Até o dia 7 de agosto, acontece no Teatro de Contêiner Munguzá a 2ª edição da Mostra Solo Mulheres, evento que reúne mais de 30 atividades artísticas, dentre espetáculos, performances, filmes, videoinstalações, shows, aberturas de processo e oficinas. Na ocasião, 27 artistas mulheres apresentarão espetáculos que abordam múltiplas temáticas, dentre elas, estão as artistas egressas da SP Escola de Teatro: Morgana Olívia Manfrin, Natália Nery e Bárbara Salomé, que também é docente da instituição. Essa edição do projeto busca enaltecer e incentivar a diversidade, dando destaque à trabalhos de mulheres trans, negras, indígenas e deficientes.
Nesta temporada, o evento comemora seu segundo ano, em função da data comemorativa um dos anseios da mostra é salientar a pluralidade de corpos, trazendo para o público novas e diferentes narrativas. Assim, o projeto busca dar mais visibilidade para artistas independentes e promover trabalhos culturais produzidos durante a pandemia. Tati Caltabiano, atriz que é curadora do evento, explica melhor as intenções dessa nova edição, pontuando a importância de estimular e abrir espaço para discutir trabalhos solos protagonizados por mulheres:
“Pretendemos que a mostra preencha um pouco essa lacuna, já que o evento deve se tornar anual a partir de agora. A ideia é abrangermos, a cada ano, mais linguagens e temáticas trazidas pelas mulheres. Esse ano temos trabalhos que abordam racismo estrutural, maternidade, abuso, violência, suicídio e pautas LGBTQIAP+”.
Nesse contexto, Barbará Salomé, artista egressa do curso técnico de humor da SP, provocou o público a refletir sobre o luto com o espetáculo Não Aprendi a Dizer Adeus. Na montagem, Bárbara traz para os palcos um pouco de sua pesquisa, na qual investiga a linguagem do palhaço nas relações interpessoais do cotidiano. Nessa conjuntura, a palhaça Leila simplesmente Leila conversa com a plateia sobre temas profundos e importantes, que muitas vezes são tabus na nossa sociedade, como a morte e o luto.
Além disso, a artista egressa Morgana Olívia Manfrin, em conjunto com o Coletiva Profanas, também foi destaque com as performances: fRuTaS&tRaNs-GRESSÃO: Histórias para Tangerinas e Cavalas-Marinhos e Ritu.1/Penetra! A primeira obra performática, fRuTaS&tRaNs-GRESSÃO, narra um corpo em transição de gênero não binário mostrando como esses depoimentos viram obras de arte. Nesse contexto, a protagonista Tangerine articula diferentes linguagens artísticas para realizar seu talkshow solitário.
Já o espetáculo Ritu.1/Penetra! toma como ponto de partida a tragédia grega de Sófocles para explorar o ‘tempo’ em seu processo de transição hormonal, isso é feito por meio de uma performance de longa duração e extremamente visceral. Na história, o espectador conhece a trajetória da travesti Antígona, uma mulher despossuída de família, mas que luta para poder seguir a tradição.
A Mostra Solo Mulheres acontece até o dia 7 de agosto e conta ainda com a apresentação da artista egressa Natália Nery, no dia 26 de julho, terça-feira, às 20h30. Na performance, Natália articula seu corpo para levar o público a refletir sobre tempo e espaço, confira a sinopse do espetáculo:
“Coração dispara. Coração parece tambor-batedeira- sem marca pulso -1,2,3- Bum. Dilata neurônio. Dilata coração. Pensamento em câmera lenta enquanto coração acelera sem rumo batimento. Corta 1. Corta 2. Corta 3. Silêncio. Na disponibilidade tentando aprender o novo afeto- afetar (ser) e Relacionar [Como é difícil relacionar, ai se você soubesse!] … Acordei sentindo que preciso abrir espaços e deixar as folhas caírem, talvez, para que outras nasçam, para que outras inúmeras possibilidades de afeto possam existir no entre essas vias. Veias. Compreendi que é preciso se despedir para ganhar espaço. Faz um tempo que deixei meu coração se abrir novamente. Tempo.”
A programação completa pode ser conferida e os ingressos estão disponíveis no site oficial do evento: https://linktr.ee/mostrasolomulheres