Há exatos dois meses, um grupo de aprendizes da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco ganhou apoio do programa de Valorização de Iniciativas Culturais (VAI) da Prefeitura de São Paulo. Como? Eles escolheram um tema, esquematizaram um projeto cultural, se inscreveram e foram aprovados.
O projeto se chama “Relembrando Paulo Eiró”, um poeta santamarense nascido em 1836. Nas palavras de Gustavo Gonçalves, aprendiz do curso de Humor da SP Escola de Teatro e um dos integrantes do grupo contemplado, “Eiró era um artista que foi contra o comodismo. Era abolicionista e republicano. Falava sobre o que acreditava e ficou frustrado com muitas coisas que viu. Isso está claro em suas poesias”.
A ideia de criar um projeto que tratasse sobre o poeta em questão foi de Gonçalves. Angela Belei, outra integrante do grupo e aprendiz de Dramaturgia da Escola, confessa que, no começo, ficou um pouco contrariada em falar sobre “o cara do romantismo”. Entretanto, após muitas pesquisas, aceitou o desafio. “Aprendi a respeitar o poeta, que também foi dramaturgo, e, de certa forma, conclui o tamanho da importância dessa ilustre figura.”
Na opinião de Angela, o projeto veio na hora certa. “Estamos num momento em que cada artista que compõe o grupo passa por uma busca de identidade artística e quer exercer tudo o que vem aprendendo no decorrer de suas carreiras.”
Com incentivo concedido e muita vontade de trabalhar, o grupo começou a tomar forma e criou o “Núcleo Doc de Teatro”. Então, Gonçalves e Angela convidaram outros artistas para ajudar em uma nova empreitada: escrever e produzir uma peça. Entre os convidados, alguns são aprendizes da Escola. São eles: Adriano Almeida e Fabrício Cardial (Sonoplastia), Luciano Tito (Humor), Raquel Avanelli (Cenografia e Figurino) e Airá Fuentes (Dramaturgia).
No espetáculo, entitulado “Eiró”, nem todos os integrantes assumem o mesmo papel das áreas que estudam, como é o caso de Gonçalves, que dirige a montagem, e de Airá, que é atriz. O elenco conta, ainda, com Lucianno Franco, Luiz Garcia e Vanessa Morais.
A peça, segundo Angela, traz as poesias de Eiró de uma forma contemporânea e com novo significado, de maneira que “a vida do poeta seja conseqüência”. Sobre o processo dos ensaios, Gonçalves explica que estão trabalhando com o formato semi-arena e com a utilização de máscaras nos momentos de poesia, o que, na opinião dele, exige muito do ator.
Angela diz, ainda, que trabalhou uma dramaturgia pautada em muitas pesquisas históricas e lendas regionais. “O Gustavo, como diretor, propôs uma abertura de elementos. Dessa forma, pude ter a liberdade de passear entre o lírico e concretizar pinceladas épicas.”
Para a divulgação, o grupo selecionou sete escolas, onde distribuíram livretos. “Eiró” será apresentado em teatros próximos às instituições escolhidas. Além disso, o processo de ensaios prevê, entre outros vídeos, entrevistas sobre o poeta com renomados artistas.
Foto: pauloeiro.wordpress.com