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Confira um panorama geral da 1ª edição da Semana de Pedagogia Teatral Ibero-americana, promovida pela Adaap e o Centro de Estudos Arnaldo Araújo, de Portugal

Publicado em: 14/09/2022 |

Na última semana, a Adaap (Associação dos Artistas Amigos da Praça), Instituição ligada à Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo e Gestora da SP Escola de Teatro, a MT Escola de Teatro e o Centro de Estudos Arnaldo Araújo (CEAA), de Portugal, promoveram a 1ª edição da Semana de Pedagogia Teatral Ibero-americana.

O evento foi integralmente online, transmitido pelo YouTube da SP, e contou com 8 encontros que reuniu pesquisadores, artistas e professores de universidades da América Latina e da Península Ibérica, como a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Universidade Federal da Bahia (UFBA), a Universidad de la República – Uruguai (Udelar) e a Escola Superior Artística do Porto (ESAP), articulando debates, discussões, troca de experiências e investigações acerca das múltiplas manifestações cênicas da atualidade.

Segundo Marcio Aquiles, coordenador de projetos internacionais e parcerias da SP Escola de Teatro, essa é uma ação desenvolvida APS (Artes Performativas e Sociedade) – Rede Ibero-Americana de investigação e criação, iniciativa criada pela Adaap e o Centro de Estudos Arnaldo Araújo, com o objetivo de fomentar o intercâmbio educacional e cultural entre os dois continentes.

Veja a seguir um panorama geral do evento:

Mesa de abertura

O evento teve início com a fala do diretor executivo da SP Escola de Teatro, Ivam Cabral, recepcionando o público e dando as boas vindas à diretora do Centro de Estudos Arnaldo Araújo (CEAA), Maria Helena Maia:

“Vivemos em um momento que a união é mais necessária do que nunca, hora de substituir o rancor e o ódio pelo amor. A pedagogia do século 21 deve ser promotora de acessos e oportunidades. Na SP Escola de Teatro acreditamos que aprendemos uns com os outros. Todas, todos e todes temos coisas a ensinar e aprender, por isso promoveremos a pedagogia da experiência, em que aprendemos fazendo através de nossos projetos práticos.”

Em seguida, Joaquim Gama, coordenador pedagógico da SP, apresenta uma minibiografia dos convidados da primeira mesa e o tema a ser discutido com o seguinte questionamento:

“Como tem sido a trajetória artística e pedagógica considerando as práticas teatrais decoloniais em seus processos de criação ou reflexões sobre teatro?”

Mesa 1: Práticas Decoloniais no Ensino do Teatro Latino-Americano

Os convidados da 1ª mesa foram Rodolfo García Vázquez, Lucia Naser Rocha, Antonio Peredo, Agnaldo Rodrigues, com mediação de Joaquim Gama. Nela foram discutidas as práticas decoloniais no ensino do teatro latino-americano.

A investigadora e artista docente Lucía Naser abriu a discussão levantando três pontos de pensamento: um deles foi de como a vivência como artista entre países de América Latina a fez observar o quanto a questão do colonialismo estava internado nela a partir de suas próprias praticas contemporâneas, mesmo sendo uma pessoa latino-americana. “Minha pratica artística e docente estava alinhada com este poder e saber colonial, mesmo sendo uma artista da América do Sul. Minha militância feminista também sempre me convidou a repensar minhas práticas, tanto na docência quanto na vida artística.”

O coordenador de Direção da SP Escola de Teatro, Rodolfo García Vázquez começou sua fala compartilhando um pouco sobre sua trajetória no teatro fazendo uma reflexão sobre as práticas decoloniais:

“Acho que a questão de quem nós somos, nós, latino-americanos, é uma questão bastante importante e que muitas vezes enquanto estamos estudando teatro e principalmente na minha geração, quando eu estudava teatro essa questão nunca era abordada. Me lembro que quando eu estudei, estudava Aristóteles, Brecht, Stanislavski, Tchekhov, e não havia nenhuma referência latino-americana, não havia presença de mulheres e nenhuma outra forma de saber.”

Mesa 2: Artes Cênicas, Pesquisa e Ensino Abya Yala (América Latina)

A mesa 2 trouxe reflexões sobre as artes cênicas, pesquisa e ensino Abya Yala (América Latina). Participaram do encontro Martin Rosso, Maria Fernanda Sarmiento Bonilla, Rodrigo Benza Guerra, Clara Angélica Contretas Camacho, com mediação de Héctor Briones.

Iniciando a mesa de debate, a artista docente e investigadora Maria Fernanda Sarmiento Bonilla, da Colômbia, compartilhou os processos de pesquisa que tem trabalhado com seus estudantes de teatro da Universidade Pedagogica Nacional, Colômbia, em cima de três principais eixos: espaço público, estudos decoloniais e estudos da artes performativas e teatrais:

“A partir destes eixos saímos com os estudantes nos espaços públicos, que se transformam em espaços pedagógicos, trazendo uma multiplicidade cultural pelo deslocamento e pela desigualdade atroz.”

Mesa 3: O Ensino da Dramaturgia

Na mesa 3 participaram Jorge Louraço Figueira, Jorge Palinhos, Paula Autran, com mediação de Luisa Pinto. Nela, os convidados discutiram sobre o Ensino da Dramaturgia.

A professora doutora e investigadora do Centro de Estudos Arnaldo Araújo, Luisa Pinto, abre a mesa apresentando os dramaturgos convidados. O primeiro convidado, o crítico e dramaturgo português Jorge Louraço começa sua fala citando suas principais referências e mestres de dramaturgia, incluindo os brasileiros Antônio Mercado, Marco Antônio Rodrigues e Sérgio de Carvalho.

Em seguida, o escritor e investigador do CEAA, Jorge Palinhos também menciona suas principais referências e comenta que se interessa muito com questões ligadas ao uso do espaço ao nível das artes formativas e também no cruzamento das novas tecnologias, os mundos virtuais e a performance ao vivo.

Mesa 4: Prática e formação na Iluminação Cênica no Brasil e na Argentina

Na mesa 4, Guilherme Bonfanti, Eli Sirlin, Gonzalo Córdova, Iara Regina, Lucia Acuña debateram sobre a Prática e formação na Iluminação Cênica no Brasil e na Argentina.

Lucía Acuña, iluminadora uruguaia e mediadora do debate, começa sua fala apresentando os convidados e exemplificando as principais iniciativas e práticas adotadas na formação de artistas iluminadores no Uruguai. Em seguida, lança a primeira pergunta aos convidados: “Como são estruturados os cursos de iluminação nos quais os artistas convidados atuam, quais os componentes, conteúdos, objetivos e como se relacionam com o mercado de iluminação nos países que atuam e se tiveram algum impacto no meio que atuam.”

Mesa 5: Artes Performativas e Comunidade com Outros Atores Sociais

Na mesa 5, Luisa Pinto, Vicente Concilio, Ashley Lucas e Jorge Palinhos falaram sobre Artes Performativas e Comunidade com Outros Atores Sociais.

Vicente Concilio, professor da licenciatura e pós-graduação em Teatro na Udesc, abre a discussão falando sobre seu trabalho na Universidade do Estado de Santa Catarina, a ideia de comunidade e de como entende as praticas artísticas nas prisões.

Ashley Lucas, professora de teatro e diretora do Prison Creative Arts Project da Universidade de Michigan, exemplifica o trabalho que tem feito dentro de prisões do estado de Michigan: “Junto com os estudantes da Universidade, familiares, a comunidade e egressos do sistema prisional ministramos oficinas de teatro, pintura, música, artes plásticas para pessoas dentro das prisões no intuito de adicionar algo para a justiça social.”

Mesa 6: A Critica Teatral Como Ferramenta Pedagógica

Na mesa 6, Halima Tahan Ferreyra, Miguel Arcanjo, Heloísa Sousa e Marcio Aquiles discutiram sobre o tema A Critica Teatral Como Ferramenta Pedagógica.

Marcio Aquiles, escritor, crítico literário e teatral e coordenador do setor de Projetos Internacionais da SP, abre a mesa apresentando os convidados e comentando sobre o tema do debate, convidando os artistas a falarem sobre as principais características estéticas e politicas dos teatros na Argentina e nas regiões sudeste e nordeste do Brasil.

Halima Tahan, crítica cultural, escritora e investigadora, começa falando da felicidade de fazer parte do evento e faz a seguinte reflexão: “É neste lugar de se entender melhor que é real objetivo dessa troca, de criação de pontes. A arte e o teatro estão sempre em permanente movimento, nem sempre ao mesmo tempo e direção, e esse é trabalho do critico, perceber essas mudanças, ainda mais no momento politico que estamos vivendo.”

Mesa 7: Teatro de Grupo, Políticas de Subjetivação e Pedagogias Teatrais na América Latina

Na mesa 7, Alexandre Mate, Djalma Thürler, Gina Monge Aguilar e Elen Londero falaram sobre Teatro de Grupo, Políticas de Subjetivação e Pedagogias Teatrais na América Latina.

A pedagoga e pesquisadora costarriquenha Gina Monge inicia o debate comentando sobre a sua pesquisa de doutorado, que fala sobre a transformação de atores e atrizes no teatro latino-americano a partir de três grupos de teatro: o brasileiro Ói Nóis Aqui Traveis, o grupo peruano Yuyachkani e grupo Abya Ayala, da Costa Rica.

O autor e pesquisador teatral Alexandre Mate é o segundo a falar e começa agradecendo sua participação e citando um poema de João Cabral de Melo Neto: “Um galo sozinho não tece uma manhã”. Em seguida, comenta sobre suas vivências com teatro de grupo e teatro latino-americano: “Comecei a me interessar pelo teatro latino-americano em 2000, quando fiz parte do Teatro Experimental de Arena Eugênio Knust, durante o evento Maravilhas, no qual lemos pelo menos um texto teatral de cada pais da América Latina, da América Central, e de alguns países no Caribe.”

Mesa 8: As artes cênicas e a expansão de fronteiras estéticas

Na mesa 8, Julieta Grinspan, Juan Peralta, Robson Corrêa e Malú Bázan discutiram sobre As artes cênicas e a expansão de fronteiras estéticas.

A atriz e diretora Julieta Grinspan é a primeira convidada a falar, agradece o encontro e comenta o quão valioso tem sido toda a semana de trocas com diversos artistas e como todos os encontros têm sido valiosos.

O uruguaio Juan Peralta fala em seguida dando início ao debate: “Nós temos a tendência de imaginar fronteira como aquele lugar da separação, e eu atravessei muitas fronteiras em minha vida. Então quando você chega tem a alfândega, a imigração, o controle, a policia federal. É um lugar de controle, no qual a identidade de alguma coisa ou pessoa precisa ser comprovada. Essa forma de compreender a fronteira é muito própria do colonialismo. Até certo limite você possui uma identidade, e partir deste mesmo limite, uma outra identidade.”




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