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100 da semana de 22: O que foi o movimento antropofágico?

Publicado em: 10/01/2022 |

Neste ano comemoram-se 100 anos de um dos encontros mais essenciais e marcantes da história da arte brasileira: A Semana de Arte Moderna de 1922. O evento, que aconteceu entre 13 e 17 de fevereiro no Theatro Municipal de São Paulo, nos fomentou os preceitos modernistas e foi catalisador de diversas iniciativas culturais que ocorriam de forma mais discreta e dispersa no país. Múltiplas correntes artísticas veiculadas nestes três dias transformaram o rumo da cultura brasileira e repercutem até os dias atuais. Até o final de de fevereiro de 2022, a SP Escola de Teatro vai relembrar algumas obras fundamentais de artistas que participaram da Semana de 22, como forma de celebrar o centenário.

O que foi o movimento antropofágico?

As ideias trazidas na Semana de Arte Moderna de 1922 abriram as portas para novas correntes, conceitos e maneiras de se pensar a arte brasileira. Por isso, grandes obras da vanguarda modernista foram desenvolvidas nos anos que seguiram esse evento, como Macunaíma, de Mário de Andrade, um dos livros que representa o modernismo, e foi publicado em 1928.

Imagem da Revista de Antropofagia, uma publicação parte do movimento antropofágico surgida como consequência do Manifesto Antropófago escrito por Oswald de Andrade

Nesse contexto, o conceito de antropofagia foi uma das correntes da vanguarda modernista e tem seu embrião ainda na proposta trabalhada no Manifesto Pau-Brasil (1924), de Oswald de Andrade, na qual o autor  expressa que a cultura brasileira é original e criativa e deve ser exportada, em contraponto aos conceitos de que apenas a cultura europeia era sofisticada. No entanto, a ideia de um movimento antropofágico propriamente dito nasceu quando Tarsila do Amaral presenteou seu então marido, Oswald, com o quadro O Abaporu (1928). O escritor, após contemplar a obra ao lado do amigo e escritor Raul Bopp,  desenvolveu o conceito e nomeou o quadro. Abaporu significa “antropófago” em tupi-guarani, ou seja,  homem que come”. O movimento portanto trabalharia tal conceito de ‘canibalismo’; deglutir o alheio para produzir algo próprio. Em suma, a ideia era basicamente “devorar” essa cultura enriquecida por técnicas importadas e promover uma renovação estética na arte brasileira.

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Em 1919, é publicado o Manifesto Antropófago, escrito por Oswald de Andrade. O texto reaproveita o conceito de antropofagia para elaborar uma metáfora para o processo de transformação artística modernista. Assim como os antropófagos, os artistas deveriam assimilar criticamente as ideias e modelos europeus para produzir algo verdadeiramente nacional: “tupi or not tupi, that is the question”. A ideia de antropofagia reverberou até os anos 1960, quando ocorreu a montagem de O Rei da Vela, pelo Teatro Oficina, e o movimento tropicalista que ocorreu entre 1967-1968. O conceito foi sendo atualizado no decorrer do tempo, e acabou por condensar uma visão de mundo não-eurocêntrica.




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