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Bravíssimo | Teresa Aguiar por Ariane Porto

Publicado em: 02/10/2014 |

Introdução do livro ‘Quatro décadas em cena’, de Ariane Porto, para a Coleção Aplauso da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo (Leia a obra, na íntegra)

 

Organizar esse livro não foi tarefa fácil. Sim, porque acompanhar uma pessoa como a Teresa é algo extremamente complexo – tantas histórias, tantos caminhos, tanta experiência vivida e por viver.

 

Como todo artista, Teresa mistura sentimentos, cada lembrança é algo que parece definitivo, único. E ao mesmo tempo remete a outra, semelhante. E assim, entramos num redemoinho, onde as coisas se misturam, fluem, se transformam. Contudo, há sempre pontos fixos, nos quais podemos nos segurar e que nos ajudam a entender o seu percurso: a seriedade, o respeito, a rigidez de princípios. 

 

Quem conhece Teresa – ou Teresinha, ou Tatá, como é mais conhecida no meio teatral – entende o que estou falando. Quem ainda não conhece, vai entender depois de ler este livro. 

 

Teresa foi minha professora de teatro, depois minha diretora. Comecei no teatro profissional sob sua direção, no espetáculo Liberdade, Liberdade de Millôr Fernandes e Flávio Rangel, produzido pelo Rotunda em 1984. No mesmo ano nos aventuramos, com outros companheiros, em busca de um espaço novo – nasceram O Circo do Vento Verde e depois o TAO – Teatro de Arte e Ofício. Mas esta e outras histórias serão contadas a partir das próximas páginas.

 

Teresa sempre teve duas vertentes nítidas de atuação – a social e a artística. Várias vezes, essas vertentes se misturaram e uma acabou sendo veículo para a outra – através do teatro, a interferência na sociedade; a atuação social como um espetáculo. Il Faut Dramatizer! Como gosta de dizer a própria Teresa. 

 

Num determinado período, a urgência da realidade afastou Teresa dos palcos. Foi durante a criação e os primeiros anos de implantação do Centro Cultural São Sebastião Tem Alma, hoje com 18 anos de existência. Era preciso uma dedicação integral, quase uma devoção ao trabalho árduo e cotidiano de tentar alterar o rumo das coisas no litoral paulista. Mais uma vez, quem conhece o território caiçara e suas especificidades vai me entender. Quem não conhece, infelizmente não conseguirá entender. É preciso um mergulho maior – mas fica o convite para fazê-lo, através do trabalho da própria Teresa na cidade de São Sebastião. 

 

Enquanto escrevo esse livro, Teresa prepara um novo espetáculo é um momento delicado, onde as emoções estão à flor da pele, a cabeça a mil, e fica mais difícil desviar sua atenção para outra coisa – no caso, a finalização deste livro! Mas é interessante ver como ela reage no momento tão importante da criação, como as coisas vão se encaixando, se desencaixando, para depois se juntarem novamente. 

 

Na verdade, foi assim meu trabalho na organização deste livro. Juntamente com a Rosi Luna, buscamos fragmentos, informações dispersas, lembranças dela e de outros. E espero que tenhamos conseguido passar um pouco da dimensão da trajetória desta mulher-artista-guerreira, que com seu temperamento forte, sua braveza, seu talento, seu humor nem sempre fácil e sua sensibilidade extraordinária, vem construindo uma das carreiras mais diversificadas e importantes no cenário teatral do Estado de São Paulo.

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