Bruno Boaro, Camila Borges, Danusa Novaes, Mariana Paudurco, Michel Araújo, Monique Salustiano e Victor Djun, aprendizes do curso de Sonoplastia da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, estão sob a regência afinada de Martin Eikmeier e Wilson Sukorski, formador e artista residente, respectivamente, do curso, no projeto Dramaturgia Sonora, que integra a programação da quinta edição da Jornada Brasileira de Cinema Silencioso da Cinemateca Brasileira.
O evento é dedicado aos filmes produzidos desde o final do século XIX até, aproximadamente, 1930, quando a chegada do som modificou os rumos da arte cinematográfica. Amanhã (12/8), às 19h, na Sala Cinemateca BNDS, eles vão apresentar o resultado desse projeto, que produziu a trilha sonora para o filme alemão, lançado em 1929, “A Viagem da Mãe Krause até a Felicidade”, com direção de Piel Jutzi.
Eikmeier conta que o grupo fez um verdadeiro trabalho de dramaturgia em cima do filme. “Eu selecionei textos e poemas que dialogam com o assunto do filme, que conta a história do impasse da classe trabalhadora na Alemanha e retrata, também, a crise de 29. Então, dividimos esses textos e cada um ficou responsável pela sonorização de um trecho do filme. Nós criamos coros e unimos com outros, que eu já havia composto. Tudo de forma independente”, explica.
“Das composições que ouvi, achei que tudo ficou muito bacana, entretanto, haverá muita margem para improviso e o resultado final só poderá ser conferido ao vivo, no dia da apresentação. Uma das composições que criei, por exemplo, é uma base, na qual se pode inserir o som de instrumentos e de outras sonoridades”, revela Eikmeier.
Enquanto o formador ficou responsável pela seleção dos textos poemas e composição do tema inicial e da “Marcha dos Operários”, Sukorski se encarregou de centralizar o material e compôs o restante da trilha sonora junto aos aprendizes.
Nesta tarde (11/8), enquanto o grupo se reunia na casa do formador para a finalização dos trabalhos, Sukorski revelou que “A Viagem da Mãe Krause até a Felicidade” vai receber, pela primeira vez, uma trilha sonora. “É um filme socialista, patrocinado pela União Soviética e rodado em um bairro operário de Berlim, quase como uma proposta de propaganda socialista da Alemanha”, explica.
Além de fazer a música, o grupo trabalhou com alguns textos do Karl Marx, que serão cantados e, também, recitados em uma espécie de jogral. “A trilha sonora está didática: vamos explicar para o público a situação da Alemanha no momento e, ao mesmo tempo, utilizar música eletrônica e instrumental, algo super abstrato do Século 21. Nem eu nem o Martin tínhamos pensado nisso, entretanto, a música encontra seu caminho sozinha e a gente é só veículo”, poetiza.
Mariana Paudurco, aprendiz de Sonoplastia, achou muito interessante o processo deste trabalho. “Qualquer trabalho que um sonoplasta faça, deve ser baseado em uma profunda pesquisa histórica e de repertório, e nosso formador, Martin, sempre nos motiva a trabalhar assim”, revelou.
Em relação ao resultado do projeto, a aprendiz é direta. “Não sabemos como ficou de verdade, mas acho que está muito legal. Agora mesmo, estamos em um processo de composição coletiva e chegou a hora de encaixarmos uma composição na outra”, conta, por telefone, com um som de música eletrônica ao fundo.
Todos estão convidados para assistir ao filme e conferir o trabalho dos aprendizes e formadores do curso de Sonoplastia da SP Escola de Teatro. Outras informações, como sinopse, horários e datas, podem ser conferidas aqui.
Texto: Renata Forato