(Foto: Arquivo SP Escola de Teatro)
Além de ministrar aulas para os aprendizes de Atuação da SP Escola de Teatro – Centro de Formação das Artes do Palco, um dos maiores nomes do teatro contemporâneo, François Kahn, em cujo vasto currículo constam a atuação no Teatro Laboratório Jerzy Grotowski, na Polônia, e a participação como ator e dramaturgo em espetáculos dirigidos por Roberto Bacci, no Centro de Experimentação Teatral de Pontedera, na Itália, também encenou o monólogo “Moloc” na Instituição.
A visita do artista aconteceu em 2012, quando foram apresentadas duas sessões da montagem, que foi criada a partir de notas sobre o julgamento em que Allen Ginsberg (poeta americano da geração beat) foi testemunha de defesa, num processo político dos Estados Unidos de 1969. Durante os dois dias de interrogatório, o procurador o atacou de modo muito violento, para mostrá-lo sob uma ótica ruim.
Ginsberg foi atacado em quatro direções: na religião, porque ele se dizia budista, o que na época era escandaloso para os americanos protestantes; nas drogas, porque Ginsberg defendia o uso da maconha e havia processos contra ele por uso da erva proibida; na homossexualidade, porque ele se declarava homossexual, o que era um escândalo absoluto, e na poesia, pois ele defendia sua visão da poesia como um ato natural do ser humano que, como tal, deveria ser respeitado.
O procurador queria provocar Ginsberg e pediu para ele ler alguns poemas considerados escandalosos. Ele aceitou fazê-los, mas deu uma explicação e um sentido a todos. “O que Ginsberg disse é sempre verdade e atual. A sociedade é um pouco mais permissiva, mas no fundo as coisas são as mesmas”, diz Kahn.
Aos jovens atores, o francês deixa um precioso conselho: “O desafio é muito importante na formação de um ator, mas a coisa do medo, não. O desafio é fundamental. É preciso que haja um desafio, senão não tem valor, não tem superação de dificuldades”.