @jcserroni
Iluminação: GUILHERME BONFANTI @guilhermebonfanti
Figurinos: TELUMI HELLEN @telumihellen
Sonoplastia: ANDRÉ OMOTE @andreomote,FELIPE SILOTTO @felipe_silotto, GRUPO VOZ/KARPINTARIA @karpintaria, BARTHOLOMEU DE HARO @bartholomeudeharo
Cenotécnico: ALÍCIO SILVA @aliciosilv0
Assistente de Figurino: NATÁLIA MUNCK @munckn
Assistentes de Cenografia: BRUNO TORATO @brunotorato, CAIO ROSA @soucaiorosa
Aderecistas: DOUGLAS VENDRAMINI, MIRELA MACEDO
Operador de Luz: EMERSON FERNANDES
Operador de Som: DIOGO VIEIRA DA SILVA @_diogovieira8
Preparação Corporal: CHRISTIANE LOPES @christiane9870
Fotografia do Processo: JONATAS MARQUES @jonatasmarques
Fotografia e Cenas: ANDRÉ STEFANO @andrestefano
Desenho “Death of Oedipus”: IAN DE HARO @iamnot.0
Design Gráfico, Edição de Imagens e Vídeo: HENRIQUE MELLO @euhenriquedemello
Argumento/Vídeos: BARTHOLOMEU DE HARO @bartholomeudeharo
Assistente de Produção: DANILO STAVALE @danilo.stavale
Assistente Administrativo: MARCELO LUIS @eu.sou.marcelo
Apoio Operacional: FABRICIO BRAGHINI @fabriciobraghini
Social Media: IAN DE HARO @iamnot.0, DANILO STAVALE @danilo.stavale
Assessoria de Imprensa: MARIA FERNANDA TEIXEIRA/ARTE PLURAL @artepluralweb
Direção de Produção: ELEN LONDERO / DE HARO PRODUÇÕES ARTÍSTICAS
Realização: INSTITUTO USUVIAS e CIA VENENODO TEATRO @ciavenenodoteatro
Parceria: Secretaria de Cultura do Município de São Paulo
Apoio Cultural: ADAAP e SP Escola de Teatro
Redes Sociais: @ciavenenodoteatro