Nesta sexta-feira, 3, às 17h, no Theatro Municipal de São Paulo, estreia o espetáculo Aida, famosa ópera de Giuseppe Verdi, com direção de Bia Lessa. Dividida em quatro atos, a peça é ambientada na antiguidade, durante a guerra entre egípcios e etíopes, e conta a história de um amor improvável entre uma mulher etíope escravizada e o comandante do exército inimigo. Os ingressos podem ser adquiridos no site oficial da instituição (link).
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A releitura brasileira dessa narrativa clássica contará com a participação de influentes grupos musicais da cena brasileira, como: a Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência e direção musical do maestro Roberto Minczuk; o Coral Paulista, sob a regência de Maíra Ferreira; e o Coro Lírico, sob a regência de Mário Zaccaro. Quem interpreta a protagonista é a grande atriz Priscila Olegário, que já faz o papel em muitos palcos europeus como, por exemplo, no Teatro di San Carlo, em Nápoles. A artista também integrou a Accademia Verdiana, no Teatro Regio di Parma, e tem uma longa trajetória no meio musical. Ela é mestre em performance pelo Conservatório Real de Bruxelas e bacharel em Canto Lírico pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo.
Para Roberto Minczuk, maestro da Orquestra Sinfônica Municipal, a realização dessa montagem é uma grande vitória, visto que a estreia tinha sido inicialmente prevista para 2020, no entanto, por conta da pandemia de COVID-19, teve que ser adiada:
“A volta da Aida soa para nós como uma conquista, superamos diversos momentos ruins para poder voltar ao palco com todas as forças. É a primeira grandíssima produção de ópera do Theatro desde a pandemia. Lembrando também que os ensaios da Aida foram as últimas atividades que a nossa colega, a maestrina Naomi Munakata, participou preparando o coral paulistano. Então fazer essa obra acontecer é, em parte, uma grande homenagem à memória dela”.
Segundo Minczuk, a ópera terá proporções gigantescas e será um dos maiores eventos da história da cena brasileira, pois envolve um número expressivo de artistas em cada uma das apresentações. Além disso, a peça recupera um grande gênio musical, que é Verdi, cuja obra aborda temas ainda atuais como a opressão de um povo sobre outro:
“O Egito era uma potência que dominava e oprimia as nações vizinhas, no caso aqui da Etiópia, levando escravos, matando, violentando, estuprando as mulheres, coisas que ligamos a televisão hoje e percebemos isso acontecendo na nossa realidade. Mas, sobretudo, também é uma história de amor, de esperança que nos dá significado e nos faz refletir sobre a questão humana, em todos os aspectos”.
Durante o processo criativo, o grupo procurou construir uma montagem que explicitasse tal relação abusiva de poder. Nesse sentido, o espetáculo traz em detalhes como essa tirania é profunda e resulta o cenário de guerra, no qual os indivíduos são desumanizados. Bia Lessa, diretora de Aida, questiona esse tipo de regime autoritário que se vangloria diante da derrota do outro:
“Na minha opinião, uma vitória em guerra é uma vitória burra, já que não é a que precisamos nesse momento, e sim, criarmos uma humanidade nossa, onde os diferentes possam coexistir mesmo sempre de outras culturas e sociedades. E é isso que eu quero mostrar nas cenas de Aida, um ato de coletividade e compaixão fazendo um paralelo entre o Egito Antigo e os dias atuais.”