POR MIGUEL ARCANJO PRADO
Especial para SP Escola de Teatro
Os trabalhadores da cultura do Amazonas já sentem os impactos da pandemia do novo coronavírus na economia. O Estado da região Norte do Brasil vem sendo o mais atingido até o momento pela covid-19.
Segundo conta a produtora cultural Wanessa Leal, as ações governamentais de todas as esferas no Amazonas não têm sido suficientes para preservar o sustento dos trabalhadores da economia criativa – cerca de 37 mil profissionais e suas respectivas famílias.
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“Grande parte destes trabalhadores é autônomo, e neste momento encontram-se impossibilitados de exercer sua profissão com condições plenas, como os demais setores da sociedade, salvo as devidas exceções. E alguns desses trabalhadores da cultura nem possuem apoio dos governos do Estado ou do município”, afirma Leal.
Uma ação positiva do governo amazonense foi o edital Fica na Rede, Maninho, para contemplar atividades artísticas digitais. Mesmo assim, segundo a produtora cultural, é preciso criar mais iniciativas neste sentido. “A saúde é prioridade, mas a cultura também é muito importante para a sociedade”, lembra.
FALTAM BANCOS DE DADOS
Também produtora cultural em Manaus, Michelle Andrews diz que os bancos de dados do setor cultural estão desatualizados, o que dificulta a comunicação entre artistas da capital e os que vivem no interior.
“Um banco de dados dos artistas do Amazonas seria fundamental para identificarmos as necessidades da cultura em diversos níveis principalmente em tempos de covid-19”, pontua.
CACHÊ CONSCIENTE EM LIVES
A cantora e compositora amazonense Bel Martini conta que a situação está complicada para os artistas. “Como autônoma, sempre dependi da renda diária dos shows para custear minhas despesas. Com o isolamento social necessário tenho me apoiado em movimentos culturais como o Mobiliza Cultura Amazonas para manter a saúde mental e buscar alternativas para diminuir os impactos econômicos”, conta.
“Estou recorrendo também às redes sociais e toda solidariedade dos fãs, realizando rifas com shows posteriores a quarentena e também lives onde o fã pode doar um cachê consciente”, revela Bel, que diz seguir “aguardando respostas de suporte à classe artística” de todas as esferas governamentais.
CULTURA EM CASA
Assim como outros equipamentos, a SP Escola de Teatro criou uma programação especial na internet para oferecer ao seus seguidores. Assim, está disponível uma série de conteúdos multimídia, como vídeos de espetáculos e de palestras e bate-papos de nomes como as atrizes Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg e Denise Fraga, a monja Coen, a escritora Adélia Prado e o pastor Henrique Vieira, além de cursos gratuitos a distância.
O acervo ainda inclui filmes produzidos pela Escola Livre de Audiovisual (ELA) – iniciativa da Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), gestora da SP Escola de Teatro – em parceria com instituições internacionais, com a Universidade das Artes de Estocolmo (Suécia).