A pesquisadora em teatro e artista egressa do curso técnico de Atuação da SP Escola de Teatro, Beatriz Belintani, publicou recentemente a dramaturgia SÓS: ao cair de mim morrerei vivendo, pela editora La Lettre.
A peça foi escrita e dirigida pela artista em 2021 com a Cia. Queda Livre, na busca por investigar a relação entre teatro e vídeo, entre a presença e o virtual e entre a arte e a vida. O projeto de criação e montagem da peça foi contemplado pelo Edital ProAc Expresso Lei Aldir Blanc e realizou uma temporada online e ao vivo no mesmo ano. O trabalho também participou da Mostra Videográfica do FarOFFa em 2022.
A autora dedica-se à criação, pesquisa e prática nas artes cênicas contemporâneas a partir da relação entre estética e política. Em seus trabalhos, ela investiga narratividades e performatividades com objetivo de propor novas formas de relação e atravessamento que uma obra pode ter com o público.
Nessa publicação, a dramaturga traz a intrigante experiência de três personagens que se encontram presas em uma sala de videoconferência. A comunicação só se dá entre elas e com uma quarta personagem, a própria escritora da peça, a qual provoca as outras de forma desconfortável, questionando-as até o limite.
“Apesar da estratégia duvidosa, proponho um jogo estético e metafórico para que as personagens busquem uma transformação verdadeira em si mesmas. Só assim será possível uma mudança maior: coletiva. Foram questões que me atravessaram durante o isolamento por conta da pandemia. É muito fácil criticar o mundo a nossa volta, difícil é olhar pra si, para as nossas próprias falhas. Tudo tem uma falha e é por aí que a luz entra”, destaca a autora.
Do desejo de publicar (no sentido de tornar público) esse trabalho, nasceu o projeto de financiamento coletivo que contou com a colaboração de 170 pessoas para tornar possível a (r)existência desse livro. “Publicar no Brasil não é fácil, mas graças a essa rede de afeto e apoio, o sonho está se tornando realidade”, completa Beatriz.
Além da criação escrita, para a publicação do projeto, foram criadas e produzidas cápsulas sonoras que podem ser ouvidas junto com a leitura, por Camila Couto. No livro, há um link que dá acesso às faixas. A concepção dessas cápsulas sonoras faz parte da pesquisa que as duas artistas estão desenvolvendo sobre o conceito de dramaturgia expandida. Apesar de não se tratar de um audiolivro, a experiência sonora possibilita a acessibilidade (poética) para pessoas com deficiência visual.
O livro pode ser encontrado para venda no site da editora ou pelo site da própria artista, pelo valor de R$25 (frete não incluso).