O teatro conecta pessoas e culturas, e a atriz sueca Ulrika Malmgren é prova viva deste fato. Professora da Stockholm University of the Arts (Uniarts), na Suécia, ela passa um mês na SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco para ministrar o Curso de Extensão “Atores na narrativa cênica: processos e métodos”.
Ulrika já esteve na Escola em 2010, antes mesmo de as aulas começarem, apenas para conhecer o projeto. Agora, volta para um contato mais próximo com alunos. “A conexão entre a Uniarts e a SP Escola de Teatro é muito importante para a arte em geral, tanto quanto dividir nosso conhecimento com o mundo para o desenvolvimento das artes”, compara a atriz. Para ela, o sistema pedagógico da Escola é inspirador e muito diferente do modelo europeu.
Antes com apenas um parente distante no Brasil, Ulrika estreitou os laços com o País, principalmente por sua inspiração no pedagogo Paulo Freire, cujas ideias serviram de base para o aporte teórico da Escola. “Eu sou uma grande fã do teatro brasileiro e d’Os Satyros”, diz, citando a companhia teatral paulistana. “Vi diversas peças de vários grupos e eu fico sempre maravilhada com a emoção, o poder e a estética dos espetáculos.”
Foto: Cristiane Camelo
Em seu curso, Ulrika trabalha a criação cênica por meio de diversos métodos, individuais e em grupo. Partindo de uma peça sueca traduzida para o português, os alunos experimentam diferentes práticas. “Espero que os participantes aprendam algo que talvez eles nem tenham imaginado e que eu aprenda algo com eles também”, deseja a atriz, que diz amar a cidade de São Paulo e, principalmente, o povo paulistano.
Não é de hoje que Ulrika viaja para levar seu teatro a outras culturas. De 1987 a 2005, ela fez temporadas com a companhia Darling Desperados, fundada por ela e uma colega. “Um grupo criado por duas mulheres era uma raridade naquela época”, diz. “Nos encontramos na faculdade e decidimos mudar o mundo por meio do teatro.” A Darling Desperados teve mais de 40 produções em seus 18 anos de funcionamento, rodando por toda a Europa. “Aprendi muito sobre pessoas e se tem uma coisa que me faz falta agora que sou apenas professora é o contato com o público.”
Ulrika ainda carrega em seu currículo o fato de ter sido vocalista de uma das primeiras bandas punk da Suécia em um tempo que, segundo ela, a cena punk do país era tímida, com cerca de mil pessoas. “Sentíamos que éramos parte da revolução. Éramos contra o comercialismo e eu trouxe isso comigo”, lembra. Ela diz acreditar nas artes como meios de mudar o mundo em diferentes camadas.
Para os estudantes de teatro, ela tem um conselho: “Acredite em seus sonhos (eles são importantes para aproximar-nos de quem podemos ser)”.