A Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), que gere os projetos da SP Escola de Teatro e da MT Escola de Teatro, ciente de sua responsabilidade social, coloca-se como apoiadora dos movimentos de combate às queimadas que afetam, sobretudo, as regiões da Floresta Amazônica e do Pantanal.
Além disso, é importante destacar que os modelos administrativos e de ensino que a Adaap adota são bastante baseados no próprio conceito de ecologia. Longe de pertencer apenas ao reino da biologia, a ecologia, numa compreensão mais ampla, comporta as interações de qualquer organismo com o ambiente em que vive. Nesse sentido, uma escola ecológica é um espaço onde os todos os estudantes têm o mesmo poder de acessar os cursos, estágios, oportunidades de emprego e quaisquer outros territórios econômicos, culturais e simbólicos possíveis. A partir deste princípio, a Adaap, por meio de seus projetos pedagógicos e artísticos, coloca-se como uma teia que conecta pessoas, instituições e todos os territórios do país.
Na entrevista do dia, conversamos com o artista e advogado Flavio Ferreira, diretor do Cine Teatro Cuiabá e ativista reconhecido pela defesa das artes, da cultura brasileira e do meio ambiente.
SP Escola De Teatro: Quem são as pessoas engajadas no projeto Amigos do Pantanal? Como começou a iniciativa?
Flavio Ferreira: As queimadas no Pantanal sensibilizaram grande parte da nossa sociedade, e com nossos artistas não foi diferente. Imediatamente um grupo de artistas e produtores se uniram para inicialmente fazer um apelo às autoridades responsáveis que tomassem as devidas providências para cessar com as queimadas. Vários vídeos foram gravados e divulgados nas redes sociais. Após os vídeos, as pessoas sensibilizadas passaram a se reunir e conversar sobre possíveis alternativas de ajuda ao Pantanal, nascendo assim o coletivo Amigos do Pantanal, que atualmente abrange não somente a classe artística, mas a sociedade em geral. Realizamos uma primeira live no dia 24 de setembro, com a presença de autoridades do governo, artistas, voluntários, entre outros, com o objetivo de mostrar para a sociedade a real situação das queimadas e possíveis soluções.
SP Escola de Teatro: O senhor, como artista e também advogado, tem consciência sobre como a arte e o respeito às legislações ambientais podem ser aliados para ampliar o respeito à natureza, a correta aplicação da lei e a conscientização das pessoas sobre a importância (econômica e cultural) da preservação ambiental. Poderia falar um pouco a respeito dessas duas frentes de ação?
Flavio Ferreira: A arte tem o poder de sensibilizar e proporcionar emoções. Nesse contexto, podemos inserir a importância da arte como mais uma ferramenta do ativismo ambiental; ao confrontar o público com informações desagradáveis, muitas vezes difíceis de serem digeridas, como por exemplo as queimadas no nosso Pantanal. A prática artística dá visibilidade a temas que muitas vezes são abordados pela mídia por uma perspectiva distanciada. A arte e as legislações ambientais podem (e devem) ser aliadas para melhorar a nossa relação com o mundo natural.