O Rei da Vela é uma peça de Oswald de Andrade que foi publicada em 1937, no entanto, ela reflete muito do ideário da Semana de Arte Moderna de 1922, propondo uma forma que recupera a temática do movimento antropofágico iniciado pelo autor com o Manifesto Antropófago (1928), além de romper com a estética burguesa.
A peça conta a história de Abelardo I, um agiota que têm o sonho de ascender socialmente, e vê no casamento com a aristocrata Heloísa a oportunidade para tal. Enquanto que a jovem objetiva reverter sua situação econômica através do matrimônio; Oswald de Andrade imprime na história uma crítica às relações de poder traçando um paralelo entre os dois personagens e as transações entre nações imperialistas e colonizadas. Além disso, o autor também apresenta uma sexualidade despudorada que vai contra a moral burguesa, conservadora e reacionária.
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A peça foi montada pela primeira vez apenas três décadas depois de sua publicação, em 1967, pelo Teatro Oficina de São Paulo. Dirigida por José Celso Martinez Corrêa, a montagem utilizou as insubordinações formais e conceituais da peça de Oswald para representar o contexto político conturbado da época. Com Ditadura Militar e na eminência do AI-5, com um cenário expressionista feito por Hélio Eichbauer, um palco giratório e com que tons que exalam a violência, obscenidade e o caráter grotesco da peça original, o Teatro Oficina realiza uma obra inovadora que transforma as artes da cena nacionais e lança as bases para uma nova forma de fazer teatro.
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Oswald de Andrade foi um dos principais idealizadores da Semana de Arte Moderna, ao lado de Anita Malfatti e Mário de Andrade, fundou o movimento modernista. Conheceu as vertentes da arte vanguardista em suas viagens para Europa, as quais teriam grande influência em sua obra, o Manifesto Antropófago, Manifesto da Poesia Pau-Brasil, Memórias Sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande são alguns de seus trabalhos mais conhecidos.