A partir desta quarta-feira, 03, entra em cartaz na SP Escola de Teatro Digital o espetáculo Chumbo, que promete conquistar o público e fazê-lo refletir sobre o cenário violento vivido no Brasil atual através de uma experiência multilinguagem.
Com direção conjunta de Florido, André Papi e Guilherme Soares, artistas egressos da Instituição, e realização da Cia Teatral Núclea de Pesquiza Tranzborde, a estreia é às 20h e os ingressos estão disponíveis na plataforma Sympla.
Artistas egressos da SP Escola ganham edital com projeto sobre distanciamento
Intitulado cine-performance, o projeto teve início em 2020 quando Florido e Papi se questionavam sobre a possível volta dos “Anos de Chumbo”, uma referência à Ditadura Militar (1964-1985), devido ao turbulento cenário político nacional, estimulado pelo atual presidente e seus fiéis seguidores.
Preocupados com essa realidade caótica e esse futuro incerto e desesperador, os artistas criaram o espetáculo, que usa as linguagens da dança, performance, luz, olhar cinematográfico e som para materializar os questionamentos dessa triste realidade.
Durante o processo, eles notaram a necessidade de descontruir a narrativa, intitulado “desnarrativa”. O conceito é definido pela saída do lugar simbólico e a desconstrução da narrativa.
“Não fazemos a desnarrativa na intenção de criar um fato novo ou inventar a roda, mas de adaptar os conceitos para algo próximo do que a gente pensa, ” destaca André Papi.
Ao longo da pesquisa, chegaram na exploração do elemento chumbo e os impactos de sua exploração, mostrando como esse material é forte e poderoso, pois pode proteger os humanos, assim como matá-los. Esse “poder” faz com que o chumbo se transforme em um dos elementos mais emblemáticos da natureza e da história.
“Essa proposta tem relação com esse giro decolonial, com retomada de narrativa. E isso nos leva para entender e aprender pesquisar o próprio elemento chumbo. Então essa materialidade começa a nos atrair e a desenhar o processo e nos alertou para a questão ecológica e a violência que o extrativismo causa para a terra”, afirma Florido.
Em sua opinião, o estudo em módulos separados, como é realizado o ensino na SP Escol ade Teatro, foi de suma importância para o desenvolvimento de Chumbo, pois assim foi possível misturar a narratividade, dança, performance, luz e sonoplastia com sofisticação e assertividade. Além disso, os embasamentos teóricos e práticos conquistados nas aulas da Instituição auxiliaram no momento de construção e montagem da equipe, possibilitando um melhor refinamento ético, estético e técnico.
“A SP é mais que um lugar de fazer contatos, ela é um lugar de encontro que possibilitam convergências de ideias, desejos e motivações. Possibilitando a criação de grupos que investiguem coisas similares pela via do prazer, da satisfação, onde a intuição é coletivizada”, pontua florido.
André Papi também reconhece a importância da bagagem adquirida na SP Escola de Teatro
“A SP nos instrumentaliza para que possamos explorar cenicamente de formas diversas. Esse hibridismo, presente na estrutura pedagógica da SP, é muito rico e a partir do momento que entramos em contato com uma linguagem ou possibilidade que não conhecíamos, a gente pode transportar isso para outras realidades e ver o que acontece. “
Garanta seu ingresso aqui.
SERVIÇO
CHUMBO
Direção: Florido, André Papi e Guilherme Soares
Dias: 3,4,11 e 12 de março às 20hr (primeiras quartas e quintas-feiras de março)
Ingressos gratuitos, mas quem quiser colaborar com os artistas pode adquirir por R$ 10, R$ 25 ou R$ 50.
Plataforma Sympla da SP Escola de Teatro
sympla.com.br/spescoladeteatrodigital
Duração: Aproximadamente 40 min
Apuração, entrevista e texto: Rodrigo Barros
Edição: Luiza Camargo