Dia 17 de junho, sexta-feira, às 20h, Bárbara Salomé, artista docente de atuação da SP Escola de Teatro, estreia o espetáculo Não Aprendi a Dizer Adeus. As apresentações acontecem na Oficina de Cultura Oswald de Andrade, no Bom Retiro, todas as sextas, 20h, e sábados, 18h, até o dia 2 de julho. Na peça, a atriz interpreta a palhaça Leila simplesmente Leila e utiliza a linguagem divertida da palhaçaria para abordar temas profundos e importantes, que muitas vezes são tabus na nossa sociedade, como a morte e o luto. A entrada é franca.
O espetáculo é dirigido por Rafaela Azevedo e foi idealizada por Bárbara, que além de educadora, também é egressa do curso técnico de humor da SP. Na montagem, a docente buscou trazer para os palcos um pouco de sua pesquisa, na qual investiga a linguagem do palhaço nas relações interpessoais do cotidiano. Tendo isso em vista, em Não Aprendi a Dizer Adeus, o público acompanha a protagonista em seu processo de luto, o qual envolve cinco fases: negação, barganha, raiva, depressão e aceitação.
O experimento cênico recupera os altos e baixos vividos pela mente humana após uma perda significativa e se relaciona muito com a temática estudada pela idealizadora ao longo de sua carreira. Formada em atuação pela UFOP-MG, a artista já atuou em hospitais, asilos, filas de atendimento e comunidades junto com o coletivo Povo Parrir, do qual faz parte. Durante a pandemia, ela também atuou em atendimentos artísticos, nos quais articulava palhaçaria e psicoterapia para lidar com seus clientes.
A concepção do espetáculo veio da própria relação da autora com a morte. Aos cinco anos Bárbara perdeu a irmã para um mal súbito e, desde então, o tema a perseguiu. Nesse contexto, a narrativa da peça foi fruto de suas próprias reflexões e questionamentos:
“A minha primeira experiência de vida é de morte. Essa lacuna sempre me provocou medo, ao mesmo tempo vontade de entendimento, já que os adultos sempre evitavam o assunto”.
A parceria com Rafaela Azevedo foi instantânea, segundo a diretora, o convite veio num momento chave de sua vida, após a perda de seus familiares, e ela acreditou que a possibilidade de elaborar o luto a partir da palhaçaria seria enriquecedora e transformadora.
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“A palhaçaria trata de tudo que é humano. O riso gerado por uma palhaça é a partir da exposição de suas próprias desgraças. Ela exagera, extrapola, inventa sobre a condição humana. Tudo o que é inadequado é próprio de uma palhaça. O medo de lidar com a morte nos gera tanta angústia que pode nos fazer morrer em vida. Que consigamos brincar com ela enquanto estivermos vivos”, comenta Rafaela.