A luta antirracista tem pautado o mundo, e ganhou ainda mais força após a onda de fortes protestos nos EUA após o assassinato de George Floyd, homem negro, pelo policial branco Derick Chauvin. Nesta terça (2), personalidades do mundo inteiro aderiram ao #blackouttuesday, postando em protesto uma imagem preta nas redes sociais. A luta antirracista faz parte também da história recente do teatro brasileiro. Lembre a seguir cinco espetáculos que abordaram a temática.
“Cartas à Madame Satã ou Me Desespero sem Notícias Suas”
Protagonizada pelo ator Sidney Santiago Kuanza, a peça da Cia. de Teatro Os Crespos misturou a história de Madame Satã à de um jovem negro que foge da heterossexualidade padrão e que precisa lidar com diariamente com sua solidão e a pressão para ser algo que não é, bem como a sexualização exacerbada de seu corpo. A direção é de Lucélia Sérgio.
“Farinha com Açúcar – Ou Sobre a Sustança de Meninos e Homens”
O projeto do Coletivo Negro encabeçado por Jé Oliveira mergulhou no cotidiano de homens negros heterossexuais nas periferias para traçar um panorama de sua situação de vulnerabilidade social. O espetáculo musical contou com canções dos Racionais MCs e lotou plateias por todo o Brasil, participando do projeto Palco Giratório do Sesc e com passagem emblemática pelo Festival de Teatro de Curitiba.
“Ida”
A peça do Coletivo Negro esmiuçou a situação da mulher negra empoderada, que consegue conquistar a profissão de arquiteta, mas que precisa lidar no seu dia a dia profissional com o racismo estrutural, como quando é pedida para planejar minúsculos quartos de empregadas em projetos arquitetônicos futuros. A montagem com as atrizes Aysha Nascimento e Verônica Santos, que ajudaram na criação dramatúrgica coletiva com texto assinado por Renata Martins e direção de Flávio Rodrigues.
“Madame Satã”
O Grupo dos Dez contou a história da lendária figura da boemia carioca em forma de musical, fazendo as questões raciais dialogarem com o Brasil de hoje. O musical escrito por Marcos Fábio de Faria e Rodrigo Jerônimo, que o dirigiu ao lado de João das Neves e teve ainda direção musical de Bia Nogueira foi indicado ao Prêmio Aplauso Brasil e venceu o Prêmio Arcanjo de Cultura.
“Navalha na Carne Negra”
A versão com atores negros para o texto clássico de Plínio Marcos deu ainda maior potência à história da prostituta agredida pelo cafetão e que conta com a amizade de um jovem gay. A montagem dirigida por José Fernando de Azevedo rendeu o Prêmio Aplauso Brasil de Melhor Ator Coadjuvante para Raphael Garcia e uma indicação ao Prêmio APCA à atriz Lucélia Sergio.
CULTURA EM CASA
Assim como outros equipamentos, a SP Escola de Teatro criou uma programação especial na internet para oferecer ao seus seguidores. Assim, está disponível uma série de conteúdos multimídia, como vídeos de espetáculos e de palestras e bate-papos de nomes como as atrizes Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg e Denise Fraga, a monja Coen, a escritora Adélia Prado e o pastor Henrique Vieira, além de cursos gratuitos a distância.
O acervo ainda inclui filmes produzidos pela Escola Livre de Audiovisual (ELA) – iniciativa da Associação dos Artistas Amigos da Praça (Adaap), gestora da SP Escola de Teatro – em parceria com instituições internacionais, com a Universidade das Artes de Estocolmo (Suécia).