POR MARINA SUASSUNA
Começou nesta terça-feira (12), e vai até amanhã (13), a primeira edição do colóquio luso-brasileiro “Arte Inclusiva? Quem inclui quem?”, organizado pela SP Escola de Teatro e a Escola Superior Artística do Porto (Portugal). O evento acontece na unidade Roosevelt da instituição brasileira.
O primeiro dia de encontro foi aberto com um painel em que participaram a professora e diretora artística portuguesa Luísa Pinto, da Escola do Porto, a professora Lucília Guerra, diretora de Capacitação Técnica, Pedagógica e de Gestão do Centro Paula Souza e o coordenador pedagógico da SP Escola de Teatro, Joaquim Gama. A mediação foi feita pela professora da USP Beth Lopes.
No debate, os convidados falaram sobre as perspectivas da arte inclusiva em São Paulo e no Porto (PT). “Normalizar os projetos de inclusão artística é urgente”, disse a professora e diretora portuguesa Luisa Pinto, que há 13 anos desenvolve um projeto de teatro com detentos do sistema prisional no Porto. “Trabalhar com inclusão é eliminar muros, grades e qualquer tipo de entrave. É também fazer com que não se levante novos muros. Não acredito em arte que não é inclusiva”, acrescentou Joaquim Gama.
No segundo painel do dia, o público assistiu ao encontro da professora Ingrid Dormien Koudela (USP), do diretor Eugênio Lima (Núcleo Bartolomeu de Depoimentos), da professora Sanna Ryynänen (Universidade do Leste da Finlândia) e o coordenador do Centro Paula Souza, Durval Mantovanini. Eles conversaram sobre o tema “Todos podem atuar no palco?”.
“O palco é um campo de batalha. No teatro, na rua e na política. Precisamos ser protagonistas das nossas lutas, da nossa vida e da nossa história”, disse Eugênio Lima, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, no painel.
Na sequência, os artistas Marcos Filipe (Cia. Munguzá), Paulo Faria (Cia. Pessoal do Faroeste) e Gustavo Ferreira (Os Satyros) debateram a acessibilidade no teatro. “Os três grupos têm experiências bem distintas na sua forma de produção, na sua organização e na forma como olha o próprio local em que estão. E é essa diferença que soma. Porque senão a gente diz que é uma regra. E não há regras. O que há é isto: saltar de olhos vendados no escuro. É muito o que a gente do teatro é acostumado com a forma de produção”, destacou Farias.
O dia foi encerrado com o painel “Políticas de acesso à cultura”, com a participação do secretário municipal da Pessoa com Deficiência, Cid Torquato, o ator e diretor Pedro Granato, a ente de Ação Cultural do Sesc-SP, Rosana Paulo da Cunha, sob mediação da jornalista Rosane Borges. “Precisamos entender onde nós estamos e procurar alianças para fazermos juntos. Dar acesso com todo respeito e todas as possibilidades. Esse é o sentido da arte inclusiva. A escuta faz toda a diferença”, disse Rosana.